sexta-feira, 22 de outubro de 2010


NOTÍCIAS


Supremo inicia julgamento de cálculo da Cofins na importação

Luiza de Carvalho De Brasília

O Supremo Tribunal Federal (STF) começou o julgamento de uma das mais importantes disputas tributárias entre empresas importadoras e o Fisco. A Corte definirá se o ICMS deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da Cofins pagos no desembaraço aduaneiro de mercadorias. As empresas questionam, desde 2004, a forma de cálculo aplicada pela Receita Federal, que inclui o ICMS na base das contribuições, encarecendo a importação. Por enquanto, os contribuintes contam com um voto favorável da ministra Ellen Gracie, que entendeu ser inconstitucional a inclusão do imposto estadual na fórmula. A ação foi ajuizada pela Fazenda Nacional contra uma decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região que beneficiou a empresa Vernicitec. O julgamento, porém, foi interrompido por um pedido de vista do ministro Dias Toffoli.

Valor Econômico – 21.10.2010


Governo está atento ao aumento das importações, diz Lula

Segundo o presidente, Mantega e Meirelles foram orientados a ficarem atentos '24 horas' para que as medidas sejam definidas no momento certo

Tânia Monteiro, da Agência Estado

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta quarta-feira, 20, que, se necessário, o governo pode tomar medidas para conter as importações. "Pode ter (de tomar medidas). Na hora que o Miguel Jorge (ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) me procurar e disser para mim que as importações estão incomodando, nós iremos tomar medidas. Por enquanto o que ele (ministro) acha é que a gente não tem de diminuir as importações, mas nós temos de contribuir trabalhando para aumentar as nossas exportações", afirmou.

Segundo o presidente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foram orientados a ficarem atentos 24 horas para que as medidas que tiverem que ser tomadas sejam definidas no momento certo. "Nós estamos com a nossa balança comercial razoável, vamos chegar a US$ 195 bilhões de exportações, vamos ter um superávit previsível importante, ou seja, significa que nós apostamos no auge da crise que era preciso mais livre comércio, que era preciso vender mais e comprar mais. Nós somos contra qualquer restrição ao comércio e portanto, o Brasil está se saindo bem. O que eu espero é que os outros países também se saiam bem", afirmou.

OESP – 20.10.2010


De guerras cambiais a guerras comerciais

Vera Thorstensen - O Estado de S.Paulo

A reunião de outubro do FMI, que pretendia dar uma solução à questão das guerras cambiais, acabou em impasse. Tudo foi adiado para a próxima reunião do G-20, em novembro. O problema é que, num mundo de taxas de câmbio flexíveis, quando um peso pesado, como os EUA, cuja moeda é a base do comércio mundial, desvaloriza sua moeda, e outro peso pesado, como a China, mantém sua desvalorização em relação ao dólar por mais de dois anos, obtendo expressivos superávits na balança comercial e acumulando reservas, a questão não é só entre dois países, mas de interesse de todos. O problema não se restringe mais a guerras cambiais, mas se transforma em guerras comerciais, porque países com moedas desvalorizadas estão praticando subsídio em suas exportações e criando barreira tarifária nas suas importações.

Existem várias estimativas de que o câmbio dos EUA e da China está desvalorizado. A consequência é que esses países estão criando distorções para o comércio internacional e tornando inúteis os instrumentos negociados no âmbito do Gatt e da OMC nos últimos 60 anos, uma vez que fluxos de comércio e direitos corretivos não podem ser reajustados para anular as distorções.

Enquanto o FMI discute possíveis soluções para a guerra cambial entre EUA e China, que já se transformou em guerrilhas cambiais entre inúmeros países, os setores afetados perguntam se existem instrumentos na OMC que podem ser usados para corrigir as distorções ao comércio. A resposta é sim! Analisemos o caso da China:

O artigo XV do Gatt estabelece regras sobre arranjos cambiais. O parágrafo XV.4 determina que "as partes contratantes não deverão, por meio de ação sobre o câmbio, frustrar o propósito dos dispositivos do Gatt nem, por ação de comércio, o propósito dos dispositivos dos artigos do Acordo do FMI". Até o momento, nenhum membro da OMC se dispôs a questionar outro membro sobre seus arranjos cambiais. Por que não fazê-lo agora?

O Acordo sobre Valoração Aduaneira estabelece regras para a valoração de bens baseadas no valor da sua transação. Mas permite ajustes no preço em vários casos. O artigo 9 especifica que, quando a conversão da moeda é necessária para a determinação do valor aduaneiro, a taxa de câmbio a ser usada deve ser a devidamente publicada pelas autoridades competentes do país da importação e deve refletir, o mais efetivamente possível, o valor corrente de tal moeda em transações comerciais em termos da moeda do país de importação. Ora, se o próprio FMI afirma que a moeda chinesa está desvalorizada, por que outro membro não pode ajustar o valor de tais importações?

O Acordo de Subsídios estabelece regras para subsídios que são considerados proibidos ou acionáveis. São considerados proibidos os subsídios vinculados ao desempenho da exportação (artigos 3 e 4). O desafio para os advogados é como enquadrar a desvalorização cambial na definição de subsídio, que menciona contribuição financeira do governo que seja vinculada somente à exportação, e não a toda a economia. Outra opção é considerar a desvalorização cambial como subsídio acionável. O acordo estabelece que nenhum membro deve causar, por meio de subsídio, efeito adverso aos interesses de outro membro, isto é, dano à indústria local, ou anulação de benefício, especialmente de concessões tarifárias (artigos 5 e 6). O desafio é como enquadrar a desvalorização cambial na definição de subsídio, que exige que este seja específico a um grupo de indústrias. Mas o que dizer de uma empresa chinesa 100 % exportadora?

O artigo XXIII do Gatt estabelece que, se um membro considerar que algum benefício a ele devido pelo Acordo do Gatt esteja sendo anulado ou prejudicado, ou que qualquer objetivo do Gatt esteja sendo impedido, tal membro pode levar o caso à Solução de Controvérsias da OMC. Um caso pode ser aberto pela falha de um membro em cumprir as obrigações previstas, ou pela aplicação de qualquer medida que esteja anulando ou prejudicando os benefícios esperados por outro. Essas duas hipóteses são conhecidas como disputa com violação ou disputa sem violação. A política cambial chinesa certamente poderá ser enquadrada como um caso de não violação, diante dos sérios prejuízos causados ao comércio internacional.

O Protocolo de Acessão da China à OMC também prevê a utilização do mecanismo de salvaguarda transitória. Tal instrumento só foi utilizado quatro vezes - Índia (2), Turquia e EUA - diante da postura de confronto da China. No entanto, é um instrumento que faz parte da OMC e foi aceito por todos os seus membros, inclusive a China.

Alternativa a ser explorada, no âmbito da legislação brasileira, é o Decreto 4.732, de 10/6/2003, que define as funções da Camex. Dentre elas, compete à Camex (artigo 2-XIV) fixar as alíquotas do Imposto de Importação, atendidas as condições estabelecidas na Lei 3.244, de 14/8/1957. Ora, essa lei, assinada pelo presidente Kubitschek, determina que a alíquota de um produto poderá ser alterada dentro dos limites máximos do respectivo capítulo (artigo 3-e), quando relativa a produto de "país que desvalorizar sua moeda ou conceder subsídio à exportação de forma a frustrar os objetivos da tarifa". Por que não utilizá-lo agora?

A questão cambial não pode ser apenas discutida nas reuniões a portas fechadas do FMI, mas deve ser analisada na própria OMC, uma vez que impacta diretamente o comércio internacional. Ou os efeitos dos desequilíbrios do câmbio são equacionados na OMC, ou as guerras cambiais, convertidas em guerras comerciais, terminarão por abalar o sistema multilateral do comércio. É tempo de a OMC iniciar discussões sobre o impacto do câmbio no comércio, no âmbito de um novo acordo multilateral. Será que a Rodada Doha pode acabar sem ele?

COORDENADORA DO CENTRO DO COMÉRCIO GLOBAL E DO INVESTIMENTO DA EESP-FGV

OESP – 22.10.2010


EUA tentam impor limites aos saldos comerciais de outros países

Proposta americana, às vésperas da reunião do G-20, é uma tentativa de conter o câmbio, mas enfrenta resistência da China e Índia

Cláudia Trevisan ENVIADA ESPECIAL A GYEONGJU COREIA DO SUL - O Estado de S.Paulo

As disputas cambiais que ameaçam se transformar em uma guerra global estarão no centro do encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais das 20 maiores economias do mundo que começa hoje na Coreia do Sul.

Estados Unidos e União Europa devem centrar fogo no nível de desvalorização da moeda chinesa, outro grupo de países, incluindo o Brasil, vai buscar acrescentar ao debate os desequilíbrios criados pela política monetária expansiva americana, que ameaça inundar de dólares os países emergentes, com a consequente pressão sobre suas moedas.

Ontem, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, propôs, em entrevista ao Wall Street Journal, um acordo sobre "normas" de política cambial. Os EUA querem estabelecer metas numéricas sustentáveis para superávits e déficits comerciais.

A medida seria um avanço em relação à promessa feita pelo G-20 em 2009 de limitar o crescimento das exportações em países de rápido crescimento que apresentam superávit, como a China, e reforçar as poupanças nas economias deficitárias ricas, como os EUA. A medida afetaria o jogo de forças internacional, limitando o desequilíbrio entre as economias.

"Estamos explorando a possibilidade de chegarmos a um acordo para manter os desequilíbrios externos em níveis mais sustentáveis", disse Geithner. Em relação às políticas comerciais americanas, os EUA enfrentam pressão de todos os lados. No Congresso, alguns legisladores tentam aprovar leis que castigarão a China por manter a moeda subvalorizada como forma de obter vantagens comerciais.

Resistência. A proposta americana de metas para superávits e déficits comerciais enfrenta resistência. Segundo a Reuters, as propostas não foram bem recebidas pela Índia, pela China e por outras economias emergentes, nem por países como a Alemanha, dona de um grande superávit comercial.

A fonte do G-20 acrescentou que um esboço do comunicado só começaria a ser redigido hoje, após o fim da primeira rodada de reuniões.

"Se os EUA persistirem com essa linha, vamos manifestar nossa oposição", disse a fonte, completando que o comunicado final deve fazer uma referência "contida" às moedas e aos desequilíbrios nas balanças comerciais. A ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, disse que a coordenação atual entre as políticas econômicas deixa a desejar e que a Ásia teve de desempenhar um papel-chave.

Diplomatas afirmaram que Washington estava propondo que os países limitassem a 4% do PIB seu superávit ou déficit comercial. Mas o ministro da Economia da Alemanha, Rainer Brüderle, já disse que se opõe a metas numéricas. O vice-ministro da Economia da Rússia, Dmitri Pankin, também se mostrou cético em relação à iniciativa.

"Os Estados Unidos vão tentar colocar no topo da pauta a questão das taxas de câmbio e dos desequilíbrios na balança comercial, na tentativa de pressionar a China a aceitar alguns compromissos. Na minha opinião, é improvável que isso tenha sucesso", disse Pankin. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

OESP – 22.10.2010


G20 deve evitar usar câmbio para ganho comercial, afirma Geithner

DA REUTERS, EM GYEONGJU
DA EFE, EM GYEONGJU

O G20 precisa evitar políticas cambiais que visem obter competitividade, disse o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, em uma carta aos chefes financeiros do grupo de 20 países emergentes e desenvolvidos.

Geithner também afirmou que os países com moedas subvalorizadas não devem tentar nem valorizá-las nem ficar no caminho de eventuais ganhos, e que o G20 deve visar reduzir seus deficits em conta corrente.

Na mensagem aos ministros do G20 reunidos hoje e amanhã em Gyeongju, na Coreia do Sul, Geithner pede para que "facilitem um reequilíbrio ordenado da demanda global e recusem políticas cambiais para obter competitividade".

Os EUA fixam assim sua postura ao início da reunião de dois dias de Gyeongju na qual o assunto das taxas de câmbio em nível mundial protagonizará os debates, especialmente perante a chamada "guerra de divisas" para conseguir um melhor posicionamento nos mercados internacionais.

A principal disputa é protagonizada pelos EUA, que criticam a China por manter o yuan artificialmente baixo e não de acordo com sua evolução econômica com o objetivo de ganhar competitividade e fortalecer seu motor exportador.

"Alguns mercados emergentes do G20 com divisas significativamente subvalorizadas e reservas adequadas necessitam permitir que suas taxas de câmbio se ajustem totalmente no tempo a níveis coerentes com seus fundamentos econômicos", indica a carta.

