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Câmara conclui votação da MP 472 que concede incentivos fiscais no valor de R$ 3 bilhões
Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Câmara dos Deputados concluiu há pouco a votação da Medida Provisória 472, que concede incentivos fiscais a diversos setores da economia, estimados em R$ 3 bilhões neste ano. A MP também trata de vários assuntos como a criação do Programa 1 Computador por Aluno e ajuste no programa Minha Casa, Minha Vida, entre outros. A MP vai à apreciação do Senado.
Nas votações de hoje (24), os deputados aprovaram três destaques que alteram o texto principal apresentado pelo relator, deputado Marcelo Ortiz (PV-SP), e aprovado na noite de ontem (23). Um dos destaques retirou do texto a obrigatoriedade de adaptação dos contratos de arrendamento de portos às regras da lei que trata do regime jurídico da exploração dos portos.
Mais um destaque aprovado pelos parlamentares retirou da proposta a possibilidade da Receita Federal multar as empresas nos casos de compensação indevida de tributos com créditos.
Em outra votação, os deputados alteraram o texto de Ortiz na parte referente aos R$ 80 bilhões destinados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A emenda do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) propunha que 50 % dos recursos fossem destinados às micro, pequenas e médias empresas. No entanto, foi feito um acordo e o plenário aprovou a redução do percentual para 25 %. O dinheiro será destinado para empréstimos a esse tipo de empresa.
A oposição passou toda a tarde e noite tentando obstruir a votação dos destaques apresentados ao texto da MP 472. No entanto, concordou com alguns acordos, o que possibilitou a conclusão da votação da matéria. Entre eles, o de que hoje seria apenas concluída a votação da MP e que outras votações seriam transferidas para a próxima semana.
Agência Brasil – 24.03.2010
MDIC não aprova propostas da Fazenda para melhorar a competitividade na exportação
Ministério insiste na necessidade de achar uma solução para o crédito de PIS e Cofins acumulado nas mãos das empresas
Renata Veríssimo, da Agência Estado
BRASÍLIA - O ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) não gostou das medidas apresentadas pelo Ministério da Fazenda na quarta-feira para melhorar a competitividade do setor exportador brasileiro e insistiu na necessidade de achar uma solução para o crédito de PIS e Cofins acumulado nas mãos das empresas. Segundo uma fonte do governo, o ministro Miguel Jorge considerou as propostas fracas e solicitou que os técnicos da Fazenda apresentem novas soluções. Jorge teria argumentado que a questão do acúmulo de crédito é fundamental e necessita de uma solução imediata. O ministro teria afirmado que a situação dos exportadores é urgente.
Conforme antecipou a Agência Estado ontem, as medidas elaboradas pela Fazenda deixam de fora a devolução mais acelerada dos créditos das exportadoras junto à Receita Federal. As empresas recebem o direito a um crédito de PIS e Cofins ao adquirirem insumos para produzir bens exportáveis. No entanto, estes recursos que poderiam servir de capital de giro estão engordando as receitas federais. A equipe econômica avalia que não há como abrir mão desses recursos este ano, quando terá que realizar nas suas contas um superávit maior que em 2009.
Os técnicos do Ministério da Fazenda prometeram reapresentar as propostas em uma nova reunião com Miguel Jorge e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ainda sem data marcada. Ontem, Mantega deixou a reunião cerca de quinze minutos depois da chegada de Miguel Jorge ao Ministério da Fazenda. Segundo um assessor da Fazenda, Mantega teria sido chamado para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Coube ao secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, apresentar o pacote ao ministro do Desenvolvimento.
Entre as medidas está a criação de uma subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para atuar diretamente no financiamento do comércio exterior, nos moldes do Eximbank americano. Mas mesmo esta proposta não agradou ao MDIC. O modelo teria ficado menos ambicioso que a sugestão apresentada pelo Ministério.
Também estão no pacote algumas medidas de crédito à exportação. Técnicos do MDIC consideram, no entanto, que as propostas não resolvem o problema do setor, que vem sofrendo com o câmbio valorizado e a competição acirrada no mercado internacional.
