segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


Notícias

Vice-presidente do Uruguai diz que Mercosul vive pior momento


Marina Guimarães, correspondente da Agência Estado

BUENOS AIRES - O vice-presidente do Uruguai, Danilo Astori, criticou as políticas protecionistas da Argentina e do Brasil e considerou que o Mercosul "atravessa seu pior momento". Para Astori, que é ex-ministro de Economia no governo de Tabaré Vázquez, "há uma contradição flagrante entre ter uma zona de livre comércio (no bloco) e medidas que dificultam o acesso aos bens e serviços ao mercado ampliado". Em entrevista ao jornal uruguaio Últimas Notícias, Astori disse que a falta de coordenação das políticas econômicas entre os países sócios "faz com que haja países, como a Argentina, que escolhem, permanentemente, instrumentos que dificultam acesso" aos mercados.

Somado a esse problema, Astoria apontou também para as últimas medidas de controle do câmbio na Argentina, que limitam a compra de divisas, inclusive para fins de turismo. Essas normas, segundo o vice-presidente uruguaio, "tampouco ajudam, sobretudo para uma de nossas grandes atividades que é o turismo". Astori queixou-se da existência de "restrições não tarifárias de todo tipo". Também "há assimetrias de políticas e, então, penso concretamente que o Mercosul está em uma etapa extraordinariamente difícil", opinou. "Eu não gosto de fazer afirmações taxativas nunca, mas em termos relativos, talvez (o Mercosul) esteja em seu pior momento."

Astori disse que as políticas cambiais e de comércio exterior da Argentina prejudicam diretamente o Uruguai e apontou dificuldades também em relação ao Brasil. "O enfoque da política econômica argentina não é igual ao do Uruguai. É bastante diferente. Inclusive, no Brasil, podemos encontrar decisões de política econômica que também mostram diferenças importantes, embora menores que no caso argentino", comparou. "O Uruguai tem um enfoque de maior abertura de sua economia. Argentina tem um enfoque muito mais protecionista", afirmou.

Em outro entrevista, dessa vez ao jornal El País, o subsecretário de Economia do Uruguai, Luis Porto, avançou nas críticas ao Mercosul e sugeriu um acordo que estabeleça limites aos volumes de exportações de determinados segmentos do bloco regional. Segundo Porto, fixar um teto para os setores mais prejudicados pelas barreiras comerciais seria uma maneira de oferecer previsibilidade aos negócios e evitar medidas unilaterais. A medida foi proposta ao Brasil e à Argentina, mas os países não responderam, segundo o diretor de integração do Mercosul do Ministério de Relações Exteriores do Uruguai, Álvaro Ons. O assunto vai estar na agenda da cúpula do Mercosul, que será realizada no dia 20, no Uruguai.


OESP – 05.12.2011


No caso de colapso do euro, só nova moeda alemã seria valorizada

NOVA YORK - Caso o euro entre em colapso e a união monetária acabe, apenas a Alemanha teria sua nova moeda valorizada acima do atual nível do euro, de US$ 1,34, enquanto o restante delas se desvalorizaria em até 60%, disse Jens Nordvig, chefe de pesquisa em renda fixa do Nomura Securities em Nova York, nesta segunda-feira, 5. A crise da dívida de países da zona do euro, que ameaça a união monetária, terá um capítulo crucial na próxima sexta-feira, quando líderes devem fazer importantes anúncios sobre temas políticos e fiscais.

Mas os investidores estão cada vez mais nervosos com a possibilidade de que a moeda única possa se dissolver ou perder membros. O mercado começa a avaliar as moedas que poderiam substituí-lo. Isso poderia ocorrer através do retorno das 17 moedas nacionais, ou da remoção de um ou mais países do bloco.

A Alemanha tem a melhor perspectiva para um novo marco alemão, nesse cenário, pois a moeda poderia se valorizar 1,3% ante o dólar, em comparação com o atual câmbio, disse Nordvig. Mas os países mais fracos não teriam tanta sorte. "Nós estimamos o risco de depreciação na região de 60% na Grécia, cerca de 50% em Portugal e 25% a 35% para um grupo de países incluindo Irlanda, Itália, Bélgica e Espanha", escreveu Nordvig em nota a investidores.

Esses efeitos poderiam ser sentidos no médio prazo. No curto, escreveu Nordvig, as novas moedas poderiam se desvalorizar dramaticamente, enquanto o mercado se ajusta à nova realidade, como ocorreu em casos anteriores, quando países abandonaram o câmbio fixo.

"Na crise argentina, por exemplo, o peso teve uma queda dramática de 72% em termos nominais em cinco meses", lembrou ele.

Nordvig levou em conta para sua análise o risco de inflação nos países do bloco e problemas de alinhamento entre a taxa de câmbio do euro e a taxa provável das moedas.

"Nós não estamos considerando o cenário de ruptura como nosso caso central", disse Nordvig. "Mas isso se tornou um risco real ao longo dos últimos meses, e uma possibilidade para a qual os investidores deveriam agora se planejar."

A análise de Nordvig abrange apenas 11 países da zona do euro, deixando de fora Luxemburgo e os cinco últimos membros a adotarem a moeda comum.

As informações são da Dow Jones.

OESP – 05.12.2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário