quinta-feira, 21 de janeiro de 2010


São Paulo cede, e Confaz dá "anistia" para guerra fiscal

LEILA COIMBRA
da Folha de S. Paulo, em Brasília

Os secretários de Fazenda das 27 unidades da federação selaram acordo de "anistia" fiscal de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aos Estados de Rondônia, Pará e Paraná.

Com o pacto, os três Estados ganharam do Confaz (Conselho Nacional de Políticas Fazendárias) uma autorização para não cobrar, de centenas de empresas privadas, benefícios fiscais concedidos no passado e julgados ilegais pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Com a vitória, os três Estados retiraram sua obstrução e permitiram o destravamento da pauta da reunião do Confaz ontem, em Brasília, garantindo a prorrogação, até dezembro de 2012, de 151 convênios com benefícios fiscais essenciais para vários setores da economia.

Geralmente esses convênios são aprovados de forma pacífica e nunca tiveram sua renovação discutida, dado o consenso em torno de seus objetivos.

No entanto, na penúltima reunião do Confaz, realizada em dezembro, os secretários da Fazenda de Rondônia, Pará e Paraná obstruíram a renovação desses acordos, em represália ao governo de São Paulo, que vinha resistindo ao pedido de anistia dos três Estados.

O cancelamento desses convênios afetaria o comércio interestadual de vários produtos como materiais de construção, máquinas e insumos agrícolas, peças de aeronaves e medicamentos, entre outros. Os acordos perderiam a validade a partir de 1º de fevereiro caso os três Estados não retirassem a obstrução.

Supremo

Há dois anos, o governo paulista conseguiu anular no Supremo Tribunal Federal (STF) uma série de incentivos fiscais dados pelos três Estados sem a aprovação do Confaz.

Diante daquela decisão, Rondônia, Pará e Paraná vinham pedindo, sem sucesso, uma anistia que lhes permitisse deixar de cobrar, de empresas privadas, os tributos retroativos. Em Rondônia, o fim dos benefícios teria impacto direto em 179 empresas que se instalaram no Estado nos últimos anos, gerando mais de 17 mil empregos e investimentos acima de R$ 1 bilhão, segundo informação disponível no site do governo do Estado.

"As empresas fechariam as portas e nós ficaríamos com os desempregados na mão", disse o secretário da Fazenda de Rondônia, José Genaro de Andrade. Ele afirmou que hoje existem 44 leis de benefícios fiscais em julgamento no STF, de todos os Estados da federação, com exceção de Roraima.

"São Paulo também é cheio de pecados. No fim do ano passado, o governo paulista editou uma série de medidas de isenção fiscal sem aprovação do Confaz. Por que esse tratamento desigual?", questionou. Uma das empresas que receberam benefícios fiscais de Rondônia é a importadora de carros investigada pela PF num inquérito que levou, em 2008, à prisão do filho do governador do Estado, Ivo Cassol.

Ao chegar à reunião do Confaz, o secretário da Fazenda de São Paulo, Mauro Ricardo Costa, disse que os incentivos dados às margens do conselho não devem ser considerados legais. No fim do encontro, após ceder para permitir que os convênios fossem prorrogados, afirmou que o pacto "foi benéfico porque resolveu o passado, o presente e o futuro".

Um secretário presente à reunião e que preferiu não ser identificado disse que, apesar do lado benéfico da renovação, o resultado da reunião legitima de forma velada a guerra fiscal, já que estimula a instalação de condições desiguais de competição entre os Estados.

Folha de São Paulo – 21.01.2010

Queda nas exportações afeta mercado em São Paulo

192 vagas formais eliminadas no País, 191.186 eram ocupadas por trabalhadores paulistas, o que representa algo em torno de 46% do total.

"O volume de demissões surpreendeu", disse o secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos. "São Paulo concentra 30% do emprego do País e, portanto, os números estão mais do que desproporcionais".

Segundo ele, São Paulo teve uma perda relativa de emprego maior que os demais Estados porque concentra boa parte da indústria exportadora. O setor ainda se ressente dos efeitos da crise financeira que provocou retração dos mercados globais. "Além disso, nossa política cambial é desfavorável às exportações e favorece incrivelmente as importações, o que gera empregos na China e demissões aqui no Brasil."