Ao deixar a reunião, Miguel Jorge negou que estivesse irritado com as propostas. Ele argumentou que esta seria a primeira reunião técnica com Mantega para discutir o assunto. As medidas ainda terão que ser levadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva após os dois ministérios conseguirem entrar num acordo.
A disputa entre Fazenda e Desenvolvimento é antiga, mas decisões do passado mostram que a posição da equipe econômica costuma prevalecer. A Receita Federal é um dos principais entraves à desoneração das exportações. No ano passado, por exemplo, o MDIC anunciou a criação do chamado "drawback integrado", que dá isenção de tributos na compra de insumos nacionais e importados, como ração para gado, para o setor exportador do agronegócio. A medida dependia de uma portaria conjunta da Receita e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC para ser regulamentada. O texto já foi assinado pelo secretário da Secex, Welber Barral, mas está há meses parada nas mãos do secretário da Receita, Otacílio Cartaxo.
Agência Estado - 25.03.2010
Banco Central simplifica as normas cambiais
Medidas anunciadas ontem facilitam a saída de dólares do País e beneficia quem opera no mercado cambial
Fabio Graner, Fernando Nakagawa - O Estadao de S.Paulo
BRASÍLIA - O Banco Central anunciou ontem medidas que simplificam e desburocratizam as regras para operações no mercado de câmbio, mas também facilitam a saída de dólares do País e reforçam a atuação do Tesouro Nacional nesse mercado.
Apesar disso, o presidente do BC, Henrique Meirelles, garantiu que não há mudança na política cambial nem intenção de desvalorizar o real ante o dólar. Segundo ele, a decisão vai apenas melhorar a formação de preços no Brasil e facilitar a vida de quem precisa operar no mercado cambial.
"A finalidade não é fazer com que suba o valor do dólar. Já se foi o tempo no Brasil em que se tomavam decisões normativas para mudar a taxa de câmbio. Hoje não precisamos fazer isso", disse Meirelles. Segundo ele, é difícil avaliar o efeito final das medidas sobre a cotação do dólar porque, se de um lado há medidas que favorecem uma desvalorização do real, por outro, a modernização do mercado cambial brasileiro torna o País ainda mais atrativo para o capital estrangeiro, o que favorece a valorização da moeda nacional.
Entre as principais medidas anunciadas e que podem atuar no sentido de desvalorizar o real está a permissão para o Tesouro Nacional comprar dólares para pagar compromissos de dívida externa que vencem em até 750 dias. Antes, o Tesouro só poderia comprar a moeda para honrar compromissos até um ano.
Fundo Soberano. A medida era defendida pelo Ministério da Fazenda há algum tempo e representa um maior poderio da pasta de Guido Mantega para atuar no câmbio. Recentemente, o governo regulamentou a operação do Fundo Soberano do Brasil (FSB), que é administrado pelo Tesouro e pode comprar dólares no mercado cambial.
Outra iniciativa anunciada ontem que pode ter alguma influência para desvalorizar o câmbio é a que possibilita às empresas manter no exterior recursos captados pela emissão de ações, os chamados Depositary Receipts (DRs). A medida não beneficia as captações dos bancos e é similar à que flexibilizou a "cobertura cambial", permitindo que exportadores mantenham receitas de suas vendas fora do País.
Quando foi adotada, a flexibilização da cobertura cambial tinha por objetivo conter a valorização do real, embora também buscasse diminuir custos dos exportadores, que poderiam pagar despesas no exterior sem ter de internalizar o dinheiro e, depois, remetê-lo de volta. Mas a intenção de desvalorização do câmbio foi prejudicada pela elevada taxa de juros, que torna desinteressante manter dinheiro fora.
Entre as medidas específicas de modernização do mercado de câmbio está a unificação dos atos normativos que regulamentam as operações com moeda estrangeira. Segundo o BC, serão revogados 60 atos normativos, entre resoluções, circulares e cartas circulares. Também desaparecem 320 atos normativos que, apesar de serem inaplicáveis, estarem em desuso ou desatualizados, ainda estão em vigor.
