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Auditores fiscais prometem greve em agosto
Ciesp diz que indústria não tem fôlego para aguentar mais um mês sem a liberação das cargas na aduana
Carolina Santana
A operação padrão dos auditores fiscais da Receita Federal do Brasil (RFB) em Sorocaba continuará durante todo o mês de julho. Acompanhando decisão nacional, a categoria promete greve a partir de agosto caso o governo não apresente proposta de reajuste salarial até 31 de julho. A paralisação total também será adotada caso a proposta apresentada seja considerada insuficiente pelos servidores. No setor industrial, o clima é de preocupação. A regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) afirma que a indústria não tem fôlego para aguentar mais um mês de operação padrão que, na prática, posterga a liberação de cargas na fiscalização aduaneira.
Depois de uma plenária realizada em São Paulo, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (SindiFisco) decidiu pela manutenção da operação padrão adotada desde 18 de junho. Sem reajuste salarial desde 2008, a categoria pede aumento de acordo com a inflação do período. O salário inicial de um auditor fiscal é de R$ 13.600. Na região de Sorocaba, são cerca de 50 servidores federais da categoria. A operação padrão foi adotada depois de duas paralisações temporárias que foram feitas como forma de chamar atenção do governo para o pleito da categoria.
Na operação padrão, explica o diretor regional do SindiFisco, Marcus Vinícius Dantas, todas as cargas desembaraçadas nas estações aduaneiras são fiscalizadas em sua totalidade. Normalmente, diz, a fiscalização é feita por meio de amostragem. Assim, com a fiscalização sendo feita na totalidade da carga, o tempo de demora de liberação aumenta consideravelmente. Durante a primeira semana da operação, afirma Dantas, a Estação Aduaneira do Interior em Sorocaba (Eadi - Sorocaba) registrou queda de 75% no volume de cargas movimentadas. A ação é nacional. Dantas afirma que na Zona Franca da Manaus já há registros de empresas concedendo férias coletivas aos funcionários por conta da falta de insumos para dar continuidade à produção.
Sinal vermelho
"Estamos saindo do sinal amarelo para o sinal vermelho", resumiu o vice-diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Erly Domingues de Syllos. Na região, diz ele, já há registros de indústrias com dificuldades por conta do baixo estoque de componentes para a linha de produção. O representante das indústrias destaca que qualquer ferramenta trabalhista a ser adotada para minimizar os impactos da operação padrão dos auditores fiscais deve ser negociada junto ao representante dos trabalhadores.
Na região, afirma o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (Smetal), nenhuma indústria procurou a entidade para aplicar essas ferramentas que vão desde férias coletivas, adoção do sistema de banco de horas ou até mesmo suspensão temporária de contratos de trabalho com promoção de cursos de qualificação para os trabalhadores.
Syllos afirma que os representantes das indústrias estão acompanhando as negociações e tentam intervir junto ao governo para uma solução pacífica e mais rápida da questão. Ele lamenta a situação e lembra que a operação padrão acontece em um momento de desaquecimento da atividade industrial. "O PIB (Produto Interno Bruto) do País vai ser baixo e o PIB da indústria deve ficar mais baixo ainda. Uma ação como essa deixa a situação ainda mais grave", afirma referindo-se às declarações do ministro da Fazenda Guido Mantega feitas ontem de que o Brasil registrará crescimento de 2,5% nesse ano.
Jornal Cruzeiro do Sul – 29.06.2012