Os EUA pedem ao G20 que tente reduzir o risco de uma excessiva volatilidade nos fluxos de capital em economias emergentes com taxas de câmbio flexíveis.

Geithner também propôs que os países do G20 com deficit trabalhem para aumentar suas exportações, enquanto aqueles com superavit consolidado iniciem reformas estruturais, fiscais e em suas políticas cambiais para incentivar fontes de crescimento domésticas e apoiar a demanda global.

O G20 inicia nesta sexta-feira dois dias de reuniões, em Gyeongju, na Coreia do Sul.

Folha de São Paulo – 22.10.2010


G20 Finanças tem início dominado por "guerra cambial"

DA FRANCE PRESSE, EM GYEONGJU

A reunião de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20 teve início nesta sexta-feira em Gyeongju, Coreia do Sul, anunciou o presidente sul-coreano Lee Myung-bak, em um evento dominado pelo temor de uma possível "guerra cambial".

O encontro do G20, que reúne os países ricos e as potências emergentes, foi precedido por uma reunião de uma hora do G7, que não teve comunicado final divulgado.

Antes do início da reunião, os representantes dos Estados Unidos divulgaram uma carta assinada pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner, na qual Washington pede aos países com superavit comercial persistente uma reforma da política cambial para fortalecer o crescimento mundial.

Um projeto de declaração final do encontro do G20 sugere que os países se comprometam a não adotar uma "desvalorização competitiva", segundo a agência de informações econômicas Dow Jones.

"O G20 segue para um sistema de taxas cambiais determinadas pelo mercado", afirma o projeto de comunicado.

Vários países emergentes sofrem atualmente com a desvalorização do dólar, que penaliza suas exportações, já que encarece ao mesmo tempo suas divisas nacionais.

A China mantém o valor do yuan estreitamente vinculado ao do dólar.

Folha de São Paulo – 22.10.2010


Racha no G-20

Celso Ming - O Estado de S.Paulo

O grande acordo proposto pelos Estados Unidos para enfrentar a crise e a guerra cambial não consegue decolar. As maiores autoridades econômicas do mundo divergem abertamente sobre qual tratamento dar aos problemas globais.

A proposta americana começou a circular ontem, à véspera da reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do Grupo dos 20 mais importantes países do mundo, o G-20, que será realizada hoje e amanhã em Gyeongju, na Coreia do Sul.

A ideia foi apresentada pelo secretário do Tesouro americano, Tim Geithner. Ele pretende que as mais importantes economias do mundo aceitem um cronograma de redução dos saldos em conta corrente (contas externas). Se for superávit, seria o de redução; se for déficit, o de aumento dos resultados. O critério técnico proposto é o de atingir um nível sustentável de crescimento e de desempenho comercial. O nível de câmbio seria mera consequência.

Em entrevista concedida ao Wall Street Journal, de Nova York, Geithner reconheceu que, em matéria de política de câmbio, não está claro sobre o que é ou não jogo limpo ("fair"). E disse que o pretendido é "um acordo em torno de um conjunto de normas a serem aplicadas às políticas cambiais".

O grande desequilíbrio hoje é mesmo essa diferença entre despesas e receitas dos países a que se refere Geithner. A consequência são as enormes transferências de recursos, formação de reservas de um lado e de grandes dívidas de outro, que levam à guerra cambial.

Ainda é preciso entender melhor a proposta de Geithner. A impressão inicial é de que o equívoco está em achar que bastam atos de vontade para que os problemas acabem. Ficou sinalizado que essa manobra tem dois alvos: a China e a Alemanha, economias que vêm crescendo graças a suas exportações e, portanto, são dependentes da demanda externa. No fundo, Geithner parece ter por objetivo o alinhamento da maioria dos membros do G-20 contra essas duas nações.

A primeira reação das autoridades da Rússia, da China, da Alemanha e da Índia foi rejeitar a sugestão do secretário. Em declaração à agência Reuters, o vice-ministro das Finanças da Rússia, Dmitry Pankin, por exemplo, advertiu que nada conseguirá andar enquanto os Estados Unidos não cortarem seu rombo orçamentário e o seu banco central (o Federal Reserve) não voltar a apertar os juros.

Mesmo em final de mandato, o governo federal parece ter finalmente entendido que, nessa guerra cambial, a China não é o principal inimigo, mas sim os Estados Unidos, que vêm inundando os mercados, especialmente o brasileiro, com dólares emitidos a partir do nada, derrubando a competitividade do produto nacional.

O ministro Guido Mantega contou que, na conversa telefônica que teve ontem com Geithner, ele assegurou que a política dos Estados Unidos não é de desvalorização, mas de valorização do dólar. Geithner pode estar sendo sincero, mas, em termos práticos, há dois anos acontece o contrário: a moeda americana não para de cair, o que puxa a cotação das outras moedas (inclusive a do real), das commodities e do ouro.

Enfim, este é o clima que permeia a reunião do G-20 que começa hoje e se destina a preparar o encontro de cúpula de chefes de Estado, agendado para 11 e 12 de novembro, em Seul.

OESP – 22.10.2010


Brasil e EUA discutem ação conjunta

Mantega conversou com o secretário do Tesouro Timothy Geithner para propor atuação em busca de um acordo sobre o câmbio no G-20

Adriana Fernandes, Eduardo Rodrigues, Fabio Graner / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Às vésperas do encontro de ministros de Finanças do G-20, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, combinaram aumentar a pressão no grupo para que seja formalizado um acordo que ponha fim à "guerra cambial" em andamento no mundo.

Por telefone, Geithner conversou com Mantega sobre a crise no câmbio, que se acirrou nas últimas semanas e tem levado vários países, entre eles o Brasil, a adotarem medidas intervencionistas para desvalorizar suas moedas. Mantega disse ontem que os EUA precisam colaborar.

Ao relatar o teor da conversa, que ocorreu na quarta-feira, Mantega contou que Geithner garantiu que não pretende permitir a desvalorização do dólar. "Disse a ele que se levar essa posição ao G-20 dando declarações claras de que o dólar não vai ser desvalorizado, podendo até ser valorizado, teremos mais condições de abrir uma negociação."

Dessa forma, disse Mantega, não fica a pressão só em cima dos chineses. "Se não, fica difícil. Desvalorizar o dólar e querer que valorizem o yuan", criticou. O ministro disse que tem "batido muito na tecla" de que o que mais desestabiliza o câmbio mundial é a desvalorização do dólar. "Combinamos que ambos iríamos pressionar para colocar na agenda do G-20 o tema específico da discussão cambial. Chegamos à conclusão de que já há maturidade para seja tratada pelo conjunto dos países e não isoladamente."

Ação coordenada. A conversa com Mantega, que cancelou a ida à reunião dos ministros de Finanças do G-20, ocorreu a pedido do secretário americano. Primeiro a alertar para o risco de uma guerra cambial e comercial de proporção global, Mantega tem defendido junto ao G-20 uma ação coordenada dos países como solução urgente para a crise que, na avaliação do governo, pode se agravar. Sem um acordo, avalia a equipe econômica do Brasil, não haverá solução para o problema no médio prazo e as práticas unilaterais de intervenção no câmbio só tendem a crescer e levar a outras ações de caráter protecionista como forma de defesa econômica.

Na visão das autoridades brasileiras, esse processo só traria danos para a economia mundial. Crítico da política dos EUA de aumentar a emissão de dólares, Mantega tem cobrado do governo americano a adoção de estímulos fiscais para ajudar a aumentar o consumo interno.

Para o ministro, o uso da política fiscal, que esbarra em dificuldades políticas, seria mais eficiente para dar tração à atividade econômica interna nos EUA.

Enquanto defende uma estratégia diferente para os Estados Unidos (e também para a Europa), Mantega tem ensaiado uma aproximação com a China e esta semana elogiou publicamente a decisão do governo chinês de aumentar a taxa de juros pela primeira vez desde 2007.

"Acordo Plaza". O ministro brasileiro apoia no G-20 a realização de uma acordo nos moldes do chamado Acordo Plaza, fechado em 85. Na época, EUA, Japão, Alemanha, França e Reino Unido fecharam um acerto para desvalorizar o dólar de forma coordenada, como resposta aos déficits americanos, evitando uma corrida protecionista na economia mundial.

Geithner passou ao governo brasileiro a mensagem de que não têm uma política de dólar fraco. O desafio técnico sobre o qual aquele país está se debruçando é como promover um afrouxamento monetário para estimular a demanda e sair da estagnação e ao mesmo tempo evitar uma queda livre do dólar.

Embora o governo considere possível um acordo internacional, é consenso que a tarefa é complicada, por conta das duas poderosas forças que têm causado a volatilidade cambial no mundo: a expansão monetária americana e a recusa da China em valorizar a sua moeda.

OESP – 22.10.2010


China ampliará esforços para uso do yuan no sudeste asiático

Segundo o Banco do Povo da China, o objetivo é conter as pressões da apreciação da moeda, da inflação e da entrada de capital em economias emergentes

Cynthia Decloedt, da Agência Estado

PEQUIM - A China irá ampliar os esforços voltados ao uso do yuan nas transações comerciais e cambiais com países do sudeste asiático, para resistir as pressões da apreciação da moeda, inflacionárias e de entrada de capital em economias emergentes, disse o Banco do Povo da China.

A recuperação econômica global permanece lenta e frágil, disse o governador assistente do Banco do Povo da China, Li Dongrong, em nota postada no website do banco. A liquidez global permanecerá ampla e grandes flutuações são possíveis nos fluxos de capital entre fronteiras, observou.

A China também está encorajando o uso do yuan no comércio entre os países da Associação das Nações Asiáticas do Sudeste (Asean), assim como o investimento direto em tais países, disse Li. O governo chinês pretende ampliar os acordos de troca de moedas com os países membros do Asean, acrescentou. A China já possui acordos de troca de divisas com a Malásia, Indonésia e Cingapura, que são do Asean. As informações são da Dow Jones.

OESP – 22.10.2010


País ainda tem ‘várias batalhas’ para melhorar competitividade, diz Coutinho

Presidente do BNDES salienta que setor industrial depende de melhora na infraestrutura e redução dos juros

Ricardo Leopoldo, da Agência Estado

SÃO PAULO - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou nesta sexta-feira, 22, em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que o Brasil ainda tem "várias batalhas à frente" para melhorar a competitividade do setor produtivo industrial. "Precisamos ainda fazer muito para melhorar a qualidade da infraestrutura do País, para reduzir a taxa de juros, para evitar a apreciação cambial lesiva aos interesses de criação de empregos e da capacidade exportadora brasileira", afirmou.

De acordo com Coutinho, o Brasil ainda tem muitas "frentes de avanços a conquistar", embora não seja possível esquecer que, sem a competitividade do setor empresarial, as companhias nacionais não poderão ampliar a presença nos mercados internacionais e resistir ao ingresso agressivo de produtos importados. "É preciso um grande esforço de inovação", disse.

O presidente do BNDES deu as declarações antes do lançamento do Núcleo de Inovação Paulista, em parceria com Sesi, Senai-SP, Sebrae-SP e Secretaria de Desenvolvimento do Estado. O objetivo núcleo é "aumentar a competitividade dos produtos brasileiros e conscientizar 30 mil empresas a investirem em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação".

OESP – 22.10.2010


Estivadores temporários começam a trabalhar no Porto de Santos

Samuel Rodrigues

Pelo menos 40 trabalhadores, dos 250 aprovados no processo seletivo realizado pelo Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) de Santos para a estivagem de açúcar ensacado, já começaram a trabalhar no Porto. Eles vêm sendo escalados há uma semana, pois possuíam o curso de Procedimento Operacional Padrão (POP) ministrado pelo Centro de Excelência Portuária (Cenep) antes mesmo de participarem do concurso.

O assunto foi debatido na última reunião do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Santos, na terça-feira passada. O colegiado iniciou a discussão para contratação emergencial de trabalhadores portuários avulsos (TPAs), a fim de atender ao crescimento extraordinário das operações de açúcar no cais santista.

Conforme acordado em convenção coletiva, os 250 novos estivadores terão que trabalhar exclusivamente com açúcar ensacado por um ano. Pretende-se, assim, suprir uma falta pontual de mão de obra para o serviço. O problema chegou a paralisar operações de embarque ao longo dos últimos meses, o que foi alvo de críticas dos empresários do Porto.

Todos os selecionados precisam passar por treinamento para estarem aptos ao serviço. Aqueles que já possuíam curso na área pularam uma etapa e, por isso, já estão à disposição dos operadores portuários. Até o momento, um total de 140 homens recebeu treinamento. Os 110 demais começarão o curso no próximo dia 28.

Estes trabalhadores ingressam na escala eletrônica como cadastrados (os chamados bagrinhos). Eles disputam os serviços não atendidos pelos avulsos registrados, que têm prioridade na escolha.

A Tribuna – 21.10.2010


Financiamento do comércio volta a atingir níveis positivos após crise, diz OMC

DA EFE, EM GENEBRA

Dois anos depois do início da crise econômica mundial, o financiamento do comércio voltou a atingir níveis relativamente positivos, apesar de a recuperação não ser equilibrada.

Essa conclusão se deu em reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio), da qual participaram o diretor-geral da entidade, Pascal Lamy, e representantes dos bancos regionais de desenvolvimento e dos principais bancos privados mundiais, tais como HSBC, UBS, Royal Bank of Scotland, Bank of Tokyo-Mitsubishi, Citybank, BNP Paribas e D.Morgan.

Segundo as discussões do encontro, a liquidez voltou e os países desenvolvidos de América do Norte, Europa Ocidental e algumas nações da Ásia recuperaram os níveis de financiamento comercial anteriores à crise, algo que não sucedeu com outras nações menos favorecidas.

Países como Paquistão e Vietnã, na Ásia, algumas nações da Europa Oriental e a maioria das da América Central e da África não conseguem obter créditos para financiar o comércio, um dos setores que gera menos riscos, como se constatou no encontro, já que apenas 0,002% dos empréstimos para financiar o comércio não são pagos.

Folha de São Paulo – 22.10.2010

LEGISLAÇÃO


SISCOMEX/RADAR

ORDEM DE SERVIÇO IRF/SPO nº 6, DE 20 DE OUTUBRO DE 2010 - DOU 22.10.2010
Dispõe sobre a entrega de documentos relativos aos procedimentos de habilitação de usuários junto ao SISCOMEX/RADAR.

Para acessar esta Ordem, clique 1 e 2.


NORMAM-08/DPC

PORTARIA nº 223/DPC, DE 19 DE AGOSTO DE 2010 - DOU 22.10.2010
Altera as Normas da Autoridade Marítima para Tráfego e Permanência de Embarcações em Águas Jurisdicionais Brasileiras - NORMAM-08/DPC.

Para acessar esta Portaria, clique aqui.


IR – US$

ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO COSIT nº 32, DE 19 DE OUTUBRO DE 2010
DOU 22.10.2010
Divulga o valor do dólar dos Estados Unidos da América para efeito da apuração da base de cálculo do imposto sobre a renda, no caso de rendimentos recebidos de fontes situadas no exterior, no mês de novembro de 2010.

Para acessar este Ato, clique aqui.


INMETRO - EPI - LUVA ISOLANTE DE BORACHA

PORTARIA INMETRO nº 409, DE 20 DE OUTUBRO DE 2010 - DOU 22.10.2010
Dá nova redação aos artigos 4º e 5º da Portaria Inmetro n.º 229/2009.

Para acessar esta Portaria, clique aqui.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010


NOTÍCIAS


Banco Mundial vê necessidade de coordenação global para câmbio

DA REUTERS

A vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Pamela Cox, afirmou nesta quinta-feira que é preciso uma coordenação global para resolver a questão do câmbio e que a pressão em moedas emergentes continuará até que o atual desequilíbrio econômico global seja resolvido.

"Há vários instrumentos que os países podem usar --alta de impostos no Brasil e elevação do juro na China são dois--, mas nós precisamos de uma solução mais coordenada globalmente", disse Cox, durante participação no chat do Trading Brazil, comunidade da Thomson Reuters para o mercado financeiro.

Ela argumentou que hoje existe um desequilíbrio, com forte expansão em países como o Brasil, enquanto nações ricas estão atrasando o crescimento.

"Este desequilíbrio está levando o Brasil e outros mercados emergentes a atraírem fluxo de capital, colocando mais pressão em suas taxas de câmbio."

Sobre a possibilidade de novas políticas de "quantitative easing" em economias desenvolvidas gerar inflação e mais dor de cabeça para moedas emergentes, Pamela Cox disse que "quando esses países reduzem os juros, o dinheiro flui para países com taxas maiores e oportunidades de investimentos --como está acontecendo agora".

E acrescentou que outras nações na América Latina também estão sentindo a pressão. "Isso é resultado do sucesso deles em sair da crise e com forte crescimento, o que também é uma coisa boa."

Questionada se o rali em moedas de emergentes e da América Latina irá continuar, ela respondeu: "no curto prazo, até nós resolvermos os desequilíbrios globais".

"Vamos ver o que sai sobre isso de Seul", disse, referindo-se à reunião dos líderes de Finanças dos países do G20, que acontece a partir de sexta-feira na Coreia do Sul.

ELEIÇÕES E 2011

A executiva do Banco Mundial disse que o Brasil tem uma série de desafios no médio prazo no que diz respeito a melhorar a competitividade.

"Mais investimentos em infraestrutura são necessários, combinados com mais investimentos em pessoas --educação e conhecimento-- para garantir que estes não se transformem em gargalos maiores."

Outra área apontada por Pamela Cox é a tributação, com maior eficiência. "Enquanto muitos na América Latina têm muito pouco imposto, as taxas do Brasil são elevadas."

Ela avaliou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez grandes progressos no investimento em pessoas e na expansão da infraestrutura. "Mas ainda há muito a ser feito, especialmente em relação às altas taxas de crescimento."

E acrescentou: "nós aguardamos que o próximo governo garanta que o Brasil mantenha estas ótimas taxas de crescimento". De acordo com Pamela Cox, o Bird prevê expansão de 7% este ano para a economia brasileira.

Folha de São Paulo – 21.10.2010

NOTÍCIAS


Substituição de exportações

Marcelo Coutinho - O Estado de S.Paulo

Em decorrência da crise de 1929 e da 2.ª Guerra Mundial, o Brasil e a América Latina (AL) aproveitaram a circunstância de isolamento internacional gerada pelos distúrbios nos países ricos para se desenvolver. De algum modo vivemos hoje o inverso daquele período, reconhecido por nossa forte industrialização, apoiada na política de substituição de importações. Nos anos dourados, a independência nacional estava associada ao crescimento da indústria. A especialização na exportação de commodities, como o café, era vista como um dos principais elementos do subdesenvolvimento e da dependência externa. Até hoje há pouquíssimos exemplos de países primário-exportadores plenamente desenvolvidos, como a Austrália.

Como no passado, sobrevivemos à crise econômica global recente graças ao mercado doméstico. Mas, em vez de oportunidade para ganhar mercados no exterior, essa crise aprofundou uma tendência de desindustrialização verificada no perfil das nossas exportações e no peso relativo na produção mundial. Ao contrário da crise dos anos 30, que enfraqueceu os setores agrários, possibilitando uma mudança política modernizadora, a crise de 2008 abateu a indústria e não estimulou o aparecimento de novos grupos sociais. O parque industrial de países como o México se deteriorou nos últimos 20 anos. No caso brasileiro esse processo é mais recente e pode ser observado com mais clareza a partir de 2009. A indústria do País só cresce hoje comparada à recessão do ano passado. Perdemos mercados sobretudo para competidores asiáticos. Pela primeira vez em 32 anos voltamos a exportar mais bens básicos que manufaturados.

As sucessivas quedas no saldo comercial deixaram o Brasil pendurado nos investimentos externos, ou seja, aumentaram a dependência financeira internacional do País, cujo juro mais alto do planeta continua atraindo especuladores em tempos de liquidez mundial. Não à toa, a dívida pública cresce agora atrelada justamente aos juros, e não mais ao dólar, cuja queda acentuada tem baixado muito a competitividade da indústria nacional. O que ainda segura nosso balanço de pagamentos é principalmente a conta de capital, tendo em vista que acumulamos seguidos e cada vez maiores déficits nas transações correntes. A tibieza de nossas exportações, voltadas progressivamente para os sucessores do café, sugere que entramos numa nova fase: a da desindustrialização por substituição de exportações.

Haveria razões políticas e econômicas para o Brasil entrar neste processo. Primeiro, o aumento na venda de commodities ao exterior serve para viabilizar a ampliação do consumo doméstico, atrair capitais e preservar o ambiente de estabilidade. Segundo, substituir a venda de produtos industriais por mercados primários ajudaria a acomodar as relações sul-sul com outros grandes países emergentes, harmonizando interesses políticos internacionais.

Nos anos 50 os latino-americanos buscaram o seu próprio paradigma econômico e fizeram história. Uma vez que a economia do Brasil já é bastante complexa, seria um erro imaginar que a saída é voltarmos a adotar o nacional-desenvolvimentismo. Um substituto natural seria o regional-desenvolvimentismo, integrando as cadeias produtivas e o comércio dentro da AL, o maior mercado para os nossos bens industriais. Mas mesmo este, embora necessário, já não parece suficiente como há 20 anos, em face dos desafios contemporâneos trazidos por gigantescas economias de escala na Ásia. Não há solução fácil. Como no século 20, teremos de inventar algo que passe pela formação de uma aliança política que vise a assegurar as condições de competição da nossa indústria. Como vantagem, não será preciso montar essa coalizão em detrimento da agroindústria e da mineração nacional, que estão entre as melhores do mundo. Os interesses urbanos e rurais já não entram em choque como há 70 anos. Devemos, assim, descobrir uma maneira de tornar manufaturados intensivos em tecnologia e emprego mais lucrativos. Será isso ou abdicar de consideráveis fatias da indústria brasileira.

PROFESSOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ)

OESP – 21.10.2010


União amplia cobertura do seguro de crédito à exportação

Christina Machado
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Diário Oficial da União publicou hoje (20) decreto que amplia a cobertura do seguro de crédito à exportação (SCE). Também foram alterados prazos para que os exportadores peçam garantias nas operações de pedido de financiamento.

Agora, a participação da União nas perdas líquidas definitivas dos segurados passa de 90% para 95%, em caso de seguro contra risco comercial, e de 95% para 100%, nos casos de risco político e extraordinário e nas operações financiadas que contenham garantia bancária.

O decreto também altera o prazo para que a impossibilidade de embarque ou prestação de serviços por micro, pequenas e médias empresas seja considerado sinistro. O prazo para que as empresas acessem o seguro, no caso de a operação não se realizar até a data prevista, passa de 180 dias para 60 dias.

Nos casos de risco de fabricação, a garantia incide sobre o valor dos financiamentos acrescidos dos juros de mora verificados entre a data do não pagamento e a data da indenização. Até então, a garantia incidia apenas sobre o valor dos financiamentos.

Edição: Lana Cristina

Agência Brasil – 20.10.2010


Secex divulga portaria sobre casos de triangulação

Foi publicado, na edição desta quarta-feira (20/10), do Diário Oficial da União (DOU), a Portaria nº 21 da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que trata da extensão das medidas antidumping contra práticas elisivas para os casos denominados de triangulação ou circumvention.

A medida complementa a Resolução nº 63 da Câmara de Comércio Exterior (Camex) e detalha os critérios dos procedimentos investigativos que ficarão sobre competência do Departamento de Defesa Comercial (Decom) da Secex. A portaria define o prazo de seis meses para encerramento das investigações, com ressalva para casos excepcionais em que o prazo será de nove meses. Durante todo o processo investigativo, será garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa entre todas as partes.

Quanto à petição para abertura de investigação, o documento da Secex informa que ela deverá ser apresentada com indícios e descrição pormenorizada da alegada prática elisiva, indicando o país de exportação do produto ou das partes, peças ou componentes importados e, sempre que possível, as empresas produtoras ou exportadoras, as empresas importadoras ou responsáveis pela industrialização. O prazo para anúncio da decisão sobre a abertura ou não das investigações, ou então para pedido de informações complementares, será de trinta dias a partir da data de protocolo da petição.

Triangulação

Denominam-se casos de triangulação aqueles em que, após aplicação de uma medida de antidumping contra um determinado país, verifica-se a revenda do produto objeto, com pequenas alterações, procedentes de outros países. Estas práticas também dizem respeito a situações em que ocorre a mera montagem, em terceiro país, com partes, peças ou componentes do país sujeito à medida de defesa comercial ou ainda quando esta mera montagem seja realizada no Brasil.

É importante ressaltar que, para comprovar estas práticas elisivas, é necessário que haja alteração nos fluxos comerciais após o início do procedimento que resultou na aplicação de medida de defesa comercial. Também terá que ser demonstrado que o preço de importação do produto associado ao volume importado torna a medida comercial sem efeito. Além disto, o preço do produto exportado ou comercializado para o Brasil deve ser inferior ao valor normal apurado na investigação que embasou a medida antidumping.

