segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Corrente de comércio da primeira semana de janeiro é de US$ 5,427 bilhões

A primeira semana de janeiro de 2010 fechou com saldo comercial negativo de US$ 375 milhões e média diária de menos US$ 75 milhões, conforme os dados da balança comercial brasileira divulgada hoje (11/1) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O déficit é resultante da diferença entre as exportações e importações realizadas de 1º a 10 de janeiro (cinco dias úteis), quando foram exportados US$ 2,526 bilhões (média diária de US$ 505,2 milhões) e importados US$ 2,901 bilhões (média diária de US$ 580,2 milhões).

Apesar do déficit, o saldo comercial desta primeira semana foi 197,7% maior que o registrado no mês de janeiro de 2009, que ficou deficitário em US$ 529 milhões (média diária de menos US$ 25,2 milhões). Já a corrente de comércio (soma das exportações e importações) dos cinco primeiros dias úteis de 2010 alcançou US$ 5,427 bilhões (média diária de US$ 1,085 bilhão), valor 13,4% maior que a média verificada em todo o mês de janeiro do ano passado (US$ 956,8 milhões).

Às 15h, o detalhamento das informações sobre as exportações e importações brasileiras na primeira semana de janeiro de 2010 estará disponível no site www.mdic.gov.br.

MDIC – 11.01.2010


Brasil mais agressivo na defesa comercial

SÃO PAULO - As informações sobre os conflitos entre o Brasil e outras nações concedidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) apontam que o País possui 24 denuncias a outros países. Além disso, o Brasil participa como terceira parte em 49 casos e responde a 14 solicitações mundiais. No total são 87 disputas. Segundo o relatório da OMC, o governo brasileiro responde os processos feitos pelos seguintes países: Estados Unidos (4), Canadá (1), Argentina (1), Índia (1), Sri Lanka (1), Filipinas (1), Japão (1) e União Européia (4).

Os litígios acontecem em diversas áreas como importação, por meio de medidas para conter os preços mínimos de importação e tecnologia intelectual, relacionadas a medidas de proteção de patentes. O setor mais solicitado é o automotivo, no qual existem seis processos contra o Brasil.

Com relação às denúncias feitas pelo Brasil contra outras nações, o principal país acusado é os Estados Unidos com 10 processos, seguido pelo bloco econômico da União Européia (6), pelo Canadá (3) e pela Argentina (2).

Dentre os principais setores de acusação, há destaque para metais e aços, agricultura e aviação.

Nos dois casos analisados pela OMC (denúncias e respostas), podemos encontrar medidas antidumping, medidas de rejeição de produtos, medidas que afetam a exportações, créditos à exportação e garantias de empréstimos, medidas de salvaguarda definitivas sobre as importações de certos produtos siderúrgicos, entre outras.

Considerado por muitos especialistas como um dos resultados mais significativos da Rodada Uruguai de negociações comerciais (1986-1994), o sistema de solução de controvérsias da OMC diferencia-se do mecanismo vigente no âmbito do GATT em vários aspectos. Dentre estes, talvez o mais importante seja o modo de aprovação dos relatórios dos painéis , que contêm recomendações para a solução dos contenciosos. O GATT exigia o consenso dos membros para aprovar os relatórios, o que permitia à parte derrotada bloquear a aprovação.

Já na OMC, relatórios de painéis só não serão aprovados pelo Órgão de Solução de Controvérsias (OSC), no qual todos os membros estão representados, caso ocorra o chamado "consenso negativo": todos os membros, inclusive o ganhador da disputa, decidem pela não adoção do relatório. Trata-se de hipótese, no mínimo, improvável.

À diferença do mecanismo de solução de controvérsias do GATT, o sistema da OMC é dotado de um Órgão de Apelação, uma espécie de instância revisora, com a função de verificar, a pedido de qualquer parte em disputa, os fundamentos legais do relatório do painel e as conclusões.

O objetivo do Mecanismo de Solução de Controvérsias da OMC é reforçar a observância das normas comerciais multilaterais e a adoção de práticas compatíveis com os acordos negociados.