O governo também autorizou as corretoras de câmbio a ter conta em dólar em mais de um banco. Também foram eliminadas consultas prévias ou autorizações específicas de operações pelo BC, que também dispensou os agentes de fornecer informações que podem ser obtidas por outras fontes.
NOVAS REGRAS
Unificação
O governo unificou e simplificou regras que estavam em 60 normas. Serão revogados 320 atos normativos. Medidas facilitam saída de dólares do Brasil.
Mais divisas
O Tesouro está autorizado a comprar moeda estrangeira para quitar dívidas que vencem em até 750 dias. Antes, eram 360 dias. A mudança aumenta o volume de divisas que o Tesouro pode comprar no mercado.
Ingresso de dólares
Recursos captados pela emissão de ações brasileiras no exterior poderão ser mantidos em outros países. A medida evita ingresso do dinheiro no Brasil, contribuindo para evitar valorização do real. Corretoras de câmbio poderão abrir mais de uma conta em dólar. Espera-se aumento da concorrência nas transferências internacionais, com redução de custos.
Autorizações prévias
Acaba a necessidade de autorizações prévias para algumas operações. Agentes serão dispensados de enviar informações que o Banco Central consegue por outras fontes.
OESP – 25.03.2010
Brasil deve ser o principal parceiro de Israel com o Mercosul
A partir de 4 de abril, Israel e Mercosul começam a negociar uma vasta lista de produtos que faz parte do acordo de livre-comércio entre o país e o bloco econômico. A lista pode chegar a mais de 8 mil itens, após estudos econômicos. Representantes daquele país não escondem que o Brasil será o grande parceiro. Eles querem exportar produtos como fertilizantes e máquinas e querem importar carros e outros produtos de valor agregado.
O intercâmbio comercial do Brasil com Israel saltou de US$ 440 milhões, em 2002, para US$ 1,6 bilhão, em 2008, caiu para US$ 1 bilhão no ano passado, por causa da crise.
Jaime Blay, presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria diz que as economias dos países são complementares e a troca de tecnologia deve ser uma constante entre os players. A intenção da Câmara é diversificar a pauta entre os dois países e aumentar a corrente de comércio.
O presidente ressalta que a queda de barreiras deve tornar os produtos brasileiros mais competitivos. "Com a tecnologia israelense, o Brasil pode melhorar a agricultura e se tornar um competidor mais forte."
De acordo com Blay, o Brasil já exportou aviões para lá. "Israel é um mercado comprador muito grande, uma vez que produz pouco. Vejo que indústrias de plásticos, têxtil e minério têm mercado lá". De imediato, o presidente da Câmara de Comércio acredita que a industria de móveis deve achar um grande filão para exportar.
O embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher acredita que o potencial de comércio explorado entre os países não passou de 20%. "As relações entre os países estão muito melhores, principalmente após as visitas dos presidentes nos países. Mais de 70 empresários brasileiros foram para lá negociar". A expectativa é que o comércio triplique nos próximos 5 anos.
O CEO do Israel Discount Bank, Reuven Spiegel - convidado pela Câmara para falar a empresários - analisa o Brasil como um local interessante para realizar investimentos atualmente, e prevê que os bancos de Israel, junto com as companhias locais, invistam "dezenas de bilhões" no País neste ano.
"Não acredito que haja nenhum desafio específico no comércio entre Brasil e Israel. A burocracia é um obstáculo comercial comum na relação com qualquer país." O banco é o único com licença do Banco Central para atuar no Brasil.
O CEO ressaltou que tanto Brasil como Israel já passaram por crises financeiras no passado e, por isso, reforçam a liquidez dos bancos e a reserva de dólares nos bancos centrais.