MDIC – 20.10.2010


Serra descarta uma 'porrada' no câmbio, dizem assessores

FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO

Assessores de José Serra (PSDB) afirmam que o candidato a presidente descarta uma "porrada" no câmbio para conter a valorização do real, que estaria "triturando" o setor exportador nacional.

Segundo esses colaboradores, Serra considera que o regime de câmbio flutuante seja o melhor para o país.

O candidato não desejaria também nenhum tipo de controle cambial para impedir que dólares de especuladores inundem o mercado, como vem ocorrendo. É isso o que deprime o valor da moeda norte-americana.

Anteontem, Serra declarou no Rio que, se eleito, as mudanças econômicas seriam "amplas". Tanto do ponto de vista da política econômica quanto de equipe e em relação a gastos.

Seus assessores acham que o real valorizado deve ser combatido, principalmente, com corte de gastos públicos.

Isso permitiria ao governo reduzir o juro que o Banco Central pratica para conter a inflação, e que é um poderoso atrativo para o capital externo especulativo.

Como as maiores economias do mundo têm hoje atividade e juros muito baixos, o capital internacional procura países com juros elevados (como o Brasil) para aplicar um dinheiro que tomam a custo quase zero lá fora.

A redução de gastos incluiria, entre outras medidas: aglutinação de vários programas hoje dispersos (um "samba do crioulo doido", diz um assessor); redução drástica de cargos comissionados ("hoje ocupados por sindicalistas e apadrinhados"), transformando parte deles em cargos de carreira; e até diminuição do número de secretarias e ministérios.

Serra manteria a promessa de aumentar as despesas na área social, compensando os gastos adicionais com cortes em outros setores.

Além da redução nas despesas públicas, o setor exportador seria beneficiado com cortes em seus custos.

Um assessor cita, por exemplo, preços de energia elétrica, gás e petróleo para o setor industrial. No caso da energia, o que se estuda é a diminuição de impostos.

Outro ponto seria uma agressiva política para conter importações fraudulentas, especialmente da China.

O Banco Central também teria um papel mais atuante no dia a dia do câmbio, não apenas comprando os excessos de dólares e os incorporando às suas reservas.

Outro colaborador cita como exemplo a ser seguido a atuação do ex-presidente do BC na gestão FHC, Armínio Fraga. "Ele chegou até a atuar pessoalmente no mercado contra especuladores."

Na política econômica, a mudança essencial seria coordenar a ação das várias áreas do governo.

Um colaborador diz que o país não tem hoje política econômica. "O que há é só uma política de juros."

Ele cita, por exemplo, o fato de, no início do ano, o BC ter ameaçado aumentar os juros para segurar a economia enquanto Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal pisavam no acelerador da concessão de crédito.

"Banco do Brasil, CEF e BNDES expandem o crédito como malucos e completamente descoordenados em relação ao Banco Central", diz o assessor.

Ainda sobre o BNDES, a campanha de Serra não descarta manter juros subsidiados para o setor produtivo.

"O que não queremos é usar esse tipo de instrumento para financiar a compra de uma empresa por outra", diz o colaborador.

Folha de São Paulo – 21.10.2010


Dólar cai menos no Brasil do que no resto do mundo

Moeda americana se desvalorizou ontem em vários mercados; perda foi de 0,65% ante o real e de 1,36% em relação ao euro

Leandro Modé - O Estado de S.Paulo

Embora o dólar tenha caído ontem diante do real - 0,65%, para R$ 1,675 -, profissionais do mercado financeiro afirmam que as novas medidas do governo para conter a alta da moeda brasileira, anunciadas na noite de segunda-feira, voltaram a ter impacto no câmbio. O argumento é o de que, no mundo todo, o dólar teve fortes perdas.

No fim da tarde, o euro, por exemplo, subia 1,36% ante a moeda americana. O dólar canadense avançou 1,13% e o australiano, 1,80%. Esses dois países estão no grupo chamado de "commodity currencies". Ou seja, são grandes exportadores de commodities, como o Brasil.

"As medidas do governo fizeram o dólar se desvalorizar menos aqui", afirmou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel. "Mas é preciso acompanhar por mais tempo para saber se esse efeito vai continuar."

No mercado futuro, também já houve mudança de posições. Na terça-feira, a aposta de estrangeiros na valorização do real recuou para US$ 13 bilhões (de Us$ 15 bilhões) na BM&FBovespa. Em compensação, os bancos elevaram, na mesma magnitude, a aposta na alta do real no mercado à vista (agora estão com US$ 13 bilhões). Em geral, eles têm posições exatamente opostas no mercado futuro, para evitar o chamado "descasamento".

Lá fora. Para Battistel, a tendência para o dólar no Brasil vai depender mais do cenário externo do que interno. "Esse é o grande problema que eu vejo na política do governo: resolveu atuar agora, quando o dólar perde valor no mundo todo", afirmou. "Por que não interveio mais fortemente quando o real estava destoando do resto?" No ano passado, a moeda brasileira foi a que mais se valorizou ante o dólar.

Dados divulgados pelo Banco Central (BC) mostram que o fluxo cambial foi positivo em US$ 2,4 bilhões na primeira quinzena de outubro. No mesmo período, as reservas internacionais engordaram em US$ 4,2 bilhões. Ou seja, o BC comprou mais do que as "sobras". Em 2010, essa tem sido a tônica da estratégia. Nos anos anteriores, o BC costuma comprar apenas a "sobra" de moeda americana.
Segundo o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, essas informações comprovam que "não adianta o BC reforçar as compras diárias da moeda para tentar conter a valorização do real enquanto deixar o fluxo cambial entrar livremente no País". Na terça-feira, as reservas internacionais estavam em quase US$ 282 bilhões.

Para Gonçalves, a elevação do IOF (tanto para aplicações de renda fixa como nas margens de operações dos mercados futuros) ajuda a limitar de certa forma o ingresso de recursos. Tanto que, observa, o fluxo financeiro já foi negativo em US$ 180,55 milhões na terceira semana do mês (de 11 a 15), período já sob o efeito do primeiro aumento do IOF (de 2% para 4% na renda fixa a partir do dia 5).

Para um analista que pediu para não ser identificado, o mercado já tem diversas alternativas para burlar as medidas do governo. Por isso, ele avalia que, no médio e longo prazos, a tendência ainda é de valorização do real - a exemplo de outras moedas emergentes. Só que em ritmo provavelmente mais lento do que antes. Isso porque, argumenta, as medidas, de alguma forma, colocam obstáculos à atuação dos estrangeiros. / COLABOROU SILVANA ROCHA

A batalha do câmbio

MÁRIO BATTISTEL
GERENTE DE CÂMBIO DA FAIR CORRETORA

"As medidas do governo fizeram o dólar se desvalorizar menos aqui (ontem). Mas é preciso acompanhar por mais tempo para saber se esse efeito vai continuar."

JOSÉ FRANCISCO DE LIMA GONÇALVES
ECONOMISTA DO BANCO FATOR

"Não adianta o Banco Central reforçar as compras diárias da moeda para tentar conter a valorização do real enquanto deixar o fluxo cambial entrar livremente no País."

OESP – 21.10.2010


Exportador terá proteção cambial

O governo reforçou a proteção ao setor exportador e decidiu cobrir a totalidade do prejuízo das empresas que tiverem seus contratos de venda ao exterior cancelados. O compromisso é bancar em 100% as perdas líquidas dos exportadores nos casos de risco político e nas operações financiadas que contenham garantia bancária, além de proteger micro, pequenas e médias empresas exportadoras. A garantia anterior nesses casos era de 95%.

O setor vem enfrentando dificuldades em recuperar mercados tradicionais, como os EUA e a União Europeia, além das incertezas no mercado internacional diante da posição dos países de adotar medidas contra excessiva desvalorização do dólar.

A decisão de cobrir eventuais perdas comerciais foi implementada por meio de um decreto, publicado no Diário Oficial da União, que circulou ontem. O governo decidiu ampliar a cobertura do Seguro de Crédito à Exportação e alterou alguns prazos para que os exportadores solicitem as garantias nessas operações. /

EDUARDO RODRIGUES

OESP – 21.10.2010

Repórter de finanças da Folha fala hoje, às 16h30, sobre valorização do Real

DE SÃO PAULO

O jornalista Toni Sciarretta, 37, repórter de Finanças da Folha, participa de bate-papo nesta quinta-feira, às 16h30, sobre as medidas do governo federal para tentar conter a alta do Real.

Na última segunda-feira, o governo voltou a aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), de 4% para 6%, sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa no país. A taxação já havia sido elevada de 2% para 4% no último dia 4.

Toni Sciarretta foi editor de Economia da Folha.com e produtor de pauta dos telejornais noturnos da TV Bandeirantes. Jornalista pela USP (Universidade de São Paulo), estudou economia internacional na London School of Economics. Está na Folha desde 1997.

Bate-papo

Os bate-papos com jornalistas da Folha são abertos ao público em geral, mesmo para quem não é assinante da jornal ou do UOL. Para participar, basta estar conectado à internet e acessar o site da Folha.com, no www.folha.com.br.

Do site da Folha.com, o internauta é levado para seção de bate-papos do UOL. O internauta tem, então, que digitar um "pseudônimo", o nome pelo qual aparecerá na sala, e seguir os procedimentos de segurança do UOL para entrar no chat.

Folha de São Paulo – 21.10.2010


Preocupação com câmbio leva Mantega a conversar com secretário do Tesouro norte-americano

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A preocupação com o câmbio e a economia mundial levaram o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a ter uma longa conversa com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner. A conversa ocorreu ontem (20) e foi confirmada agora há pouco por fontes do Ministério da Fazenda.

Mantega, que já tinha destacado a importância de se discutir os desequilíbrios cambiais durante a reunião do G20, não deve participar da reunião preparatória de ministros de Finanças e Economia. Ele deve acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião de chefes de Estado do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, no próximo mês, em Seul, na Coreia do Sul.

A questão cambial é o grande problema da economia global nos últimos dias. Países emergentes, como o Brasil, têm adotado medidas para tentar proteger suas moedas. Recentemente, o governo anunciou a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que passou de 4% para 6% sobre investimentos de estrangeiros em renda fixa. O governo também aumentou de 0,38% para 6% a alíquota do IOF cobrado sobre a margem de garantia dos investimentos estrangeiros no mercado futuro.

Ontem (20), o Conselho Monetário Nacional (CMN) também anunciou medidas para tentar impedir possíveis brechas que poderiam ser utilizadas para driblar o aumento da alíquota do IOF nos investimentos externos em operações de renda fixa.

Edição: Lílian Beraldo

Agência Brasil – 21.10.2010

G20 buscará consenso para frear volatilidade no mercado de divisas

DA EFE, EM SEUL

Os ministros de Finanças e diretores de bancos centrais do G20 (Grupo dos Vinte, que reúne os países ricos e os principais emergentes) se reúnem a partir desta sexta-feira (22), ao longo de dois dias, na cidade sul-coreana de Gyeongju para debater medidas para frear a volatilidade das divisas.

Além de preparar a cúpula dos chefes de Estado e de governo do G20, que será realizada nos dias 11 e 12 de novembro em Seul, a reunião de Gyeongju tentará servir para evitar movimentos bruscos nas taxas de câmbio que provocam desequilíbrios na economia mundial.

A chamada "guerra de divisas" é vista como um foco de instabilidade em plena recuperação, já que faz com que alguns países ganhem competitividade nos mercados mediante a desvalorização de sua moeda.

Estados Unidos criticam à China por manter o yuan artificialmente baixo para favorecer suas exportações, enquanto países como o Japão serão obrigados a intervir no mercado de maneira extraordinária para colocar freio à valorização de sua moeda.

O dólar experimentou uma perda de valor diante das moderadas previsões de recuperação da primeira economia mundial e pela possibilidade de o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) aprove novas medidas de flexibilização monetária.

O alcance de um consenso entre o grupo das grandes economias, lideradas pelos Estados Unidos, Europa e Japão, frente à postura dos países emergentes como China e Brasil, será chave para assentar as bases para a cúpula de Seul, que procura consolidar um marco para a recuperação da economia mundial.

Já o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, se mostra a favor de um dólar forte, enquanto pediu a Pequim que permita a apreciação do yuan.

China anunciou na terça-feira uma alta das taxas de juros, o que é interpretado como um sinal a favor de que sua moeda se aprecie de acordo com a evolução de sua economia.

Outro assunto que será tratado no complexo hoteleiro de Gyeongju será a reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional), que gera controvérsia diante da mudança no equilíbrio de poder na instituição a favor dos países em desenvolvimento.