Não por acaso a indústria de transformação foi a que mais demitiu no Estado em dezembro, com o fechamento de 80 mil vagas. A segunda maior perda de postos de trabalho (57,8 mil) foi no setor de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

OESP – 21.01.2010

Governo estuda medidas para desonerar exportações

AE - Agencia Estado

BRASÍLIA - O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, vai apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de fevereiro, um plano para impulsionar as exportações, após queda histórica no ano passado. Técnicos da pasta querem aproveitar a preocupação externada por Lula em relação ao desempenho comercial do País para convencer a equipe do Ministério da Fazenda a adotar novas medidas de desoneração para exportadores. O pedido de Lula para elaboração do plano foi feito no fim de dezembro. A retração no fluxo mundial de comércio em 2009 fez com que a exportação brasileira recuasse 21,8% ante 2008, a maior queda em 60 anos. Ainda assim, o saldo comercial foi superavitário em US$ 25,3 bilhões.

A forte retração reforçou argumentos da equipe de Miguel Jorge em prol de maior agilidade na elaboração de medidas que deem mais fôlego aos exportadores para recuperar ao longo do ano parte dos mercados perdidos no ano passado. Estimativas para o desempenho da balança em 2010 apontam para retração no saldo comercial. Para o ministro, o superávit deve ficar entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões. Analistas e empresas consultadas pelo Banco Central apostam num superávit de US$ 10,75 bilhões.

Ontem, Miguel Jorge evitou detalhar o plano em gestação. Disse que a ideia é incluir desonerações para produtos exportados e medidas para "facilitar o fluxo de comércio". Um dos temas a serem tratados é o acúmulo de créditos tributários das empresas exportadoras com a Receita Federal. O Desenvolvimento quer que a Fazenda adote mecanismos para uma devolução rápida dos recursos, que hoje chegar a demorar até seis anos. Os técnicos querem medidas que minimizem a geração desses créditos, o que depende de maior desoneração dos exportadores e da ampliação de mecanismos como o drawback (sistema pelo qual a mercadoria importada para a fabricação de produtos para exportação tem isenção de alguns tributos). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

OESP – 21.01.2010

Câmbio ditará ritmo do crédito à exportação

SÃO PAULO - Para as linhas de importação e exportação, que registraram queda no ano passado, 2010 promete uma maior intensidade no comércio internacional, que deve beneficiar tanto linhas como o Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) e Adiantamento de Contrato de Exportação (ACE), como o financiamento de importações. O ritmo, porém, será ditado pelo câmbio. Nesse cenário, o Banco do Brasil soube aproveitar a situação para ganhar praticamente 10 pontos percentuais de participação de mercado em ACC e ACE, passando de uma média histórica entre 25% e 28% para 34,6% no ano passado.

O ganho de market share da instituição veio apesar de queda nos volumes totais concedidos nessas linhas - o que demonstra o tamanho do recuo do mercado. Em 2009 o BB concedeu R$ 11 bilhões em ACC e ACE, ante 12,9 bilhões em 2008. Em 2009, o mercado de linhas de exportação movimentou R$ 31,374 bilhões.

No entanto, a soma total do crédito para exportação da instituição teve um aumento de 2%, uma vez que o foco maior foi na linha de pré pagamento, modalidade com prazos que chegam a até 10 anos. Nessa modalidade, o BB conseguiu um crescimento superior a 500%, de R$ 500 milhões em 2008 para R$ 3,2 bilhões em 2009. Segundo a instituição, essa linha passou a ser vantajosa uma vez que o banco se encontrava líquido no exterior e o real valorizado frente ao dólar, o que permitia manter a linha barata, com os prazos longos.

Segundo dados atualizados do Banco Central, o ACC teve uma que de 7,9% em novembro de 2009, em relação a outubro, a um saldo de R$ 31,591 bilhões. Em 11 meses, essa queda chegou a 26,9%, frente a um saldo de R$ 43,245 bilhões no início de janeiro de 2009.

Os repasses externos, por sua vez, tiveram uma queda de 1,7% em novembro ante outubro, a saldo de R$ 12,844 bilhões. No ano passado, em 11 meses, a queda foi de 55%, ante estoque em carteira de R$ 28,524 no início de janeiro daquele ano.