Posto ocupado

Com o objetivo de resolver a maioria dos problemas entre o Brasil e os Estados Unidos, chegou ao Brasil o novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, o cargo estava desocupado há quatro meses, não havia embaixador dos Estados Unidos em Brasília.

Bem-humorado e em um português fluente, ele disse que é um prazer estar de volta ao Brasil, onde serviu de 1989 a 1992. Shannon afirmou que se esforçará para aprofundar as relações com o governo brasileiro e elaborar uma agenda comum Brasil-Estados Unidos para o Século 21.

"É um grande prazer estar de volta aqui no Brasil. É um país muito importante para nós. Vamos começar a trabalhar para aprofundar a parceria para o Século 21", disse o embaixador norte-americano.

Segundo informações do Itamaraty, o embaixador norte-americano foi ao Ministério das Relações Exteriores apenas apresentar cópias figuradas das suas cartas credenciais. "É uma formalidade pela qual passam os embaixadores estrangeiros quando chegam para representar seus países no Brasil", afirma o comunicado. Após este processo, as cópias das credenciais seguem 'na fila' para serem apresentadas ao Presidente da República.

Para o governo brasileiro, a escolha de seu nome para comandar a Embaixada dos Estados Unidos é motivo de comemoração, já que Shannon é um dos melhores representantes da diplomacia norte-americana.

Shannon terá ainda de enfrentar uma cooperação morna e um diálogo pouco fluído entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o americano Barack Obama.

Além disso o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, afirmou "temos de reforçar nossas ações para retomar o mercado norte-americano".

DCI – 11.01.2010


''Falta foco comercial na política externa do Brasil''

Pedro de Camargo Neto: especialista em comércio exterior
Raquel Landim

Pedro de Camargo Neto, especialista em comércio exterior, avalia que falta "foco comercial" na política externa. "A estratégia do Brasil é política e não comercial. E isso agora começa a fazer falta. Ele é mentor do painel do algodão, uma vitória do País contra os EUA. A seguir, trechos da entrevista:

Qual é o motivo do fraco desempenho dos produtos brasileiros nos Estados Unidos?

Nunca é um fator só. Tem a questão cambial, que é perda de competitividade do País como exportador em todos os mercados. O outro fator é a falta de foco comercial da política externa. O presidente Lula fez história como liderança carismática. A atuação do ministério das Relações Exteriores (Celso Amorim) também é forte em vários lugares. Mas é uma estratégia política e não comercial, e isso começa a fazer falta.

As exportações cresceram pouco para os EUA, mas muito para o resto do mundo. Por quê?

As exportações para a China avançaram porque o Brasil estava preparado para atender à demanda, e não por um acordo bilateral. Foi a existência da Vale e do setor agrícola que viabilizou o crescimento. Na Rússia, que se tornou o principal destino das exportações de carne bovina e suína, as cotas discriminam o Brasil e favorecem americanos e europeus.

Se a Alca tivesse avançado, o Brasil venderia mais para os EUA?

É difícil dizer. Se uma boa Alca tivesse andado, teríamos vendido mais. Mas nem o Brasil, nem os Estados Unidos estavam preparados para negociar a Alca. Não ponho a culpa só no Brasil. As Américas não são prioridade para os EUA. A culpa é dos dois lados.

As divergências do governo com os EUA prejudicam o comércio?

Não. O que falta na área comercial é alguém trabalhando por isso. A Apex (Agência de Promoção de Exportações) e o departamento comercial do Itamaraty não fazem negociação comercial. Eles trabalham no pós-acordo, para aumentar o mercado, e não discutem regras ou barreiras.

O governo anunciou uma ofensiva ao mercado americano. O que pode ser feito?

Negociações comerciais são de médio prazo. Dificilmente se começa e termina algo em um ano. Não acredito que vão abrir o mercado de etanol ou fazer um acordo de livre comércio. Não dá mais tempo.

No painel do algodão, o Brasil ameaça retaliar os EUA. É o melhor caminho?

A regra na OMC é essa. Os EUA, infelizmente, não têm se mexido. Os americanos precisam entender que, para ter um sistema multilateral forte, temos de seguir as regras.