Ao longo dos dois dias também serão discutidas a saúde fiscal e as medidas para vigiar melhor os riscos na economia e alcançar um crescimento estável, sustentado e equilibrado.

Neste sentido os participantes, entre os quais aparece como país convidado a Espanha, representado pela ministra da Economia, Elena Salgado, falarão da imposição de medidas mais estritas no setor financeiro para evitar repetir a crise suscitada em 2008.

Na cúpula de Seul, na qual o presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, será o anfitrião, o G20 espera consolidar-se como o fórum de discussão mundial com a união das vozes dos países ricos e as economias emergentes.

O G20 é formado pelos sete países mais industrializados (EUA, Reino Unido, Canadá, Itália, França, Alemanha e Japão) junto com Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia e a Presidência da UE (União Europeia).

Folha de São Paulo – 21.10.2010


PIB chinês tem menor avanço em um ano

DA REUTERS, EM PEQUIM

O crescimento econômico da China desacelerou no terceiro trimestre, enquanto a inflação acelerou ligeiramente em setembro, mostrando que a segunda maior economia do mundo está forte, mas longe de um superaquecimento. Os dados também sugerem que a surpreende alta de juro no país desta semana pode ser, por ora, suficiente.

O PIB (Produto Interno Bruto) subiu 9,6% sobre o terceiro trimestre de 2009, abaixo da expansão de 10,3% registrada no segundo trimestre. Analistas previam uma taxa de 9,5%.

Grande parte do arrefecimento pode ser explicado por uma maior base de comparação, já que no ano passado a China estava se recuperando da crise financeira global. Também é um bom resultado para o governo, que tem gradualmente retirado os estímulos monetários e fiscais.

A inflação na comparação anual acelerou para 3,6% em setembro, máxima em 23 meses, em linha com as previsões.

A expansão da produção industrial desacelerou para 13,3% na comparação anual, a menor taxa em 13 meses e abaixo da expectativa do mercado de 13,6%.

Folha de São Paulo – 21.10.2010


Setor de serviços perde força na zona do euro

DA REUTERS, EM LONDRES

A recuperação do setor de serviços da zona do euro perdeu força neste mês, quando uma maior atividade na Alemanha foi contrabalançada por um arrefecimento na França.

O índice Markit do setor de serviços da região caiu para 53,2 na leitura preliminar de outubro, comparado a 54,1 em setembro. Foi a menor leitura desde fevereiro.

O indicador do setor manufatureiro, por outro lado, subiu para 54,1 no dado preliminar deste mês, ante 53,7 em setembro, contrariando a previsão do mercado de queda para 53,2.

O componente de produção caiu para 53,8 em outubro, contra 54 em setembro.

Folha de São Paulo – 21.10.2010


Falta consertar o Mercosul

O chanceler Celso Amorim continua a propor planos grandiosos para um Mercosul emperrado, prejudicado por barreiras internas e incapaz, até hoje, de concluir nem um acordo sequer com um parceiro do mundo desenvolvido. "Quando se trata de Mercosul, temos a obrigação de pensar grande", proclamou o ministro em Montevidéu, na segunda-feira, numa reunião do Parlamento do bloco. Esse Parlamento nem chega a ser um órgão decorativo, porque objetos de decoração têm alguma utilidade e ele não tem nenhuma. Mas o chanceler brasileiro e seus colegas argentino, paraguaio e uruguaio combinaram torná-lo uma peça importante da integração regional, com representantes eleitos diretamente pelos cidadãos e agrupados em bancadas proporcionais ao peso demográfico de cada país-membro. "Nossa proposta", disse o ministro Amorim, "é construir um plano de ação para ampliar e aprofundar os elementos de uma cidadania regional nos próximos 10 anos." Ele se referia aos objetivos do governo brasileiro na presidência pro tempore do bloco.

Os membros do Parlamento do Mercosul são congressistas indicados pelo Poder Legislativo de cada país-membro. Fazem discursos e figuração política, mas são irrelevantes para a administração do bloco. Não há por que atribuir-lhes um papel mais importante, por enquanto. Nem haverá, por muito tempo, se os fundamentos econômicos da integração continuarem tão incompletos e tão frágeis quanto têm sido até agora.

O próprio chanceler Amorim mencionou uma lista de tarefas essenciais e inacabadas. Os quatro governos formalizaram há pouco tempo a decisão de eliminar a dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC), uma das aberrações do Mercosul.

O bloco é oficialmente uma união aduaneira, mas ainda carece de uma tarifa comum digna desse nome. Produtos desembarcados num país e transferidos a outro são tributados duas vezes. "Optamos por uma implementação gradual, com a segurança e a previsibilidade desejadas por todos os Estados partes", disse o ministro, referindo-se à tributação em uma só etapa. O compromisso de "implementação gradual" denuncia o tamanho da distorção e a dificuldade de eliminá-la.

Mas também existem as exceções à TEC - outra tarefa mencionada pelo ministro em seu discurso. A presidência brasileira, segundo ele, proporá "metas para a eliminação gradual" dessa distorção. "Devemos avançar com flexibilidade e atenção às sensibilidades de cada sócio", acrescentou. De novo, a exigência de gradualismo e "atenção às sensibilidades" confirma a distância entre a realidade do bloco e as condições mínimas de uma união aduaneira de fato.

O chanceler mencionou vários outros componentes da agenda econômica, como a liberalização do setor de serviços. Não tem sentido, observou, discutir com outros países ou grupos de países - como a União Europeia - um grau de abertura, nesse setor, ainda não alcançado no interior do bloco.

Se o ministro quisesse acrescentar realismo a seu discurso, teria de reconhecer as deficiências do Mercosul até como zona de livre comércio, um estágio de integração inferior ao de união aduaneira. As trocas no interior do bloco são ainda emperradas por barreiras e por um protecionismo geralmente mal disfarçado. O prolongamento do acordo automotivo - exigência argentina - é uma das provas mais visíveis da insuficiente liberalização comercial e do fracasso das propostas sobre cadeias produtivas.

O crescimento das trocas entre os quatro países não é um sinal do sucesso do Mercosul. Ao contrário: esse crescimento ocorreu apesar das deficiências do bloco e explica-se em boa parte pela receptividade do mercado brasileiro.

Não haverá avanço efetivo no Mercosul enquanto velhos defeitos não forem eliminados. A inclusão da Venezuela chavista dificultará os consertos e complicará as negociações com parceiros de fora. O ministro Amorim, no entanto, insistiu na admissão da Venezuela, como se isso fortalecesse o bloco. Essa atitude é tão irrealista e tão perigosa quanto a ideia de criar uma instância legislativa num Mercosul ainda incapaz de operar como simples zona de livre comércio.

OESP – 21.10.2010


Porto de Santos terá tecnologia alemã para o setor de logística

Rejane Lima / SANTOS - O Estado de S.Paulo

O Porto de Santos deverá receber tecnologia alemã para ajudar a resolver seus problemas de acessibilidade. A informação foi divulgada pelo Ministro da Secretaria Especial de Portos (SEP), Pedro Brito, durante o workshop "Tecnologias da Alemanha para a Infraestrutura do Porto de Santos" realizado ontem em Santos, na Baixada Santista.

"A nossa expectativa é que o governo na Alemanha, que está trazendo aqui uma grande comitiva de empresários, possa oferecer para nós o que mais estamos precisando no momento, que é uma alternativa para viabilizar a acessibilidade terrestre ao Porto de Santos", disse o ministro, explicando que há muitas empresas alemãs já instaladas no Brasil que poderiam participar de concorrências para realizar obras no Porto de Santos.

Segundo Brito, a SEP recebeu ontem um "projeto conceitual" de soluções para o acesso rodoviário ao Porto de Santos, mas os estudos futuramente vão abordar questões referentes ao acesso aquaviário e uma ligação seca entre as duas margens do cais santista.

"Nós vamos naturalmente avaliar (os estudos) e depois discutir com o próprio governo da Alemanha essas alternativas", disse Brito, afirmando que, por enquanto, o projeto teve "custo zero" para o País e as sugestões apresentadas serão discutidas também pela comunidade portuária. "A ideia é que até março do próximo ano, com a vinda o ministro dos Transportes da Alemanha, possa ter o projeto concluído para se ter já a assinatura de algum contrato em relação a isso". O ministro destacou o conhecimento da Alemanha em logística.

OESP – 21.10.2010

LEGISLAÇÃO


IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO

RESOLUÇÃO CAMEX nº 76, DE 19 DE OUTUBRO DE 2010 - DOU 20.10.2010
Altera para 2%, até 30/06/2012, a alíquota ad valorem do Imposto de Importação incidente sobre o Bem de Informática e Telecomunicações que especifica, na condição de ex-tarifário, bem como sobre os componentes dos Sistemas Integrados que relaciona, e determina que, a partir de 01/01/2011, tal redução tarifária deverá ser adaptada aos novos regimes especiais comuns e procedimentos que vierem a ser estabelecidos pelo Mercosul.

Para acessar esta Resolução, clique 1 e 2.


RESOLUÇÃO CAMEX nº 77, DE 19 DE OUTUBRO DE 2010 - DOU 20.10.2010
Altera para 2%, até 30/06/2012, as alíquotas ad valorem do Imposto de Importação incidentes sobre os Bens de Capital, na condição de ex-tarifários, bem como sobre os componentes dos Sistemas Integrados que relaciona, e determina que, a partir de 01/01/2011, tais reduções tarifárias deverão ser adaptadas aos novos regimes especiais comuns e procedimentos que vierem a ser estabelecidos pelo Mercosul. Modifica as Resoluções Camex nºs 3/2010, 4/2010, 18/2010, 27/2010, 34/2010, 46/2010 e 53/2010, retifica a Resolução Camex nº 46/2010 e revoga o ex-tarifário nº 195 da NCM 8479.89.99, constante da Resolução Camex nº 78/2009.

Para acessar esta Resolução, clique aqui e vá até a página 30 do DOU.


SEGURO DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO

DECRETO nº 7.333, DE 19 DE OUTUBRO DE 2010
DOU 20.10.2010

Dá nova redação a dispositivos do Decreto no 3.937, de 25 de setembro de 2001, que regulamenta a Lei nº 6.704, de 26 de outubro de 1979, que dispõe sobre o Seguro de Crédito à Exportação.

Para acessar este Decreto, clique aqui.


DUMPING

RESOLUÇÃO CAMEX nº 75, DE 19 DE OUTUBRO DE 2010 - DOU 20.10.2010

Suspende, pelo prazo de um ano, o direito antidumping aplicado pela Resolução CAMEX nº 48, de 30 de junho de 2010, sobre as importações brasileiras de carbonato de bário, originárias da República Popular da China, comumente classificadas no item 2836.60.00 da NCM.

Para acessar esta Resolução, clique aqui.


PORTARIA SECEX nº 21, DE 18 DE OUTUBRO DE 2010 - DOU 20.10.2010

Torna público, que a extensão de medida antidumping de que trata o art. 10-A da Lei no 9.019, de 30 de março de 1995, instituído pela Lei no 11.786, de 25 de setembro de 2008, a importações de produtos de terceiros países, bem como de partes, peças e componentes de produto objeto de medida antidumping em vigor, caso seja constatada a existência de práticas elisivas que frustrem a aplicação da medida antidumping vigente, observará o disposto na Resolução da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) nº 63, de 17 de agosto de 2010.

Para acessar esta Portaria, clique 1 e 2.


CIRCULAR SECEX nº 47, DE 19 DE OUTUBRO DE 2010
DOU 21.10.2010

O SECRETÁRIO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, em consonância com o disposto no Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT 1994, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15 de dezembro de 1994, promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994, e o contido no Decreto no 1.602, de 23 de agosto de 1995, especialmente o previsto nos arts. 3o e 39, e tendo em vista o constante no Processo MDIC/SECEX 52100.002260/2009-31, decide prorrogar por até seis meses, a partir de 4 de novembro de 2010, o prazo para conclusão da investigação de prática de dumping, de dano à indústria doméstica e de relação causal entre esses, nas exportações para o Brasil de malhas de viscose, da República Popular da China, comumente classificadas nos itens 6004.10.20, 6004.90.20, 6006.41.00, 6006.42.00, 6006.43.00 e 6006.44.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM, de que trata a Circular SECEX no 60, de 3 de novembro de 2009, publicada no Diário Oficial da União de 4 de novembro de 2009.

WELBER BARRAL


PETRÓLEO – LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO

PORTARIA SECEX nº 22, DE 19 DE OUTUBRO DE 2010 - DOU 20.10.2010

Dispõe sobre o licenciamento de importação de petróleo, seus derivados, gás natural e biocombustíveis.