Já os financiamentos de importações tiveram uma alta de 1,7% no mês de novembro, em relação a outubro, a saldo de R$ 12,811 bilhões. Em 11 meses, porém, a modalidade apresentou uma baixa de 32,7%, uma vez que janeiro iniciou com um estoque Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, Pedro Paulo Silveira, se permanecerem as condições estruturais de risco baixo e juros estáveis no País, a tendência é de uma melhora nas relações comerciais com outros países, beneficiando as linhas de crédito.

"A tendência é que haja aumento na corrente de comércio, aumentando tanto as importações como as exportações", diz. Ainda segundo ele, os números de 2009 foram pontuais, dada as condições de mercado.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), as importações mostram que devem continuar em reação estimuladas pelo dólar baixo, enquanto as importações ainda seguem em queda. Nas importações, a média diária até a 2ª semana de janeiro, ficou 20,4% acima da média de janeiro do ano passado, US$ 591,3 milhões contra US$ 491,0 milhões. Contra dezembro, a média foi 5,9%.

Nas exportações, comparadas as médias até a 2ª semana de janeiro deste ano com o mesmo mês de 2009, houve aumento de 6,2%, US$ 494,6 milhões contra US$ 465,8 milhões. No entanto, ante dezembro, houve uma retração de 24,8%, de US$ 657,4 milhões para US$ 494,6 milhões.

Para o professor de administração do Instituto Rio Branco, Luís Antônio Fernandes da Silva, o crédito para exportação deve demorar um pouco mais para reagir, enquanto o para importação deve continuar em alta. "É difícil ver essa reação das exportações em um cenário de curto prazo", afirma o acadêmico.

Segundo ele, muito do motivo está atrelado à valorização cambial do real frente ao dólar. "Nesse patamar de US$ 1 valendo R$ 1,7 ou R$ 1,8, desestimula as exportações e facilita para o importador", explica, "e por consequência, o crédito acompanha essa tendência", completa.

Segundo o professor, as nações compradoras mais fortes não se recuperaram totalmente, como os Estados Unidos e União Europeia, o que também dificulta as vendas para o exterior. "Os Estados Unidos ainda é o carro-chefe, e vem tendo um crescimento pequeno, quase andando de lado. A não ser que a economia mundial comece a se aquecer, não vejo melhora nas vendas externas".

Para finalizar, Fernandes da Silva vê como exportadoras apenas as empresas que já possuíam um contrato de fornecimento a longo prazo, sem novos entrantes buscando esse mercado, devido às adversidades.

DCI – 21.01.2010

Novo câmbio da Venezuela deve afetar exportações do Brasil

O novo regime de câmbio na Venezuela deve ter "algum impacto negativo" sobre as exportações brasileiras àquele país, avalia o Ministério do Desenvolvimento, em estudo preliminar preparado reservadamente, ainda com muitas dúvidas em relação às mudanças cambiais no país vizinho.

O governo brasileiro teme consequências negativas para as exportações dos produtos de maior valor agregado, como automóveis, celulares, calçados e alguns produtos alimentícios.

As vendas à Venezuela já vêm caindo fortemente, inclusive para produtos alimentícios considerados essenciais, como carne bovina, carne de frango e leite e creme de leite condensado (quedas de 60%, 45% e 88%, respectivamente, em 2009, comparadas com 2008). Parte da queda se deve à política deliberada do governo de dar preferência à industrialização, no país, de alguns desses gêneros, como os bovinos vivos - que tiveram aumento nas importações, de 17,5% e são, hoje, o principal produto de importação brasileiro na Venezuela. Enquanto as compras de açúcar refinado caíram 10%, as de açúcar em bruto aumentam 81,6%.

No ano passado, as vendas totais daquele país caíram de US$ 5,2 bilhões para US$ 3,6 bilhões. As exportações brasileiras de produtos industrializados à Venezuela ainda representam 73% das vendas ao país, 66,4% das quais em manufaturados como máquinas e equipamentos, e 6,8% semimanufaturados, como óleo de soja em bruto.

Os manufaturados são os alvos principais das medidas anunciadas pelo governo venezuelano, que quer reduzir as importações naquele país.