OESP – 11.01.2010


China torna-se maior exportador do mundo em 2009

Agencia Estado / AP

PEQUIM - A China, que já tem o maior mercado automotivo e siderúrgico do mundo, superou a Alemanha como o país que mais exportou em 2009, em mais um sinal de seu rápido crescimento e da diminuição das diferenças entre o Ocidente e o Oriente. As exportações chinesas totalizaram mais de US$ 1,2 trilhão no ano passado, segundo a Administração Geral Alfandegária da China. O volume ficou acima dos 816 bilhões de euros (US$ 1,17 trilhão) previstos para as exportações da Alemanha.

O novo status da China é em boa parte simbólico, mas destaca sua crescente posição como uma potência industrial, um grande comprador de petróleo, minério de ferro e outras commodities e, cada vez mais, como um investidor e uma importante voz no gerenciamento da economia global.

A superação do país que era líder em exportações há anos, a Alemanha, reflete a capacidade dos ágeis e baratos produtores chineses de manter as vendas no exterior mesmo enquanto outros exportadores eram prejudicados pela queda na demanda global.

A China superou a Alemanha em 2007 como terceira maior economia do mundo e deverá deixar para trás o Japão, perdendo apenas para os EUA, já no início deste ano. O comércio externo da China ajudou Pequim a acumular a maior reserva em moeda estrangeira do mundo, de mais de US$ 2 trilhões.

A crise global acelerou o crescimento da China conforme os estímulos do governo, de 4 trilhões de yuans (US$ 586 bilhões) mantiveram a economia e o consumo em alta, enquanto os EUA e outros mercados enfrentavam dificuldades com a recessão. A economia chinesa cresceu 8,9% no terceiro trimestre de 2009 e o governo prevê uma expansão de 8,3% em todo o ano passado.

Na sexta-feira, dados divulgados por um grupo industrial mostraram que a China superou os EUA em vendas de automóveis em 2009, status que especialistas não acreditavam poder ser alcançado antes de 2020.

No entanto, as exportações por pessoa na China ainda são muito menores do que as da Alemanha, que tem uma população muito menor, de 80 milhões de habitantes. Além disso, a China vende bens de baixa tecnologia, como sapatos, brinquedos e móveis, enquanto a Alemanha exporta máquinas e outro produtos de alto valor agregado.

Com 1,3 bilhão de habitantes, a China ainda é um dos países mais pobres do mundo. Ficou na 130ª colocação entre as economias em renda per capita em 2008, segundo o Banco Mundial. O comércio externo da China terminou 2009 com uma recuperação das exportações em dezembro, em alta de 17,7%, depois de 13 meses de declínio.

Agencia Estado – 10.01.2010


China avança nos EUA e Brasil patina

Raquel Landim

A crise derrubou a demanda nos Estados Unidos e prejudicou exportadores de diversos países. Os chineses sentiram o baque, mas seguiram avançando, enquanto os brasileiros só mantiveram sua fatia no mercado americano graças às commodities. A concorrência com a China é um dos principais obstáculos para o País nos EUA.

Em setembro de 2008, quando quebrou o Lehman Brothers, as empresas chinesas respondiam por 16% das importações americanas. Em setembro do ano passado, chegaram a 18,8% - quase três pontos porcentuais a mais, revela pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A participação do Brasil no mercado americano permaneceu em 1,38% no período, porque petróleo e celulose ocuparam o espaço deixado por aviões, calçados e carros. "Quando o mercado desaqueceu, as fragilidades brasileiras apareceram", disse a consultora da CNI, Sandra Ríos.

Para a especialista, o câmbio é questão-chave para entender o avanço chinês em meio à crise. A fim de estimular as exportações, a China voltou a atrelar sua moeda ao dólar, incrementando a competitividade que já possui graças aos baixos custos tributário e de mão de obra.

O real foi uma das moedas que mais se valorizaram em relação ao dólar e as empresas brasileiras perderam contratos no exterior. A fabricante de móveis Erval perdeu seu principal cliente nos EUA e hoje exporta um volume pequeno para o país. "O problema não foi a crise, mas o câmbio. Fomos substituídos por fornecedores chineses", diz o gerente de exportação, Aquiles Cedeño.