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PROEX

PORTARIA MDIC nº 208, DE 20 DE OUTUBRO DE 2010 - DOU 21.10.2010

Resolve que são elegíveis para o Programa de Financiamento às Exportações (PROEX) as exportações de mercadorias e de serviços relacionadas, respectivamente, nos Anexos I e II a esta Portaria, nas modalidades de Equalização e de Financiamento.

Para acessar esta Portaria, clique aqui e vá até a página 92 do DOU.


INMETRO

PORTARIA INMETRO nº 407, DE 19 DE OUTUBRO DE 2010 - DOU 21.10.2010
Disponibiliza, no sitio www.inmetro.gov.br, as propostas de texto da Portaria Definitiva e da Instrução para Preenchimento de Registros de Inspeção da Área de Produtos Perigosos.

Para acessar esta Portaria, clique aqui.


COFINS E PIS - NÃO INCIDÊNCIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. REPRESENTANTE DE ARMADOR ESTRANGEIRO. CRÉDITO

SOLUÇÃO DE CONSULTA 7ª RF DISIT nº 94, DE 15 DE SETEMBRO DE 2010 - DOU 21.10.2010
A existência de terceira pessoa na relação negocial entre pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior e prestadora...

Para acessar esta Consulta, clique aqui.


I.I. - IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA

SOLUÇÃO DE CONSULTA 7ª RF DISIT nº 99, DE 30 DE SETEMBRO DE 2010 - DOU 21.10.2010

ASSUNTO: Imposto sobre a Importação – II

EMENTA: IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA. ENTREGA DE ARRAS. Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente.

As arras confirmatórias, quando possuem o mesmo gênero e espécie do objeto da prestação principal, caracterizam início do pagamento, descaracterizando a importação por encomenda, passando a ser considerada uma operação de importação por conta e ordem, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da MP nº 2.158-35/2001.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 11.281/06, art.11, §2º; IN SRF nº 634/06, art.1º, parágrafo único; IN SRF nº 225/2002, art. 5º; Lei nº 10.406/2002 (Código Civil), arts. 417 a 420.

MARCOS LUÍS ACCIARIS VALLE DA SILVA
Chefe


IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO

SOLUÇÃO DE CONSULTA 7ª RF DISIT nº 104, DE 30 DE SETEMBRO DE 2010 - DOU 21.10.2010

ASSUNTO: Imposto sobre a Exportação – IE

EMENTA: A operação de fornecimento de combustível, lubrificante e demais mercadorias destinadas ao uso e consumo de bordo em embarcação e aeronave de governo estrangeiro constitui EXPORTAÇÃO, para efeitos fiscais e cambiais, desde que o pagamento seja em moeda nacional ou estrangeira de livre conversibilidade e a entrega seja efetuada no país à ordem do comprador.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.826/99; IN SRF nº 369/2003.

MARCOS LUÍS ACCIARIS VALLE DA SILVA
Chefe

terça-feira, 19 de outubro de 2010


NOTÍCIAS


Terceira semana de outubro registra exportações de US$ 3,018 bilhões e importações de 3,283 bilhões

As exportações brasileiras na terceira semana de outubro foram de US$ 3,018 bilhões, com média diária de US$ 754,5 milhões. O resultado é 26,7% inferior à média de US$ 1,028 bilhão registrada nas duas primeiras semanas do mês, em razão da retração das vendas nas três categorias de produtos. Nos básicos (-38%), os produtos que tiveram redução nas vendas foram minério de ferro, carne de frango e suína, fumo em folhas, petróleo e soja em grão. Nos manufaturados (-17,8%) açúcar refinado, automóveis, aviões, gasolina, polímeros plásticos, óleos combustíveis e bombas e compressores foram os que mais diminuíram. Nos semimanufaturados (-13,9%), a queda alcançou as vendas de ouro em forma semimanufaturada, couros e peles, ferro-ligas, semimanufaturados de ferro e aço e alumínio em bruto.

No mesmo período, as importações somaram US$ 3,283 bilhões, com média diária de US$ 820,8 milhões. Houve crescimento de 9,5% sobre a média das duas primeiras semanas de outubro (US$ 749,3 milhões), motivado, principalmente, pelo aumento dos gastos com combustíveis e lubrificantes, equipamentos mecânicos, aparelhos eletroeletrônicos, veículos automóveis e partes, obras, siderúrgicos e plásticos.

A balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 265 milhões, com média diária negativa de US$ 66,3 milhões, nos quatro dias úteis (11 a 17) da semana. A corrente de comércio (soma das exportações e importações) totalizou US$ 6,301 bilhões, com média diária de US$ 1,575 bilhão.

Mês

No acumulado das três primeiras semanas de outubro (10 dias úteis), as exportações foram de US$ 9,191 bilhões (média diária de US$ 919,1 milhões), 37,1% a mais que a média de US$ 670,6 milhões registrada em outubro do ano passado. Nos básicos (66,4%), a alta é explicada principalmente pelos aumentos em minério de ferro, soja em grão, café em grão, fumo em folhas, milho em grão e carne bovina, suína e de frango. Nos semimanufaturados (20,8%), os destaques ficaram por conta de ouro em forma semimanufaturada, celulose, óleo de soja em bruto, açúcar em bruto e couros e peles. Entre os manufaturados (17,4%), os produtos mais vendidos foram açúcar refinado, autopeças, automóveis de passageiros, bombas e compressores, polímeros plásticos, motores e geradores, aviões, óxidos e hidróxidos de alumínio.

A média diária das exportações nas três primeiras semanas de outubro ficou 2,5% acima da média do mês passado (US$ 896,8 milhões), com crescimento em todas as categorias de produtos: semimanufaturados (5,7%), manufaturados (2,1%) e básicos (1,9%).

As importações, no acumulado mensal, foram de US$ 7,779 bilhões (média diária de US$ 777,9 milhões), 28% acima da média de outubro de 2009 (US$ 607,9 milhões). Cresceram os gastos com cobre e suas obras (113,6%), siderúrgicos (75,4%), borracha e obras (60,1%), equipamentos mecânicos (32,5%), adubos e fertilizantes (32%) e plásticos e obras (27,9%).

No comparativo com a média diária das importações de setembro passado (US$ 844,8), no entanto, houve queda de 7,9%. A retração atingiu os seguintes produtos: combustíveis e lubrificantes (-24,5%), equipamentos mecânicos (-14,0%), veículos automóveis e partes (-12,1%), farmacêuticos (-11,4%), borracha e obras (-9,4%) e aparelhos eletroeletrônicos (-5,7%).

A corrente de comércio do mês alcançou US$ 16,970 bilhões (média diária de US$ 1,697 bilhão) e o saldo comercial foi superavitário em US$ 1,412 bilhão (média diária de US$ 141,2 milhões). Pelo resultado médio diário, o saldo da balança comercial cresceu 171,3%, na comparação com o mês passado (US$ 52 milhões), e 125,3% em relação a outubro de 2009 (US$ 62,7 milhões).

Ano

No acumulado de janeiro à terceira semana de agosto deste ano (198 dias úteis), as vendas ao exterior somaram US$ 154,12 bilhões (média diária de US$ 778,4 milhões). Na comparação com a média diária do mesmo período de 2009 (US$ 603,7 milhões), as exportações cresceram 28,9%.

As importações, no acumulado do ano, foram de US$ 139,931 bilhões, com média diária de US$ 706,7 milhões. O valor está 44,2% acima da média registrada no mesmo período de 2009 (US$ 490,1 milhões).

O superávit da balança comercial no ano chegou a US$ 14,189 bilhões, com média diária de US$ 71,7 milhões. Por esse critério, o número ficou 36,9% abaixo da média registrada no mesmo período do ano passado (US$ 113,6 milhões).

No acumulado do ano, a corrente de comércio somou US$ 294,051 bilhões, com média diária de US$ 1,485 bilhão. O valor é 35,8% maior que a média aferida neste mesmo período no ano passado.

Clique aqui e veja os números da balança comercial da terceira semana de outubro.

MDIC – 18.10.2010


A invasão dos importados

O mercado brasileiro está sendo tomado rapidamente por indústrias de fora. Um quinto dos bens consumidos provém do exterior, sob a forma de produtos acabados, matérias-primas ou bens intermediários. Até há pouco tempo, falar em desindustrialização parecia um exagero. Não é mais. Há uma guerra cambial, conduzida pelas maiores potências, e o Brasil é uma das economias mais prejudicadas. No começo de 2009 os importados eram 15,7% dos produtos consumidos no País, segundo estimativa da LCA Consultores, citada em reportagem do Estado no domingo. Essa participação aumentou 4,3 pontos porcentuais até o terceiro trimestre deste ano. A invasão dos produtos estrangeiros foi em grande parte facilitada pela valorização do real.

Embora seja o fator mais importante a curto prazo, o câmbio é só uma das causas do surto de importações. Para começar, há um descompasso entre o crescimento econômico do Brasil, puxado pelo consumo, e o das grandes economias do mundo rico, ainda em recessão ou em recuperação muito lenta e insegura. O mercado ficou mais restrito nos países desenvolvidos e a competição seria mais dura mesmo sem grandes mudanças no quadro cambial. A alteração mais notável nos últimos dois anos foi a depreciação do dólar. As autoridades chinesas tentaram neutralizar esse movimento, mantendo o yuan também subvalorizado. Outros governos, como o japonês e o coreano, têm procurado intervir no mercado cambial, para reduzir as perdas comerciais. No Brasil, o Banco Central (BC) tem comprado grandes volumes de dólares e o Ministério da Fazenda elevou, recentemente, o imposto sobre o investimento estrangeiro em papéis de renda fixa. Mas essas ações têm produzido um efeito muito limitado.

O aumento das importações tem afetado toda a cadeia produtiva e não só a indústria de bens finais de consumo. Também os produtores de componentes vêm sendo prejudicados pela concorrência estrangeira. E as indústrias, na tentativa de se proteger, acabam recorrendo a importações para reduzir seus custos e isso acelera o crescimento das compras externas.

Em dez setores analisados no levantamento da LCA cresceu a participação dos importados no consumo. A lista inclui, entre outros, os segmentos de material eletrônico e de comunicação, de siderurgia, de produtos têxteis, de vestuário, de veículos e de equipamentos de informática.

Globalmente, o desajuste cambial tem sido alimentado principalmente pela grande expansão monetária nos Estados Unidos e pela manutenção, na China, de um câmbio fortemente subvalorizado. As ações de outros governos têm sido principalmente uma resposta ao desafio criado pela competição entre o dólar e o yuan. Pesadas intervenções no mercado, por meio de compras de moedas e títulos estrangeiros ou da imposição de barreiras ao movimento de capitais, têm contribuído para a escalada.

Não há mais como negar a existência de um quadro de conflito. Na União Europeia, o Banco Central da zona do euro tem sido pressionado para deter a valorização da moeda comum.

Só uma solução conjunta poderá atender aos interesses de todos. Mas não há sinal de acordo entre americanos e chineses, os principais causadores da desordem cambial. Enquanto isso, os brasileiros perdem participação em vários mercados - até na América do Sul, onde se amplia a invasão chinesa.

O governo brasileiro ainda dispõe de meios de ação. Poderá recorrer a novas barreiras contra as importações chinesas favorecidas por dumping, assim como poderá ampliar a restrição a investimentos estrangeiros de curto prazo, para diminuir a pressão sobre o câmbio. Ações desse tipo tendem a perder a eficácia num prazo não muito longo, mas podem ser úteis numa emergência.

Baixar os juros poderia reduzir a atração de capitais especulativos, mas o gasto excessivo do governo dificulta a adoção de uma política monetária mais branda. A mudança não é impossível, mas também não é simples. Outras ações poderiam elevar a competitividade dos produtores brasileiros, mas isso dependerá de mudanças mais amplas na política oficial.

OESP – 19.10.2010


Importações derrubam em 37% o saldo acumulado da balança comercial este ano

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As exportações brasileiras vêm registrando bom desempenho ao longo do ano, com US$ 154,12 bilhões em vendas e crescimento de 28,9% nos 198 dias úteis contados até a última sexta-feira (15), comparado a igual período do ano passado. Os números divulgados hoje (18) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) condizem com expectativas das autoridades brasileiras, que almejam vendas externas de US$ 180 bilhões em 2010. Acontece, porém, que as importações estão superando todas as estimativas.

Embora em menor volume, US$ 139,93 bilhões até agora, as compras externas evoluíram 44,2% no mesmo período. Essa diferença a maior nas importações em relação às exportações explica a redução de 36,9% no saldo comercial acumulado no ano, de US$ 14,18 bilhões. Enquanto isso, a corrente de comércio (entradas e saídas somadas) atingiu o recorde de US$ 294,05 bilhões, 35,8% a mais que a soma de vendas e compras em igual período de 2009.