Na semana passada, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, criou um regime de câmbio duplo e desvalorizou o bolívar, a moeda nacional, criando uma taxa maior para produtos considerados "não essenciais". Segundo estudo preliminar do Ministério do Desenvolvimento, caem nessa segunda categoria cerca de 30% a 40% das vendas do Brasil ao país.

O estudo nota que a maior parte dos produtos vendidos à Venezuela cai na categoria de bens essenciais, sujeitos ao câmbio mais favorável, de 2,60 bolívares por dólar (20,9% acima da taxa anterior, de 2,15). Mas a recessão econômica, a crise energética devido à seca e a inflação em alta no país tendem a provocar "impacto negativo" nas vendas, que já vêm caindo, avaliam os especialistas do Ministério do Desenvolvimento.

Os fatores negativos podem compensar os pontos favoráveis da mudança no câmbio, que deve garantir aumento na receita do governo, o maior comprador de produtos importados de primeira necessidade na Venezuela.

Como o governo venezuelano não definiu, ainda, quais são os produtos "essenciais" e quais são os "não essenciais", nem os desdobramentos da crise de desabastecimento que ameaça ocorrer no país, é difícil ter uma medida confiável do impacto das mudanças sobre as compras venezuelanas de mercadorias produzidas no Brasil.

Os responsáveis pela política de comércio exterior estão preocupados porque a Venezuela é, ainda, o país com que o Brasil tem seu maior superávit comercial, mesmo após a forte queda nos resultados, no ano passado. O saldo comercial, de US$ 4,6 bilhões em 2008, caiu para US$ 3 bilhões, 34% menor, mas, ainda, o resultado mais favorável ao Brasil em suas relações comerciais com outros países.

Vem caindo, também, a quantidade de empresas brasileiras que comerciam com a Venezuela. Em 2008, eram pouco mais de 3 mil e passaram a menos de 2,8 mil em 2009. O governo brasileiro tem realizado esforços com as autoridades venezuelanas para reduzir a burocracia e as retenções injustificadas de pagamentos das vendas feitas pelas empresas brasileiras, mas a morosidade da burocracia no país tem provocado queixas constantes dos empresários brasileiros. Os técnicos preveem que a complexidade do regime recém-instalado e as dificuldades do governo Chávez para controlar os preços deve motivar um aumento no número de reclamações.

Valor Econômico – 21.01.2010

ONU prevê recuperação da economia mundial em 2010, mas com risco de recaída

da Efe, em Nova York

A economia mundial se recuperará em 2010 e registrará um crescimento global em torno de 2,4%, embora persistam os riscos de uma recessão secundária, segundo um relatório divulgado hoje pelas Nações Unidas.

"O desafio imediato é o de evitar uma retirada prematura dos estímulos e a queda do dólar", diz o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (UNDESA) no documento intitulado "Situação e perspectivas econômicas globais para 2010."

Os analistas da ONU esperam que após a aguda recessão mundial sofrida em mais de dois anos, a economia global cresça em torno de 2,4% neste ano.

Eles atribuem essa recuperação "às medidas de política maciças e até certo ponto organizadas pelas principais economias" para evitar uma maior erosão da confiança e que já fizeram com que comece a recuperação da produção industrial.

"É uma recuperação importante depois da queda livre do comércio internacional, da produção industrial, dos preços de ativos e da disponibilidade de crédito mundial que ameaçavam levar à economia mundial ao abismo de uma nova Grande Depressão no início de 2009", ressaltam os analistas.

No entanto, os economistas da ONU alertam que "a recuperação é fraca" e afirmam que a demanda e os investimentos ainda são vulneráveis.

A ONU destaca que, embora a recuperação para um número crescente de economias tenha começado no segundo trimestre de 2009 e continuado nos posteriores, prevê-se para esse ano uma queda de 2,2% da produção mundial.

Para 2010, estima-se que a atividade econômica seja 7% menor do que teria sido de acordo com o ritmo de crescimento anterior à crise.

O documento destaca que as bolsas mundiais se recuperaram e reduziram as gratificações por risco nos empréstimos e também que melhorou o comércio internacional e a produção industrial mundial.

No entanto, segundo o relatório, os índices de desemprego continuarão altos e a inflação baixa e, por isso, consideram que "o desafio imediato será determinar o tempo de duração dos estímulos fiscais".

Os analistas da ONU recomendam manter os estímulos "pelo menos até que haja sinais mais claros de uma recuperação mais forte no crescimento de empregos e na demanda do setor privado."

Com relação ao mundo desenvolvido, o relatório indica que os Estados Unidos crescerão neste ano 2,1%, enquanto na União Europeia e no Japão o PIB aumentará 0,6% e 0,9%, respectivamente. Para o conjunto da zona do euro, a previsão é de 0,4%.

Os dados relativos ao crescimento da América Latina serão divulgados amanhã no México pelos analistas da ONU, mas, ao adiantar este documento em dezembro passado, previram 3,4%. No Brasil, conforme a previsão de dezembro, este indicador deve ser de 1,1%, contra 1,9% de 2009.

Para o mundo em desenvolvimento se prevê um crescimento de 5,3% em 2010, contra 1,9% de 2009. As economias de Índia e China devem ser as que mais vão progredir, com um aumento respectivo de 8,8% e de 6,5%, embora "abaixo de seu potencial."

"A esse ritmo, não se espera que as economias desenvolvidas comemorem um impulso do crescimento mundial", destacam os analistas da ONU, que esperam que muitos dos países menos desenvolvidos tenham um desempenho econômico muito mais lento que em anos anteriores.

A ONU lembra no relatório que os governos responderam com fortes medidas de estímulos fiscais em um valor de US$ 2,6 trilhões durante 2009 e 2010, o que equivale a 4% do produto mundial bruto.

As nações desenvolvidas destinaram outros US$ 20 trilhões, procedentes de seus contribuintes, para operações de resgate no setor financeiro.

Os analistas das Nações Unidas recomendam evitar riscos como o de uma retirada prematura desses estímulos para evitar uma maior precipitação do setor financeiro.
Também alertam perante a possibilidade de que os elevados déficits de alguns países, como os EUA, e suas dívidas externas ampliem os desequilíbrios macroeconômicos mundiais, o que "poderia provocar uma forte queda do dólar e uma nova onda de instabilidade financeira."

Para evitar o retorno de um padrão de crescimento mundial insustentável, os economistas sugerem que "com o tempo, o crescimento da demanda do setor privado substitua as despesas do governo para sustentar uma demanda agregada mundial."

Além disso, defendem a necessidade de mais investimentos para frear a mudança climática e reequilibrar a demanda em todos os países.

Folha de São Paulo – 20.01.2010

Economia brasileira está na melhor posição já vista, diz Meirelles

da Reuters
da Folha Online

A economia brasileira deve crescer ao menos 5% em 2010, ressaltando uma perspectiva positiva para o país, disse na quarta-feira o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

"Resumindo, depois de décadas de baixo crescimento e vulnerabilidade macroeconômica a economia do Brasil está na posição macroeconômica mais forte já vista", disse Meirelles em uma teleconferência com jornalistas estrangeiros e analistas do mercado internacional no Banco Central, em Brasília.

Meirelles disse não ver "euforia" no mercado brasileiro de câmbio, mas disse que o Banco Central continuará vigilante para evitar a formação de bolhas. "Não estamos vendo o tipo de euforia ou exuberância que vimos no passado", afirmou. "Mas o Banco Central sempre tem de estar atento, em períodos de grande liquidez [oferta de dinheiro] nos mercados internacionais, ao risco de que essa exuberância crie distorções de preços na economia."

Questionado sobre suas pretensões políticas, Meirelles se recusou a dizer se planeja concorrer a algum cargo público e deixar o banco central em algum momento neste ano. "Não planejo discutir que passos políticos eu daria ou não daria", afirmou, acrescentando que deve se decidir até o fim de março.

"Mas se eu decidir concorrer a um cargo terei de deixar o Banco Central, mas não estou concentrado nesse ponto no momento."

Folha Online – 20.01.2010

Déficit externo atinge R$ 5,9 bilhões em dezembro, o maior desde 1947

Fernando Nakagawa, Fabio Graner
BRASÍLIA

O efeito do crescimento econômico nas contas externas brasileiras já começou a ser sentido com mais intensidade. Dados do Banco Central mostram que o aumento dos ganhos das empresas estrangeiras fez o envio de lucros e dividendos atingir recorde em dezembro de 2009: US$ 5,32 bilhões, ou 21% de todas as remessas do ano. Com isso, o déficit de transações correntes - resultado das operações de comércio de bens e serviços do Brasil com o exterior - atingiu US$ 5,94 bilhões no último mês do ano, o pior resultado da série, iniciada em 1947.