As vendas para os Estados Unidos já vinham crescendo menos que a média das exportações brasileiras nos últimos anos. A crise foi o estopim dos problemas e pequenas e médias empresas, que tentavam explorar o mercado americano, tiveram de desistir por causa da conjuntura desfavorável.

É o caso de um grupo de fabricantes de gesso de Pernambuco, que tinha um escritório em Miami. "A crise inviabilizou o negócio. Tivemos de fechar as portas", contou o presidente da Supergesso, Josias Inojosa de Oliveira Filho. Os fabricantes de gesso pernambucanos ainda exportam para Angola e América Central.

Desde 2001, quando entrou na Organização Mundial de Comércio (OMC), a China mais que duplicou sua presença nos EUA. Em 2001, o país respondia por 8,6% das importações americanas. Hoje, tem 10 pontos porcentuais a mais. A fatia do Brasil oscilou de 1,2% em 2001 para os atuais 1,38%.

O caso mais emblemático da perda de competitividade do Brasil em relação à China e outros países asiáticos é o de calçados. Em 2002, a China vendia US$ 9 bilhões em sapatos para os americanos. Em 2008, chegou a US$ 14 bilhões. O Vietnã saiu de inexpressivos US$ 124 milhões para US$ 1,2 bilhão.

O espaço ocupado pelos asiáticos era do Brasil. Em 2002, os calçadistas brasileiros vendiam US$ 1,25 bilhão para os americanos. Em 2008, menos da metade, US$ 515 milhões. Já a Itália, apoiada em suas marcas, manteve-se entre US$ 1,1 bilhão e US$ 1,2 bilhão.

"Antes da China, o Brasil resolvia os problemas nos EUA reajustando preços. Agora não dá mais", disse o diretor da Star Export, João Carlos Hartz, trading que exporta calçados de fabricantes como Paquetá ou Schmidt Irmãos.

ABANDONO

Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, a falta de prioridade para os Estados Unidos na política externa também foi determinante na perda de espaço do Brasil. "O governo deliberadamente abandonou o mercado americano", disse.

Conforme dados fornecidos pelo Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderou 64 missões empresariais desde 2003 até julho de 2009: 18 para América do Sul e Central, 17 para a Europa, 14 para a África e 10 para a Ásia - mas nenhuma para os Estados Unidos.

O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, admitiu que o fraco desempenho das exportações no mercado americano é preocupante. "Vamos fazer um esforço para recuperar terreno, mas nunca deixamos de investir nos Estados Unidos."

O governo ainda tem poucas iniciativas concretas. As principais são negociar um acordo de facilitação de comércio e investimentos, incrementar a parceria entre o Ministério do Desenvolvimento e o Departamento de Comércio americano, e reforçar o fórum de CEOs.

OESP – 11.01.2010


Chávez cria dupla taxa cambial e reduz valor da moeda

BRASÍLIA - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou na última sexta-feira (8) a primeira desvalorização da moeda do país, o bolívar, desde 2005, além da criação de uma taxa cambial dupla. No primeiro nível, destinado aos setores básicos, um dólar corresponderá a 2,60 bolívares. No outro, para o restante da economia, o dólar será cotado em 4,30 bolívares. As informações são da BBC Brasil.

Desde 2005, quando o Chávez desvalorizou a moeda em 11%, a taxa de câmbio se mantém estável a 2,15 bolívares por dólar. Com as novas medidas, a desvalorização será de 17,3% e 100%, respectivamente, para os dois níveis.

“No marco do controle de câmbio esse primeiro nível do dólar a 2,60 será utilizado para um primeiro conjunto de setores da economia, como alimentos, saúde, maquinário e equipamentos para o desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia, bibliotecas, materiais escolares”, disse Chávez.

Os demais setores, como o automobilístico, de telecomunicações e da construção, terão o câmbio do dólar “petroleiro”, ou seja, 4,30 bolívares, anunciou Chávez. A Venezuela, quinto maior exportador de petróleo do mundo, sofre neste momento com a recessão e com uma inflação de 25%, a maior da América Latina.