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) registrou, contudo, uma mudança na tendência comercial nos primeiros dez dias úteis deste mês, quando as exportações contabilizaram US$ 9,191 bilhões contra importações de US$ 7,779 bilhões (saldo de US$ 1,412 bilhão). Na comparação da média diária entre outubro deste ano e outubro de 2009, as vendas nacionais cresceram 37,1% enquanto as compras expandiram 28%.

As exportações do mês foram maiores nos três segmentos de produção, com destaque para os produtos básicos, que tiveram expansão de 66,4% no critério de média diária. A alta é explicada principalmente pelo aumento dos preços internacionais de minério de ferro, soja em grão, café em grão, fumo em folhas, milho em grão e carnes bovina, suína e de frango.

Nos semimanufaturados, o aumento foi de 20,8%, motivado principalmente pelas vendas de ouro, celulose, óleo de soja, açúcar em bruto, couros e peles. Entre os produtos manufaturados, que venderam 17,4% a mais no período, os maiores volumes exportados foram de açúcar refinado, autopeças, automóveis, bombas e compressores, polímeros plásticos, motores e geradores, aviões, óxidos e hidróxidos de alumínio.

Edição: Vinicius Doria

Agência Brasil – 18.10.2010


Em Marselha, o lixo se acumula nas ruas e o porto está bloqueado

Protestos se multiplicam na segunda maior cidade da França; greve dos portuários deixa navios à espera no Mediterrâneo

Andrei Netto CORRESPONDENTE / PARIS - O Estado de S.Paulo
PARIS

Lixo nas ruas, desabastecimento em postos de combustíveis e porto bloqueado são o saldo de múltiplas greves que estão paralisando a segunda maior cidade da França, Marselha.

Segundo associações patronais, só a paralisação no maior porto comercial do país já teria causado uma perda avaliada em ? 600 milhões. E o cálculo não leva em conta as perdas em turismo causadas pela greve na coleta e pelo acúmulo de quatro toneladas de detritos.

A situação mais grave em Marselha é provocada pelos portuários. Cerca de 65 navios estão ancorados no Mar Mediterrâneo à espera de autorização para ancorar e carregar ou descarregar.

A mobilização é mais aguda entre os trabalhadores dos terminais petrolíferos do porto, que reproduzem no sul a greve nacional que provoca desabastecimento em 2,6 mil postos de combustíveis do país. Segundo balanço da instituição responsável pela administração do porto, a Grand Port Maritime de Marseille (GPMM), 28 navios petroleiros, cinco com cargas químicas e oito com gás estariam parados na altura de Fos-sur-Mer, na região marselhesa. Em Marselha, outros 18 petroleiros, dois de produtos químicos e dois de gás estão bloqueados.

Também o transporte marítimo de passageiros é prejudicado por graves de marinheiros de companhias SNCM e CMN, que realizam a rota entre a continente e a ilha da Córsega. Embora seja parte do movimento sindical nacional, a greve dos portuários, que já completa 22 dias, não tem relação direta com a reforma da previdência, mas com outra reforma (a portuária), proposta pelo Palácio do Eliseu.
A situação de caos no Mediterrâneo também começa a atingir Marselha futura Capital Europeia da Cultura de 2013. A exemplo a mobilização realizada em Nápoles, na Itália, em 2008, agora os funcionários dos serviços de limpeza urbana cruzaram os braços.

O resultado são toneladas de lixo nas ruas do balneário, um dos pontos turísticos mais visitados da França. A greve - que afeta o serviço na cidade em média a cada três anos - teve início na terça-feira passada, mas a mobilização começou a se intensificar no fim de semana.
Ontem, o sindicato lançou nota afirmando que "o espectro de um bloqueio total da cidade se desenha"

OESP – 19.10.2010


Taxa cambial depende da política monetária atual

Existe um certo consenso entre os observadores econômicos de que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá a taxa Selic em 10,75% até o final do ano. Baseia-se na ideia de que não se muda a taxa básica de juros na véspera de eleição presidencial. E a última reunião do Copom será muito perto do Natal. No entanto, há um acúmulo de dados em relação à inflação que justificariam elevar a taxa Selic, na tradição do Copom.

A pesquisa Focus, divulgada ontem, trouxe uma revisão para cima nas previsões dos quatro índices de preços para 2010 e 2011. O índice geral de preços IGP-10 para outubro, divulgado na mesma data, mostrou aumento de 1,15%, ante 1,12% no mês anterior, assinalando que os produtos agrícolas tiveram uma grande responsabilidade nessa alta, mas a valorização do real ante o dólar, que favoreceu um aumento das importações, teve papel importante na contenção dos preços.

O governo continua estudando medidas para reduzir o influxo de capitais estrangeiros para o País - causa da valorização - e pretende intervir nas regras do mercado futuro da BM&F, sem querer reconhecer que o fator principal desse influxo está na atual conjuntura internacional, caracterizada por um excesso de liquidez e pela falta de oportunidades de aplicação nos países do Primeiro Mundo, com taxas de juros quase nulas, enquanto o Brasil oferece remuneração de 10,75% - que, mesmo com o IOF de 4%, ainda é muito atrativa.

O que está em questão é a função da própria taxa Selic, que, incontestavelmente, teve um papel importante ao nos proteger da crise financeira mundial de 2008/2009. Atualmente, ela não só atrai capital estrangeiro em excesso, como contribui para aumentar o déficit público, pois o governo paga essa taxa para captar recursos no mercado interno e ela serve de base para juros na economia nacional.

Diante de uma nova realidade, parece necessário rever a taxa básica - a mais alta do mundo - e examinar se não se pode recorrer, paralelamente, a outros instrumentos de política monetária para conter pressões inflacionárias que, no Brasil, têm duas fontes principais: o déficit público e o excesso de demanda doméstica.

Poder-se-ia, por exemplo, recorrer a uma elevação do recolhimento compulsório sobre os depósitos para reduzir o crescimento dos empréstimos às famílias, com o compromisso paralelo do governo de diminuir seus gastos correntes.

Caindo a taxa básica, podemos ter certeza de que haveria desvalorização do real. Só as preocupações eleitorais impedem esse salto.

OESP – 19.10.2010


Meirelles diz que governo está atento para evitar efeitos colaterais da valorização do real

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse hoje (18) que o governo tem acompanhado com atenção o fluxo cambial e afirmou que, sempre que necessário, tomará medidas para evitar danos à economia brasileira. “O risco seria grande se não existisse uma ação prudencial a respeito”, disse Meirelles logo após participar de encontro da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), em um hotel da zona sul de São Paulo.

“Compete às autoridades de cada país prevenir a formação de bolhas [de ativos]", ponderou Meirelles, referindo-se aos efeitos da política norte-americana de manutenção de juros em baixa, o que tem provocado maior ingresso de dólares com o movimento de investidores estrangeiros no mercado financeiro brasileiro.

Uma das ações citadas por ele é o enxugamento da liquidez, que tem levado ao acúmulo de reservas internacionais, que já atingem US$ 280,096 bilhões. Ele lembrou que o ganho obtido pelo Brasil no período da crise financeira de 2008 ultrapassou o custo de carregamento das reservas. No início do mês, o governo também reforçou a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como forma de evitar a entrada excessiva de dólares.

O presidente do BC observou que essa não é uma preocupação exclusiva do Brasil. A desvalorização do dólar também preocupa outros países emergentes e até nações ricas como a Suíça e o Japão.

Meirelles reiterou a importância de um acordo multilateral para que haja maior garantia contra situações de crise que possam implicar em riscos sistêmicos, mas disse que “isso será discutido no devido tempo”.

Edição: Lana Cristina

Agência Brasil – 18.10.2010


Para especialistas, medidas cambiais são incertas

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - Os efeitos das novas medidas anunciadas ontem pelo governo para conter a valorização do real ainda são incertos, segundo especialistas do mercado financeiro. Eles aguardam os detalhes da regulamentação para fazer uma avaliação mais precisa. As dúvidas principais referem-se à mudança das regras no mercado futuro, onde o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) da chamada margem subiu de 0,38% para 6%. Nem mesmo a BM&FBovespa compreendeu a mudança.

"Estamos esperando a publicação para entender melhor a incidência", afirmou o presidente executivo da BM&FBovespa, Edemir Pinto. Ele lamentou a decisão do governo, porque acredita que os investidores vão migrar para outras opções disponíveis no mercado, que não são reguladas (e controladas) como o ambiente da BM&FBovespa. "Ainda estou tentando entender o racional do governo, porque na Bolsa os riscos são mitigados e se evita o risco sistêmico. Aqui, o governo sabe exatamente o tamanho das posições."

O governo avalia que a maior parte da pressão sobre o real vem das operações no mercado futuro, argumento que é rechaçado pelo presidente da Bolsa. No fim da semana passada, estrangeiros tinham cerca de US$ 13 bilhões em apostas pela alta do real. O diretor executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme, também não entendeu as medidas na prática. Segundo ele, não está claro como será a incidência do IOF de 6% (em vez dos 0,38% anteriores).

A margem é uma garantia que os agentes que operam no mercado futuro têm de deixar depositadas. Seu objetivo é proporcionar segurança aos negócios. Em geral, a maioria desses agentes usa títulos públicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

OESP – 19.10.2010


Mercado reage a novo IOF e dados dos EUA

Eduardo Campos Valor

SÃO PAULO - A terça-feira tem fraca agenda de indicadores, com destaque para os números do mercado imobiliário americano. No entanto, o dia deve ser de ajuste nos mercado de dólar, juros e outros contratos futuros.

O governo deu mais um passo para tentar conter a valorização do real. Ontem à noite, foram anunciadas mais duas medidas. A alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre os ingressos externos para mercados financeiros e de capitais sobe de 4% para 6%. No dia 4 de outubro, essa taxa tinha subido de 2% para 4%.

A outra medida pega as operações de câmbio feitas por estrangeiros que querem investir no mercado futuro. O IOF dos depósitos de margem, que era de 0,38%, subiu para 6%. Esse depósito de margem é uma exigência que a BM&FBovespa faz para o investidor que quer operar os contratos futuros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). As novas taxas passam a valer hoje.

De acordo com comunicado do Ministério da Fazenda, esse aumento de tributação busca reduzir a “volatilidade dos fluxos cambiais, desestimulando a realização de operações financeiras de curto prazo, concorrendo para reduzir a pressão sobre a taxa de câmbio”.

De volta aos indicadores, nos Estados Unidos, será conhecida a construção de novas moradias em setembro, que deve mostrar queda de 2,5%. Também é divulgada a demanda por alvarás de construção.

Antes disso, são divulgados os índices de sentimento econômico na Alemanha e na zona do euro. Por aqui, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apresenta sua leitura semanal para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e a Fundação Getulio Vargas (FGV) apresenta o IPC nas capitais. À tarde, a Receita apresenta a arrecadação de setembro.

Também está agendado um discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), banco central americano, Ben Bernanke, mas isso só ocorre às 18 horas.

No campo corporativo atenção aos números do Goldman Sachs, Johnson & Johnson, Coca-Cola e Yahoo.

O dia é mais movimentado amanhã. Por aqui, os agentes assimilam o Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de outubro e uma nova prévia para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) enquanto aguardam a decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom). Nos Estados Unidos, atenção ao Livro Bege, do Fed.

(Eduardo Campos Valor)

Valor Econômico – 19.10.2010


Dólar comercial sobe reagindo a mais IOF

Investidores avaliam as medidas cambiais anunciadas ontem à noite pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega

Cristina Canas, da Agência Estado

SÃO PAULO - O mercado doméstico amanhece fazendo contas, tentando avaliar o impacto das medidas cambiais anunciadas ontem à noite. Entre a maioria dos operadores, no início desta manhã, o sentimento é de que, enquanto ainda há dúvidas sobre o custo adicional criado pelas mudanças, os investidores farão um ajuste de alta nas cotações do dólar. Até porque, ainda que venham a se mostrar pouco eficientes para elevar o valor da moeda norte-americana no decorrer do tempo, o consenso é de que as novas regras não são inócuas e exigirão, no mínimo, um ajuste inicial. Por volta das 9h58, o dólar comercial subia 1,20%, a R$ 1,684.

As maiores incertezas recaem sobre o aumento do IOF sobre as margens de operações com derivativos cambiais, que pulou de 0,38% para 6%. Para o operador da Interbolsa, Ovídio Pinho Soares, "é difícil mensurar o efeito disso, mas a considerar o número real, a alteração é pesada". Numa conta grosseira, o especialista lembra que, num depósito de margem de R$ 1 milhão, a alíquota anterior representava R$ 3,8 mil e, agora, passará a ser de R$ 60 mil. "A diferença é grande, mas a mudança de estratégia depende da disponibilidade de caixa do investidor e da aposta", disse.

O operador da Renascença, José Carlos Amado, também diz que ainda há dúvidas sobre as próprias medidas e sobre seus efeitos, mas aposta numa correção para cima nas cotações durante o pregão desta terça-feira. "O mercado vai ajustar para cima e as operações de arbitragem devem estancar, de início", disse. Ainda assim, tanto Amado quanto Soares avaliam que a tendência de queda do dólar vai continuar, já que ela é internacional.

Em relatório a clientes, a MCM Consultores Associados ressalta que uma "alternativa para fugir do IOF sobre o câmbio para depósitos de margem poderá ser a utilização de fiança bancária", já que esse instrumento ficou de fora da incidência do imposto. Ainda assim, os analistas da MCM ressaltam que o aumento de procura por fiança bancária deve causar "algum impacto em seu custo".

Para a consultoria, o impacto sobre a taxa de câmbio será modesto, pois "as operações preferidas dos investidores estrangeiros são aquelas de maior prazo". Nos cálculos da MCM, a rentabilidade das operações com prazos superiores a dois anos continuam atraentes, mesmo com o IOF de 6%. Já Soares avalia que o governo mira os especuladores de curto prazo que, a seu ver, são "o grande volume do dólar futuro". "Com mais 2% na renda fixa e 6% nas margens, as operações de curto prazo ficam inviabilizadas", avalia.

Lá fora, hoje, a trajetória do dólar diante de outras moedas emergentes contribui com o esforço do governo brasileiro de limitar a valorização do real. A moeda norte-americana sobe diante de outras divisas.

Agência Estado – 19.10.2010


Brasil e China são inimigos no câmbio

DE SÃO PAULO

"Na guerra cambial, o Brasil não pode ficar do lado da China, país que roubou milhões de empregos por praticar um capitalismo desleal, com subsídios tributários, trabalhistas e cambiais." A afirmação é do economista Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de comércio exterior da Fiesp, em entrevista ao repórter Toni Sciarreta para a Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Segundo o economista, é "escandalosa" a carona da China na desvalorização mundial do dólar.

Folha de São Paulo – 19.10.2010


FMI nega que haja guerra de divisas

DA EFE, EM XANGAI

O primeiro subdiretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), John Lipsky, negou nesta segunda-feira que esteja ocorrendo uma guerra de divisas, apesar das muito baixas taxas de juros nas economias mais avançadas do planeta, pois são medidas "orientadas à situação doméstica".

Lipsky participou de uma entrevista coletiva à imprensa junto a Yi Gang, vice-presidente do Banco Popular da China, após a reunião organizada pelas duas instituições em Xangai sobre "Políticas Macroprudenciais, uma Perspectiva Asiática", com presença de dirigentes bancos centrais de alguns países.

O encontro foi presidido pelo diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, e pelo governador do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, mas nenhum deles concedeu entrevista à imprensa e foram seus subordinados diretos os que explicaram as conclusões do dia.

"Virtualmente todas as economias avançadas estão caindo a juros de quase 0%", ressaltou Lipsky. "O impacto dessa política nessas economias, no contexto de um baixo crescimento e uma muito baixa inflação, ainda é incerto".

"Claramente", continuou, "essas políticas estão voltadas à situação doméstica, não a implicações internacionais".

O subdiretor do FMI destacou que "a política monetária e fiscal nas economias avançadas e as políticas orçamentárias e estruturais nas dinâmicas economias emergentes" devem ser discutidas "de maneira exaustiva e coerente, em vez de nos atermos a um só aspecto".

Para evitar uma guerra de divisas, ele considera necessário "o reequilíbrio das fontes de crescimento, longe da política orçamentária e de estímulos orçamentários", mas fomentando a iniciativa privada.

Dessa maneira, as economias emergentes devem se concentrar em "desenvolver a demanda doméstica", enquanto as "econômicas com um deficit persistente" devem tentar "melhorar sua rede de exportações por meio das políticas nacionais apropriadas".

"Esta é a maneira adequada de ver este assunto e a maneira de nos assegurar que não haverá uma guerra de divisas", concluiu Lipsky.

Por sua vez, em discurso a portas fechadas e posteriormente divulgado à imprensa, Strauss-Kahn reiterou que o século XXI "pode ser o século da Ásia", mas que, "com isso, vem uma grande responsabilidade, para guiar e tornar própria a agenda de colaboração" necessária para tornar mais seguro o sistema financeiro mundial.

"Segundo as tendências atuais, a economia da Ásia poderia ser tão extensa como a dos Estados Unidos e da União Europeia juntas para 2015", afirmou a autoridade máxima do FMI.

Ele lembrou também que a Ásia tem uma "importante voz" não somente no Grupo dos 20 (G20, países ricos e emergentes), mas também no FMI, que está "em vias de dar mais influência aos mercados emergentes dinâmicos".

Strauss-Kahn destacou, no entanto, que muitos consideram os pedidos de "responsabilidade" uma indireta para a China, acusada por seus parceiros comerciais de manter sua moeda artificialmente desvalorizada.

Na origem do que se começou a chamar de "guerra de divisas" está a China, com sua política de manter o yuan depreciado, apesar das acusações de que Pequim o faz para favorecer suas exportações.

A postura do coverno chinês levou outros países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, a tomarem medidas similares, enquanto países emergentes como Brasil, Índia, Peru e Tailândia gozam de pujança econômica - ausente em países desenvolvidos - após a crise financeira global.

Isso está provocando uma chegada em massa de investimentos estrangeiros que empurram suas moedas para cima, e os países tentam controlar a valorização de suas divisas para não perder competitividade.

Neste contexto, Yi assinalou que, na China, "continuaremos a reforma de nosso regime cambial de maneira gradual". Sobre o yaun disse esperar "que se mantenha estável e próximo a uma taxa de juros determinada pelo mercado".

"Temos de continuar nossa política para termos certeza de que a economia crescerá e que a recuperação será sustentável", ressaltou.

A China buscará se transformar em uma economia mais voltada à demanda interna, o que coincide com seus planos para o progressivo desenvolvimento rural no vasto interior do país.

Lipsky e Yi disseram que a principal conclusão do encontro desta segunda-feira é que há bastante consenso entre os 187 países-membros do FMI sobre a ideia de que é necessário continuar a "cooperação global" para desenvolver políticas que permitam construir um sistema financeiro mundial mais seguro que antes da crise.

Folha de São Paulo – 19.10.2010


Alta das moedas dos países asiáticos ameaça crescimento na região

DA FRANCE PRESSE, EM TÓQUIO

A profusão de capitais na Ásia oriental provocou uma forte valorização das moedas locais, o que pode afetar as exportações destes países e ameaçar o crescimento, adverte o Bird (Banco Mundial) em um relatório sobre as economias regionais.

"A grande entrada de capitais na região, combinada com pressões inflacionárias e a alta dos preços imobiliários representam um desafio político e um risco crescente para a estabilidade macroeconômica da Ásia", afirma o documento.

Provocado pelas baixas taxas de juros nos países ocidentais e pela confiança dos investidores nas economias asiáticas, esta torrente de dinheiro é a principal responsável pela alta de 10 a 15% da cotação da moedas da região na comparação com o nível anterior à crise, em termos reais, segundo o Bird.

Entre as divisas asiáticas, o relatório destaca, no entanto, que o yuan chinês progrediu de maneira moderada, ao redor de 4% em relação às moedas de seus parceiros comerciais no decorrer do ano.

O governo dos Estados Unidos acusa a China de conter a valorização do yuan para conquistar mercados externos. Analistas temem uma "guerra cambial" em escala mundial, na qual cada país tentaria desvalorizar a própria moeda para reforçar a competitividade de suas empresas no exterior.

As exportações da Ásia oriental continuam "vigorosas" no momento, afirma o Bird, "mas uma persistência da valorização de suas moedas pode reduzir seu crescimento".

A região, que compreende a China e o sudeste asiático (sem Japão e Coreia do Sul) é a locomotiva da economia mundial, com um crescimento de 8,9% esperado para 2010 e de 7,8% em 2011. Uma desaceleração pode ter consequências em escala planetária. A China deve crescer 9,5% em 2010 e 8,5% em 2011, segundo o Bird.

Para limitar os riscos, o Banco Mundial sugere que estes países tenham um enfoquem comum dentro da Asean (Associação de Países do Sudeste Asiático), que reúne 10 países da região, e da Asean+6, que também inclui China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Nova Zelândia e Austrália.

A próxima reunião dos dois fóruns acontecerá no fim de outubro em Hanói.

Folha de São Paulo – 19.10.2010


Coreia não está intervindo no mercado de câmbio, afirma ministro

Governo está preparando, porém, medidas para lidar com potenciais problemas causados pelos pesados fluxos de entrada de capital no país, segundo Ministério de Finanças

Danielle Chaves, da Agência Estado

SEUL - O ministro de Finanças da Coreia do Sul, Yoon Jeung-hyn, afirmou que o governo não está intervindo no mercado de câmbio para enfraquecer a moeda local, o won, em relação ao dólar. O ministro disse, no entanto, que o governo está preparando medidas para lidar com potenciais problemas causados pelos pesados fluxos de entrada de capital no país.

"O governo não está desviando sua política cambial para promover as exportações do país. Nós vamos apenas deixar a taxa de câmbio se mover em linha com os fundamentos econômicos do país e com as condições de oferta e demanda", disse o ministro durante uma audiência parlamentar. Suspeita-se que o Banco da Coreia tem comprado dólares nos últimos meses para desacelerar os ganhos do won, que avançou cerca de 15% diante da moeda norte-americana desde as mínimas atingidas em maio.

No entanto, o ministro observou que as autoridades vão agir se o mercado ficar excessivamente inclinado para um lado. Segundo a agência de notícias Yonhap Infomax, o ministro afirmou na audiência que, além das restrições já anunciadas para as posições de câmbio futuras dos bancos, o governo está preparando outras medidas, embora agora não seja um bom momento para revelá-las. As informações são da Dow Jones.

Agência Estado – 19.10.2010


Banco Mundial culpa EUA por fluxo de capital a emergentes

DA REUTERS, EM TÓQUIO

O salto dos fluxos de capital ameaça a estabilidade econômica da Ásia, disse o Banco Mundial nesta terça-feira.

O banco ressaltou o argumento defendido pela China e por outros países de que as políticas norte-americanas estão causando uma onda de fluxo de capital para os mercados emergentes, abatendo a competitividade das exportações desses países, elevando a inflação e formando bolhas de ativos.

"Estamos vendo um esforço do leste da Ásia em desenvolvimento para lidar com as grandes quantias de liquidez resultantes, em grande parte, do afrouxamento monetário nos Estados Unidos", disse Vikram Nehru, economista-chefe do Banco Mundial para a região Ásia-Pacífico.

"As autoridades da Ásia precisam tomar precauções adequadas para assegurar que não repitam os mesmos erros duas vezes em pouco mais de uma década", acrescentou ele, referindo-se à crise asiática de 1997/1998.

Folha de São Paulo – 19.10.2010


Deficit em conta corrente sobe em agosto na zona do euro

DA FRANCE PRESSE, EM FRANKFURT

O deficit em conta corrente da zona do euro chegou a 7,5 bilhões de euros (US$ 10,4 bilhões) em agosto, quase o dobro do que foi registrado em julho, segundo dados provisórios divulgados pelo BCE (Banco Central Europeu).

O deficit de julho foi de 4,1 bilhões de euros (US$ 5,74 bilhões), de acordo com dados revisados para cima e divulgados nesta terça-feira (o cálculo inicial era de um deficit de 3,8 bilhões de euros).

A conta das transações correntes mede os negócios de bens e serviços de um país ou uma região com o exterior (inclui balança comercial, contas de serviços e remessas) e sua evolução é acompanhada de perto pelos investidores e parceiros comerciais.

Nos últimos 12 meses, a zona do euro, formada por 16 dos 27 países da UE (União Europeia), registrou um deficit em conta corrente de 48,6 bilhões de euros (US$ 67,99 bilhões), equivalentes a 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

A balança de pagamentos, que inclui a conta corrente, a conta de capitais (com investimentos estrangeiros diretos) e a conta financeira, sofreu um deficit de um bilhão de euros (US$ 1,4 bilhão).

Folha de São Paulo – 19.10.2010