Em todo o ano de 2009, as transações correntes ficaram negativas em US$ 24,34 bilhões, valor inferior aos US$ 28,19 bilhões de 2008. A queda refletiu o impacto da crise na atividade econômica, especialmente no primeiro semestre, quando o Brasil experimentou uma recessão. Os números de dezembro, no entanto, deixam claro que a tendência é de rápido e substancial aumento do déficit externo do País.

Ontem, analistas foram pegos de surpresa com o saldo da remessa de lucros ao exterior em dezembro. A transferência de dólares foi 164% maior que a de novembro e 69,3% superior à cifra de dezembro de 2008, no auge da crise, quando empresas estrangeiras aumentaram fortemente as remessas para cobrir prejuízos das matrizes nos Estados Unidos e Europa.

Entre os setores que mais remeteram lucros, as montadoras lideraram com folga e responderam por 15,1% das transferências, seguidas por metalúrgicas (9,3%) e bancos (8,8%).

Vale lembrar que o setor financeiro foi a raiz da crise iniciada em 2008. E a indústria automobilística foi um dos ramos econômicos que mais sofreram no início da crise, mas também teve maior apoio do governo, com cortes de impostos que alavancaram as vendas internas.

A economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli, diz que a remessa de lucros será o item principal no rumo das contas externas em 2010. Para a economista, é "bem provável" que o ano tenha mais de US$ 35 bilhões em transferência de lucros, novo recorde.

Mesmo com a perspectiva de remessas recordes, menor saldo comercial e aumento das viagens internacionais e aluguel de equipamentos no exterior, o chefe do Departamento Econômico, Altamir Lopes, disse que "não há razão para preocupação" com a trajetória das contas externas. No ano passado, a conta corrente teve déficit de US$ 24,33 bilhões e entraram US$ 25,94 bilhões em investimentos. Para 2010, o BC espera saldo corrente negativo de US$ 40 bilhões, 64% mais que no ano anterior, e ingresso de US$ 45 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IED).

O mercado financeiro, porém, é menos otimista: prevê déficit de US$ 45,5 bilhões e IED de US$ 37 bilhões. Faltariam assim US$ 8,5 bilhões para fechar a conta. "Será preciso usar parte do dinheiro que entrar para aplicações financeiras, da chamada conta capital, para fechar os números'', diz Maristela.

OESP – 21.01.2010

PIB dos principais emergentes vai superar o dos países ricos em 2020, diz pesquisa

da France Presse, em Londres

O PIB (Produto Interno Bruto) combinado dos sete maiores países emergentes vai superar em 2020 o do G7 (integrado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), grupo dos países mais ricos, impulsionado principalmente pela expansão da China, que tirará o lugar dos Estados Unidos como primeira economia mundial. A previsão consta de pesquisa feita pela consultoria PricewaterhouseCoopers, divulgada nesta quinta-feira.

"O motor do fortalecimento do E7 [grupo dos principais emergentes, formado por China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia] é o rápido crescimento da China. Apesar de esperarmos que esse crescimento se desacelere progressivamente nos próximos 20 anos, a China provavelmente vai superar os Estados Unidos e ocupar o lugar de primeira economia mundial por volta de 2020", diz o estudo da Price.

O peso relativo do E7 na economia mundial provavelmente deve superar também em 2020 o do G7.

A Proce destaca que, em 2000, o PIB do G7 era o dobro do PIB do E7. Durante a última década, no entanto, os emergentes se aproximaram dos desenvolvidos e o processo se acelerou com a crise econômica.

A distância entre o G7 e o E7 vai diminuir para 35% neste ano e desaparecerá totalmente no final da década, segundo os cálculos da consultora.

A tendência continuará durante a década seguinte, e se espera que, em 2030, a classificação das dez maiores economias mundiais eja ocupada na seguinte ordem: China, Estados Unidos, Índia, Japão, Brasil, Rússia, Alemanha, México, França e Reino Unido.

Folha de São Paulo – 21.01.2010

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