De acordo com o Banco Central da Venezuela, a recessão se deveu, principalmente, à baixa do preço do petróleo e, principalmente, à queda na produção industrial, que teve retração de 8,3% devido à falta de matérias-primas e de recursos para importá-las. O país importa 90% dos alimentos que consome e, até o momento, o câmbio estável era a chave para a economia.

As medidas tomadas, segundo o governo, buscam estimular a economia produtiva e o desenvolvimento social do país. “O que queremos com essas medidas é estimular a política exportadora, para que a Venezuela seja um país que exporte e deixe de depender exclusivamente do petróleo”, afirmou Chávez, durante o anúncio, na noite de ontem, de acordo com a Agência Bolivariana de Notícias.

DCI – 10.01.2010


Exportações chinesas animam negócios e Bolsas da Ásia fecham em alta

da Reuters, em Hong Kong

As Bolsas da Ásia encerraram a segunda-feira em alta reagindo a dados que mostraram uma recuperação das exportações da China, que alimentou otimismo sobre as economias da região.

As vendas externas da China saltaram 17,7% em dezembro sobre igual mês de 2008, ante estimativa de analistas de alta de 4%. O dado interrompe uma série de 13 meses seguidos de declínios. As importações avançaram 55,9%, acima do prognóstico do mercado de 31%.

O dado, divulgado neste domingo (10), fez os investidores voltarem-se para os ativos asiáticos após os dados ruins de emprego nos Estados Unidos, na sexta-feira (8).

Chia-Liang Lian, vice-presidente sênior da Pimco, disse que os fundamentos dos países da Ásia tornam seus ativos bastante atraentes. "Vimos como a Ásia passou de forma bem-sucedida durante um ano ruim", disse Lian em entrevista à Reuters.

A Bolsa de Tóquio esteve fechada devido a um feriado. Ações relacionadas a matérias-primas foram destaque em Hong Kong, onde a Bolsa teve alta de 0,51%, indo para 22.411 pontos.

As ações da Chalco (Aluminum Corporation of China), maior empresa de alumínio do país, subiram 5%. A Bolsa de Xangai avançou 0,52%, para 3.212 pontos.

A Bolsa de Taipé (Taiwan) subiu 0,52%, para 8.323 pontos e em Cingapura a alta foi de 0,37%, para 2.933 pontos.

Já a Bolsa de Seul (Coreia do Sul) teve leve variação negativa de 0,07%, para 1.694 pontos.

Pela região, A Bolsa de Sydney (Austrália) ganhou 0,78%, indo a 4.950 pontos, máxima em 15 meses. Os dados chineses impulsionaram papeis ligados a matérias-primas, que se beneficiam da demanda daquele país.

"As pessoas estão gradualmente ficando mais confortáveis com o cenário de recuperação. Vimos dados razoavelmente bons da China e não há nenhum desastre, nenhum outro [caso como] Dubai", afirmou Greg Goodsell, estrategista de ações do RBS Australia.

Folha de São Paulo – 11.01.2010


Emergentes lideram recuperação global, diz BC Europeu

da Reuters

A economia global continua a se recuperar da pior recessão em 70 anos, com os 'dinâmicos' mercados emergentes na liderança, disseram integrantes de bancos centrais nesta segunda-feira.

O presidente do BCE (Banco Central Europeu) Jean-Claude Trichet, que presidiu os debates sobre a economia global na reunião do BIS (Banco de Compensações Internacionais), disse que a consolidação fiscal é essencial para uma recuperação sustentável e para confiança econômica.

"Há a confirmação da progressiva normalização da economia e do fato de que, a nível global, nós estamos em modo de recuperação", disse Trichet a jornalistas.

As maiores economias do mundo --a União Europeia, os Estados Unidos e o Japão-- emergiram da recessão no terceiro trimestre do ano passado.

Mas muitos membros de banco central e analistas expressaram dúvidas sobre a sustentabilidade da recuperação, e alertaram sobre as dificuldades adiante.

Trichet disse na reunião, que contou com a presença de representantes do Federal Reserve, do banco central do Japão, da Inglaterra e das economias emergentes, que os governos precisam ter responsabilidade fiscal.

"Nós tínhamos muito tempo dedicado à questão de desequilíbrios fiscais, da necessidade de ter credibilidade na volta ao normal e da forma sustentável de lidar com a posição fiscal no médio prazo", disse ele.

Isso foi importante para a confiança da economia, disse ele.

Folha de São Paulo – 11.01.2010


BCs temem nova bolha de crédito e condenam excesso de otimismo

LUCIANA COELHO
Enviada especial da Folha de S.Paulo à Basiléia

Mal passou o pior da crise e os presidentes dos principais bancos centrais já mostram preocupação com o otimismo exagerado do mercado e o risco de uma bolha de crédito, como a que causou o colapso de 2008. Outra vez, o perigo vem dos EUA. E do excesso de dólares.

Trancados na sede do BIS (Banco para Compensações Internacionais, o BC dos BCs), na Basileia, em uma maratona de reuniões no fim de semana, os banqueiros concluíram que embora a recuperação esteja correndo melhor do que o esperado, o sistema continua frágil.

"A situação em geral está melhor do que poderíamos pensar há algum tempo. Os bancos conseguem levantar capital, aumentaram a lucratividade bem como sua liquidez", ponderou Mario Draghi, do BC italiano. "Ao mesmo tempo, há uma fragilidade substancial."

Como sinais, citou a dependência das medidas de estímulo ainda em curso, cuja retirada terá de ser cautelosa, e a consequente necessidade futura de financiamento dos governos. O inchaço dos deficits orçamentários é uma preocupação crescente, sobretudo na Europa.

Mas é para os EUA que está voltada a atenção maior. A combinação de baixos juros e alta liquidez produz um dejá-vu pré-crise, em que dinheiro barato começa a alimentar um crescimento insustentável no mercado de ações e de imóveis.

Segundo outra autoridade presente, o tema foi o mais discutido ontem. E o risco mais temido é para outros países -sobretudo emergentes, que atraem dólares enquanto a economia americana rateia.

A reunião rendeu ainda desconforto a seus convidados ilustres: os diretores de alguns dos principais bancos privados (não se divulgou nomes). Uma prioridade dos BCs é criar medidas que reduzam o estrago causado pela quebra de instituições "sistemicamente importantes" -e evitar o dominó iniciado em 2008 pela quebra do banco Lehman Brothers.

O problema é que a lista dessas instituições, sobre as quais se aplicaria regras mais estritas, deveria estar pronta no fim de 2009. Até agora, segundo Draghi, não se chegou nem aos critérios para esboçá-la.

"Se estivéssemos falando só de instituições grandes, seria fácil definir, mas não é o caso." Indagado pela Folha se haverá nomes na lista -as instituições temem o estigma-, ele respondeu que sim. "Mas é cedo. O importante é definir critérios", completou, dizendo que isso é esperado para outubro.

Segundo fontes, há oposição no grupo à lista. As medidas devem ser uma versão mais rígida daquelas definidas em setembro para melhorar a regulação -exigência maior de liquidez e limite de alavancagem.

O grupo criou um cronograma de revisões dos membros para avaliar países e medidas específicas. Assim, espera-se incentivar instituições fora do grupo a aplicarem essas regras.

Folha de São Paulo – 11.01.2010


O Brasil pode parar

Sem infraestrutura adequada ao ritmo de crescimento planejado ou esperado neste e nos próximos anos, o Brasil para. Essa certeza de especialistas e autoridades já é muito bem conhecida da sociedade. Assim como as desculpas, na maioria das vezes travestidas de números floreados, mas inócuos, para explicar a ineficiência do papel do Estado como gerador das condições básicas e essenciais para o desenvolvimento econômico e social da nação. Isso também é válido para o governo Lula. A rigor, a precariedade da atual infraestrutura, resultado de décadas de descaso e de pouco investimento, tornou-se uma das maiores barreiras ao crescimento do país.