DCI – 25.03.2010
Começa encontro de avaliação do comércio entre Brasil e Argentina
Luiz Antônio Alves
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Começa hoje (25) no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) o segundo encontro entre autoridades brasileiras e argentinas para avaliação do comércio entre os dois países. O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, chefia a delegação brasileira, enquanto o grupo argentino é chefiado pelo subsecretário de Política e Gestão Comercial do Ministério da Produção, Eduardo Bianchi.
Agora de manhã, Barral e Bianchi coordenarão as discussões sobre o comércio bilateral de bens e serviços, licenciamento não automático de importações, acordos setoriais, defesa comercial, pagamentos em moeda local, compras governamentais e a lista de exceções à Tarifa Externa Comum (TEC) adotada pelo Brasil, pela Argentina, pelo Uruguai e Paraguai, países que formam o Mercosul.
O primeiro encontro de monitoramento do comércio entre Brasil e Argentina ocorreu em fevereiro passado, em Buenos Aires. Na ocasião, foram analisadas oportunidades de negócios e os organismos públicos de financiamento que podem ser utilizados para alcançar a chamada integração produtiva entre os dois países.
Agência Brasil – 25.03.2010
Peru realiza missão logística ao Brasil
Lima (Peru) - O governo do Peru prepara uma missão logística ao Brasil, de 25 de abril a 1º de maio, com o objetivo de discutir medidas para facilitar e tornar mais ágil a entrada de produtos peruanos no país. Serão visitados os estados de Acre, Rondônia e Mato Grosso.
A delegação, que também contará com representantes do governo brasileiro, participará de reuniões com autoridades estaduais e municipais das regiões visitadas. Serão debatidos temas aduaneiros – controles sanitários e fiscais – e de logística – com visitas a portos, fluxos de carga e projetos de desenvolvimento de infraestrutura nessas regiões, dentre outros.
Os detalhes da missão foram discutidos na terça-feira (23/3), em Lima, em uma reunião de trabalho dos setores públicos de Peru e Brasil. O encontro fez parte da agenda da Missão Empresarial Peru e Colômbia, que está sendo realizada de 22 a 25 de março pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a Agência Brasileira de Promoção Exportações (Apex-Brasil).
A missão de logística está sendo coordenada pelo Ministério de Comércio Exterior e Turismo do Peru e terá a participação de outros órgãos do país. Do lado brasileiro, participarão MDIC, Ministério dos Transportes, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Receita Federal do Brasil, a Apex-Brasil e outros órgãos a serem definidos, além dos governos estaduais e municipais.
Programação
A viagem da delegação peruana-brasileira começará em Lima, dia 25 de abril. O grupo seguirá para Puerto Maldonado (também no Peru) e, no mesmo dia, para Rio Branco (Acre).
Dia 28, a delegação binacional chega a Porto Velho (Rondônia) e, dia 29, a Cuiabá (Mato Grosso). Com exceção do percurso entre Puerto Maldonado e Rio Branco, que será via terrestre, os demais serão por via aérea.
MDIC – 25.03.2010
A negociação Mercosul-EU
Mercosul e União Europeia (UE) repõem na pauta um acordo de livre comércio, retomando um esforço abandonado quase totalmente há seis anos. Os dois lados têm apenas sondado, de vez em quando, a possibilidade de reiniciar as conversações congeladas em 2004. A conclusão de um acordo comercial é hoje mais importante do que naquela época, especialmente para o bloco sul-americano.
A negociação global de comércio, a Rodada Doha, continua empacada e só com muito otimismo se pode pensar numa conclusão neste ano ou no próximo. O principal obstáculo, hoje, é a resistência do governo dos Estados Unidos a uma discussão ampla e equilibrada de liberalização comercial.
O governo do presidente Barack Obama tem sido marcado por uma vocação protecionista evidenciada já na campanha eleitoral. Enquanto o mundo espera da Casa Branca uma demonstração de interesse e de boa vontade, a rodada geral continua travada. Só resta buscar acordos bilaterais ou regionais para intensificação do comércio.
Para o Mercosul, um entendimento com a União Europeia poderá proporcionar o primeiro acordo de livre comércio com um grande parceiro do mundo avançado.
As negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) começaram nos anos 90 e foram liquidadas em 2003-2004. Foram enterradas principalmente graças a uma decisão desastrosa dos governos brasileiro e argentino. As conversações com os europeus, iniciadas em 1994, foram prejudicadas pelo excessivo protecionismo dos dois blocos. Os europeus insistiram em manter quase intacta sua política agrícola e brasileiros e argentinos foram incapazes de se entender na hora de oferecer acesso ao mercado de bens industriais.
Para justificar sua resistência a mudanças na política agrícola, os negociadores da União Europeia alegavam estar em curso a Rodada Doha. No acordo global, argumentavam, fariam as concessões necessárias. Mas a negociação geral empacou e hoje não há perspectiva de conclusão num prazo razoável.
Também o Mercosul contribuiu, em certo momento, para emperrar as discussões, quando o governo argentino se opôs às concessões propostas pelos brasileiros. Repetiu-se nesse momento, no essencial, o impasse verificado entre Argentina e Brasil nas conversações com o bloco europeu.
Mais de um a vez, nos anos seguintes, negociadores europeus declararam que um entendimento entre os países do Mercosul é condição indispensável para o reinício das discussões. Sem isso, argumentavam, não teria sentido prático retomar os trabalhos. Estavam certos quanto a esse ponto.
Os dois blocos decidiram melhorar suas ofertas, no esforço para desemperrar a negociação de uma vez por todas e chegar a uma conclusão até o fim do ano. O Mercosul propõe reduzir os prazos para abertura do mercado de produtos industriais. Pela nova proposta, o tempo previsto para a eliminação de tarifas sobre automóveis diminui de 18 para 15 anos, mesmo prazo indicado para o setor de autopeças. Antes, o Mercosul oferecia apenas uma margem de preferência a peças europeias.
Para a maior parte dos produtos industriais, a liberalização seria bem mais rápida, com o fim das tarifas de importação em 10 anos. Do lado europeu, passariam de 14 para 3 os produtos agrícolas com importações limitadas por cotas. Além disso, Mercosul e União Europeia eliminariam os impostos cobrados sobre vários produtos agrícolas processados.
Os dois lados ainda ensaiam os primeiros movimentos de aproximação. Se der tudo certo, a renegociação será retomada para valer a partir de maio. Será necessária maior ousadia das duas partes. Para o Mercosul, será mais um teste de coordenação política e de articulação de propósitos um desafio considerável, já que o bloco tem sido incapaz de eliminar o protecionismo até no comércio regional.
Em contrapartida, os europeus terão de exibir uma disposição bem maior de mudar sua política agrícola. Há uma ampla resistência à liberalização, especialmente na França, onde os políticos ainda cortejam os agricultores com promessas de proteção comercial e apoio financeiro. Dos dois lados será preciso vencer resistências importantes.
OESP – 25.03.2010
Euro desaba diante de incerteza da UE sobre pacote de socorro à Grécia
Moeda única tem pior cotação em dez meses com o rebaixamento da dívida de Portugal na véspera da reunião dos 27 líderes europeus
CORRESPONDENTE / PARIS
O momento deveria ser de alívio, mas é o nervosismo que reina na Europa. Na véspera da reunião de cúpula dos 27 chefes de Estado e de governo da União Europeia, cuja abertura ocorre hoje, em Bruxelas, a moeda única desabou ao seu valor mais baixo em dez meses, em relação ao dólar.
Dois fatores motivaram a desvalorização: o ceticismo do mercado com um acordo entre Alemanha e França para ajuda à Grécia e o rebaixamento da nota da dívida de Portugal pela agência de classificação de risco Fitch.
Em um dia de ansiedade, o euro foi a melhor tradução da turbulência que o velho continente atravessa. No final dos pregões, o euro fechou valendo US$ 1,3345 cotação mais baixa desde maio de 2009. Instituições financeiras como o banco francês BNP Paribas já vinham advertindo que a moeda única ainda perderia valor por causa das indefinições sobre o socorro à Grécia. Desde a última semana, a divisa adotada por 16 países perdeu dois centavos em relação à moeda americana.
A oscilação ocorreu no momento em que a União Europeia se preparava para responder a uma questão central, discutida há dois meses: se está disposta a socorrer em bloco cada país em crise de liquidez, como a enfrentada pela Grécia.
Hoje, em Bruxelas, líderes políticos dos 27 países debaterão a criação de um mecanismo automático de auxílio. "É oportuno que criemos na zona do euro um instrumento que permita uma ação coordenada e possa ser utilizado para prestar assistência à Grécia em caso de necessidade", afirmou o presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso.
Alemanha cede. Ontem, depois de semanas de posições ambíguas, o governo alemão admitiu a possibilidade de participar, com dinheiro público, de um plano de refinanciamento da dívida grega, avaliada em curto prazo entre 20 bilhões e 30 bilhões. Em 2010, a necessidade de financiamento do país mediterrâneo pode chegar a 50 bilhões.
Para suprir essa necessidade sem obrigar Atenas a buscar empréstimos no mercado financeiro a juros superiores a 6%, a alternativa defendida nos bastidores pela França era a de empréstimos bilaterais entre a Grécia e os demais membros da UE.
Sem medo de um racha interno, porém, a Alemanha, com apoio da Holanda, da Suécia e do Reino Unido, passou a pregar na última semana a intervenção pura e simples do Fundo Monetário Internacional (FMI) hipótese até então rejeitada pelos demais parceiros.
A solução deve ser um meio termo: dinheiro público europeu, mais FMI. O pacote de ajuda poderia somar entre 20 bilhões e 22 bilhões, sendo 15 bilhões do FMI, segundo informações não confirmadas.
A hipótese de participação do fundo, entretanto, segue provocando reações contrárias. Ontem, em entrevista ao jornal alemão Die Zeit, Lorenzo Smaghi, um dos diretores do Banco Central Europeu (BCE), voltou a defender a bandeira da independência em relação aos recursos externos.
"A imagem do euro seria a de uma moeda que só consegue sobreviver graças à ajuda de uma organização internacional na qual os europeus não têm a maioria e os americanos e asiáticos têm cada vez mais influência", advertiu.
OESP – 25.03.2010
Mercados mostram equilíbrio no início do encontro da UE e euro sobe
Investidor do câmbio tomou com o fato de a China ter também expressado preocupação com a dívida não só da Grécia, mas espanhola e italiana
Cynthia Decloedt, da Agência Estado
SÃO PAULO - Os mercados se equilibram no território positivo no exterior enquanto acontece o encontro de cúpula da Comissão Europeia, que reunirá governantes dos maiores países da região unificada em busca de uma saída para evitar que a crise grega abale as estruturas do euro. A moeda, por sua vez, também ensaia reação à maciça onda de vendas de ontem, após o rebaixamento do rating de Portugal, e que beneficiou fortemente o dólar. Mas os investidores do câmbio tomaram um susto logo no começo do dia, com o fato de a China ter também expressado preocupação com a dívida não só da Grécia, mas espanhola e italiana.
"Eu não acho que a Grécia vai quebrar porque ainda é relativamente pequena, mas nós não vemos uma ação decisiva que diga ao mercado 'nós podemos resolver isso, nós podemos finalizar isso', dessa forma o mercado está muito volátil", acrescentou Zhu. Segundo o vice-presidente do PBOC, "a principal preocupação hoje obviamente é a Espanha e a Itália".
Para o analista de moedas sênior do Bank of New York Mellon, em Londres, Simon Derrick, a declaração é uma boa indicação do quão rapidamente as preocupações crescem em relação a zona do euro. "Este comentário sinaliza o ponto em que paramos de falar sobre a crise da dívida grega e começamos a falar sobre uma crise estrutural na zona do euro", observou.
Prova disso foi a queda para abaixo de US$ 1,33 do euro durante a sessão asiática, para sua menor cotação desde 7 de maio, a US$ 1,3283, após as considerações de Zhu. Com o início do encontro da cúpula da UE, próximo às 7h30 (de Brasília), o euro, já operando acima de US$ 1,33, avançou um pouco na esperança de qualquer sinal positivo para a Grécia.
Mas o ceticismo é grande. "Mesmo que se chegue a um plano, o redirecionamento do foco para outras economias, como Portugal, sugere que terá chegado tarde demais para proteger o euro de mais uma queda", disse Stuard Bennet, estrategista sênior de moeda do Credit Agricole, em Londres.
A Alemanha reforçou que sua proposta é de um resgate para a Grécia com participação do FMI e dos países da zona do euro. O jornal El País publicou que a Espanha compromete-se a contribuir com 9% em um possível pacote para a Grécia e o primeiro-ministro sueco disse, já com a reunião na Europa em andamento, ser favorável a uma linha de ajuda bilateral da zona do euro.
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, tentou reverter o pessimismo, prometendo aceitar bônus com rating BBB- como colateral de empréstimos em 2011, o que beneficia a Grécia e potencialmente outros países que possam ter seus ratings reduzidos por crise fiscal.
Fora da Europa, chamou a atenção o novo aporte de US$ 9,5 bilhões dado pelo governo de Dubai ao conglomerado Dubai Word para reestruturar a sua dívida.
E nos EUA, a preocupação com a dívida soberana fica exposta pelo acompanhamento prometido ao leilão de US$ 32 bilhões em novos bônus de sete anos do Tesouro, após ter pago ontem mais do que se esperava para atrair demanda ao leilão de US$ 42 bilhões em notes de cinco anos. O juro dos Treasuries disparou depois do leilão de ontem e nesta manhã ainda sustentava patamares atravessados no dia anterior. O juro do note de dois anos seguia acima de 1%.
Às 8h50 (de Brasília), Londres subia 0,50%, Frankfurt avançava 0,77% e Paris operava em alta de 0,75%. O euro era cotado em US$ 1,3358, de US$ 1,3324 no fim da tarde ontem em Nova York. O dólar operava a 92,11 ienes, de 92,14 ienes ontem. Na esteira do abrandamento dos ganhos do dólar, o petróleo (+0,52%) e o cobre (+0,34%) avançam. As informações são da Dow Jones.
Agência Estado - 25.03.2010
Grécia é apenas ponta do iceberg, diz vice-presidente do BC chinês
Segundo Zhu Min, temor é que problema se espalhe; Espanha e Itália também preocupam
Danielle Chaves, da Agência Estado
HONG KONG - O vice-presidente do Banco do Povo da China (PBOC, banco central do país), Zhu Min, expressou preocupação com a crise fiscal da zona do euro, criticando a moeda europeia por temor de que o problema possa se espalhar para além da Grécia. "A Grécia é apenas um caso, é a ponta do iceberg", disse Zhu.
"Eu não acho que a Grécia vai quebrar porque ainda é relativamente pequena, mas nós não vemos uma ação decisiva que diga ao mercado 'nós podemos resolver isso, nós podemos finalizar isso', por isso o mercado está muito volátil", acrescentou Zhu. Segundo o vice-presidente do PBOC, "a principal preocupação hoje obviamente é a Espanha e a Itália".
Os comentários de Zhu, feito algumas horas antes do início da cúpula de líderes da União Europeia, em Bruxelas, derrubou o euro para uma nova mínima dos últimos 10 meses na Ásia. A moeda atingiu US$ 1,3283, sua menor cotação desde 7 de maio de 2009, dando sequência a um declínio que havia sido iniciado ontem após a Fitch Ratings rebaixar os ratings de Portugal.
A cúpula de dois dias deverá discutir se os membros da União Europeia devem ajudar a Grécia sozinhos ou forçar Atenas a pedir socorro ao Fundo Monetário Internacional (FMI). As informações são da Dow Jones.
Agência Estado - 25.03.2010