O governo Lula, nesses últimos sete anos, desenvolveu uma agressiva política para ampliar a influência do Estado na economia e em todas as esferas da sociedade.

Mas falhou muito, quando se trata de obras de infraestrutura. É o que mostra o balanço de obras do seu primeiro mandato e, também, o pífio resultado do Programa de Aceleração Econômica (PAC). Em um país que urge por infraestrutura, por exemplo, os números oficiais indicam que pouco mais de 50% da meta planejada do PAC foi alcançada, isso incluindo as inversões do setor privado, entre 2007 e 2009. Segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o Brasil precisa investir R$ 88 bilhões a cada ano para equacionar os problemas. Estima-se que o governo petista investiu no período apenas R$ 24 bilhões/ano.

Ora, não faltam indicadores para justificar esse diagnóstico da inércia do governo federal. Nos transportes, 70% da malha rodoviária estão ruins ou em péssimas condições de rodagem. Esse é um dos principais motivos das perdas na produção de grãos, que chegam a 12% da safra de arroz e a 7% da de soja. Sem falar dos números recordes de acidentes com mortes, todos os dias, originados muitas vezes por essas más condições, que causam dor e prejuízos incalculáveis a famílias e à nação.

Na área de energia, o alerta máximo soou, como foi possível ver recentemente com a queda em cascata da energia de uma das principais linhas de transmissão, a partir de Itaipu, deixando o Centro-Sul do país às escuras. Especialistas do setor e o próprio governo estimam que, para o país crescer 4,5% ao ano, será preciso adicionar desde já 4.100 megawatts de eletricidade/ano (pouco mais de um terço da capacidade de geração de Itapu). Sem isso, o risco de um novo apagão é enorme, nos próximos anos. Assim, o país fenece: é obvio que a incerteza sobre o fornecimento de uma coisa tão básica como energia diminui a competitividade e afasta novos investimentos.

No setor de saneamento, apesar de toda a propaganda oficial, o retrato é também desolador: 27% das residências brasileiras ainda não têm acesso à rede de tratamento de esgoto e 11% não têm água tratada. Isso faz com que mais de mil crianças sejam internadas, diariamente, pelo fato de viverem em péssimas condições sanitárias. Outros obstáculos à prosperidade – informalidade, deficiências macroeconômicas, falta de segurança pública e insegurança jurídica – estão longe de serem superados.

Apesar de tudo isso, os números oficiais são esplêndidos. O governo anunciou que pretende investir até o fim deste ano, com recursos do PAC, R$ 646 bilhões em obras de infraestrutura. Outros R$ 502 bilhões foram acrescentados no orçamento do programa para os próximos anos, totalizando assim a astronômica soma de R$ 1,15 trilhão para investimentos em infraestrutura. Mesmo que metas ousadas como essas sejam cumpridas, o que é muito questionável pelo histórico oficial, a realidade já mostrou que não basta. O fundamental é que o governo precisa entender que é impossível resolver os graves problemas de infraestrutura do país sem investimentos do setor privado.

A verdade é que o estatismo de Lula, que deve se exacerbar no discurso da candidata Dilma Roussef, como ela já sinalizou, parece ter turvado a ação concreta do governo nesta área fundamental. Estão aí os resultados.

A fervilhante movimentação de pessoas pelo país, nas festas deste fim de ano, é de certa forma um prenúncio da situação interna num breve futuro se a infraestrutura não mudar: estradas à beira do colapso; aeroportos superlotados; quedas de energia pelo país afora; montanhas de lixo espalhadas pelas calçadas; proliferação de esgotos a céu aberto; falta de água; rios litorâneos e a orla marítima expostos a elevados índices de poluição. Só para citar alguns exemplos. Com tudo isso, perde o país. Mas quem mais perde é a população, que deixa de desfrutar do bem-estar social.

O sucesso do esforço de crescimento de, pelo menos, duas décadas está em jogo. Tudo vai depender da infra-estrutura que estará a dispor do país, neste e nos próximos anos, capaz de suportar crescimentos da ordem de 5% ao ano.

Gazeta do Povo – 11.01.2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário