quarta-feira, 23 de junho de 2010


NOTÍCIAS


Câmbio, competitividade e capital humano

José Márcio Camargo - O Estado de S.Paulo

O Brasil é um país rico em recursos naturais. Por essa razão tem uma economia extremamente competitiva na produção de bens intensivos na utilização desses recursos e é um grande exportador desses bens.

O forte crescimento e a urbanização da China, um país pobre em recursos naturais, ampliaram a demanda por esses bens, com consequente aumento de seus preços. Isso fez crescer o valor e o volume das exportações brasileiras, gerou elevados superávits na balança comercial do País e tendência à valorização cambial. O aumento do fluxo de capitais internacionais para os países emergentes, em razão da expectativa de maior crescimento e de taxas de juros mais elevadas nesses países após a crise de 2008, exacerbou a tendência à valorização de suas moedas, inclusive o real.

A valorização cambial diminui os preços dos produtos importados, reduz a taxa de inflação, diminui a taxa de juros compatível com a estabilidade dos preços e, portanto, aumenta o bem-estar da sociedade. Porém, como diminui os preços dos bens importados, a valorização reduz a competitividade da indústria nacional e, no limite, pode levar ao fechamento de empresas industriais e à concentração da estrutura produtiva nos setores produtores de bens intensivos em recursos naturais, o que tornaria a economia dependente da evolução da demanda e dos preços desses bens no mercado internacional.

Diante do risco de "desindustrialização", muitos economistas defendem o controle sobre o fluxo de capitais e intervenções do Banco Central no mercado de câmbio para evitar a valorização "excessiva" da moeda. Ainda que esses instrumentos possam ser justificáveis diante da conjuntura atual, não são soluções estruturais para o problema. A questão é como aumentar a competitividade da indústria evitando que uma valorização conjuntural da moeda tenha efeitos deletérios sobre sua sustentabilidade.

O Brasil nunca teve uma indústria fortemente competitiva, exceto nos setores intensivos em recursos naturais. Nossa indústria depende de elevados níveis de proteção tarifária e não-tarifária e de fortes subsídios governamentais. O elevado grau de proteção reduz os incentivos a investimentos em ganhos de produtividade e na melhoria da qualidade dos produtos, o que diminui a competitividade do setor industrial. Reduzir a proteção à concorrência externa é um fator importante para mudar esses incentivos e aumentar a competitividade da indústria.

Mas um dos fatores mais importantes que determina a baixa competitividade da indústria brasileira é o fato de que o País tem uma combinação de pouco investimento em capital humano (educação, qualificação e saúde) e condições de trabalho e salários relativamente elevados, principalmente se comparados à maioria de nossos competidores asiáticos. Uma solução é adaptar as condições de trabalho no Brasil ao padrão asiático. A alternativa é aumentar a produtividade do trabalho, por meio de investimentos em educação e qualificação, tornando o estoque de capital humano do trabalhador brasileiro compatível com os custos do trabalho no País.

É impossível ter uma indústria competitiva sem força de trabalho educada e qualificada. Nenhum país conseguiu essa façanha. Ter uma indústria competitiva num país em que mais de 20% da força de trabalho é analfabeta funcional não é uma tarefa fácil. Da mesma forma que somente a abundância de recursos naturais torna a economia competitiva na produção de bens intensivos na utilização desses recursos, somente a abundância de capital humano fará a economia estruturalmente competitiva na produção de bens intensivos na utilização de capital humano. Esta é uma vantagem comparativa que é construída pelo país. Sem isso, nossa indústria estará sempre dependente de elevados níveis de proteção comercial e de políticas conjunturais que, além de não resolverem o problema, aumentam os preços e reduzem a qualidade dos bens industriais, diminuindo o bem-estar da grande maioria da população.

PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA PUC/RIO E ECONOMISTA DA OPUS GESTÃO DE RECURSOS

OESP – 23.06.2010

Brasil é próxima potência mundial, afirma bilionário americano

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

O bilionário americano Sam Zell, 68, está no Brasil, hoje e amanhã, para expandir os investimentos do grupo Equity International no país que considera a próxima "potência mundial".

"O quanto vamos investir depende das oportunidades. Até hoje, nenhuma foi maior do que o nosso apetite por capital", afirmou Zell à Folha, por telefone, de Chicago.

O grupo de private equity já tem participações em cinco empresas brasileiras, entre elas a Gafisa e a BR Malls, que tem atualmente 35 shoppings em seu portfólio.

Entusiasta do Brasil, Zell atribui ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o reconhecimento do país como "uma das oportunidades mais atraentes do mundo".

O empresário americano minimiza o risco de superaquecimento da economia brasileira. "O país vai muito bem. Prefiro investir em um país quente demais a investir em um país frio", diz.

"Começamos a estudar o Brasil há quase 12 anos. Desde então, houve o reconhecimento [no exterior] da estabilidade fiscal do país", elogia.

"O Brasil elevou as taxas de juros antes de outros países, evitando a hiperinflação que o infestou no passado."

Para o americano, "o Brasil sempre foi reconhecido como tendo enormes recursos e oportunidades, mas, no passado, não soube tirar vantagem disso".

"Nos últimos oito, nove anos, tem havido um novo nível de disciplina, fazendo dele uma das oportunidades mais atraentes no mundo. O presidente Lula focou no crescimento enquanto manteve a disciplina fiscal, para evitar a hiperinflação."

Zell diz achar que, hoje, ""há menos obstáculos para investir no país". "O Brasil está se transformando de um país em desenvolvimento em um país desenvolvido."

A eleição tampouco o preocupa-os dois principais candidatos à Presidência, diz, manterão a política econômica atual.

Ele dá dois conselhos para que o país continue no caminho para se tornar uma potência com liderança mundial: "Manter a disciplina fiscal e continuar a desenvolver os seus recursos e a construir infraestrutura, facilitando os investimentos".

Apesar de o principal foco da sua empresa ser no setor imobiliário, Zell afirma não descartar nenhuma área. Mas, ao final da entrevista, o empresário responde com um rápido ""não" quando questionado se investiria na mídia brasileira.

Uma das grandes polêmicas que assombram sua carreira é a aquisição da Tribune Company, em 2007. No ano seguinte, o grupo, que publica o "Los Angeles Times" e o "Chicago Tribune", entre outros veículos, pediu falência.

Com o processo ainda em andamento, Zell recusa-se a comentar o assunto. Questionado se se arrepende de ter investido em mídia nos EUA, diz apenas: "Não tenho arrependimento nenhum".

Folha de São Paulo – 23.06.2010

De cada R$ 100 de multas aplicadas pelo governo, só R$ 3,70 vão para o caixa da União

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Entre 2005 e 2009, 16 órgãos públicos federais com funções de fiscalização aplicaram 518,7 mil multas, que renderiam aos cofres da União cerca de R$ 25 bilhões. Mas apenas R$ 900 milhões foram efetivamente recolhidos. Os dados constam do relatório de análise das contas do Governo Federal no exercício de 2009, feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e entregue hoje ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

O ministro relator, Raimundo Carreiro, ressaltou que o valor recolhido representa apenas 3,7% das multas aplicadas. “Isso significa que, de cada R$ 100,00 de multas aplicadas, apenas R$ 3,70 são arrecadados”, exemplificou. Dos 16 órgãos analisados, 13 arrecadaram menos de 50% do valor das multas aplicadas e oito obtiveram percentual inferior a 20%. Carreiro citou, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão que apresenta o valor mais elevado de multas aplicadas ao longo de cinco anos: R$ 14,68 bilhões. No entanto, neste período, menos de 1% deste valor entrou para o caixa da União.

O tribunal também detectou o aumento do número de organizações não governamentais (ONGs) que deixam de prestar contas ao governo federal, nos prazos previstos, do dinheiro público recebido em função de convênios e contratos de prestação de serviços. Em 2006, enquadraram-se neste caso 5.546 prestações de contas, somando R$ 2,8 bilhões. Já em 2009, o número passou para 6.132, que significa que o uso de R$ 4,5 bilhões em recursos públicos não foi devidamente esclarecido pelas ONGs no prazo legal.

Outro ponto analisado pelo TCU foram as despesas orçamentárias. O relatório constatou um aumento de recursos do orçamento fiscal e da seguridade social após a implantação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007. Em 2009, os investimentos do PAC foram responsáveis por 38% do total alocado em investimentos.

Edição: Vinicius Doria

Agência Brasil – 22.06.2010

China puxa taxa do yuan para baixo, mas moeda oscila pouco no mercado

Com a demanda de exportadores chineses, yuan se valoriza modestamente e o dólar termina o dia em leve baixa

Cynthia Decloedt, da Agência Estado

PEQUIM - O Banco do Povo da China puxou a taxa oficial do yuan para baixo em relação ao dólar nesta quarta-feira, ao fixar a paridade central do dólar em relação ao yuan em um nível levemente superior ao de terça-feira. O movimento foi seguido no mercado de balcão chinês, onde o dólar operou muito próximo da taxa de paridade central contra o yuan, mas com a demanda de exportadores chineses o yuan se valorizou modestamente e o dólar terminou o dia em leve baixa em relação à cotação do fechamento do mercado de balcão ontem.

Participantes destacaram que a ausência de uma demanda forte por yuans dos grandes bancos estatais, por meio dos quais o banco central normalmente sinaliza sua preferência para a direção do mercado, limitou avanço maior da moeda chinesa.

A volatilidade também diminuiu nesta quarta-feira. O dólar operou em margem estreita contra o yuan, próximo da paridade central fixada pelo BC, a 6,8102 yuans por dólar, no terceiro pregão após a instituição anunciar intenção de flexibilizar o câmbio. Ontem, o BC havia fixado a paridade central a 6,7980 yuans por dólar, recorde de baixa. Na segunda-feira, primeiro dia de operação da moeda após o anúncio da flexibilização, o BC manteve a taxa de paridade central no mesmo nível da sexta-feira, a 6,8275 yuans.

Traders disseram estar claro que o banco central quer mostrar que o yuan pode se mover para cima e para baixo, ao mesmo tempo em que trabalha para deter os especuladores. "Acredito que o banco central quer aumentar a flexibilidade dos movimentos do yuan sem dar uma indicação de direção", afirmou um trader em Xangai.

No mercado de balcão, o dólar estava a 6,8124 yuans próximo às 6h30 (de Brasília), abaixo do fechamento a 6,8135 yuans ontem. O dólar oscilou entre 6,8070 yuans e 6,8208 yuans. As informações são da Dow Jones.

Agência Estado – 23.06.2010

Indústria da China superará a dos EUA em 2011, diz jornal

DA EFE, EM PEQUIM

A produção industrial da China superará a americana no início do próximo ano, e então o país fornecerá um quinto dos bens consumidos no mundo todo, destacou nesta quarta-feira o jornal "Global Times".

A China esteve a ponto de superar os EUA nesta corrida para liderar a produção mundial em 2009, quando o setor de manufatura do gigante asiático, terceira economia mundial, alcançou US$ 1,6 trilhões e a do país americano (primeira) US$ 1,72 trilhões.

Segundo um estudo da empresa de consultoria IHS Global Insight, com sede nos EUA e que fez a previsão que a China liderará a indústria mundial em 2011, o setor chinês de produção cresceu 14% em termos reais ajustados à inflação entre 2007 e 2009, enquanto o americano registrou uma queda de 8,2%.

Em 2007, a IHS havia dito que China arrebataria o posto de maior fabricante mundial dos EUA em 2009, mas a crise financeira reduziu a demanda de produtos chineses.

Apesar do otimismo sobre a indústria chinesa que se depreende deste relatório, é preciso levar em conta as atuais mudanças da "fábrica do mundo", onde uma onda de greves ameaça encarecer a mão-de-obra, cujos baixos salários eram um dos principais atrativos para empresas estrangeiras.

Muitas dessas companhias poderiam deixar de produzir no país, e os grandes beneficiados poderiam ser os países do sudeste asiático, aos quais se espera que se transfiram algumas das plantas situadas agora na China, destacam os especialistas.

Folha de São Paulo – 23.06.2010

Alemanha pode provocar colapso do euro, diz megainvestidor norte-americano

Segundo George Soros, 'a política alemã é perigosa' e 'pode destruir o projeto europeu'

Cynthia Decloedt, da Agência Estado

FRANKFURT - A Alemanha está conduzindo a zona do euro para a deflação e ameaçando o futuro do euro, disse o megainvestidor norte-americano George Soros em entrevista publicada nesta quarta-feira no jornal alemão Die Zeit. "A política alemã é perigosa para a Europa. Pode destruir o projeto europeu", disse Soros.

Segundo ele, a ênfase alemã no déficit estatal e nos níveis de dívida é equivocada e a Alemanha deveria se concentrar em estimular o crescimento ao invés de tratar os limites fiscais do Tratado de Maastricht (Tratado da União Europeia) com reverência religiosa.

"Na realidade, não há crise de moedas ou de orçamentos na Europa, como muitos pensam, mas ao invés disso, há uma crise bancária", acrescentou. "No momento, os alemães estão direcionando seus vizinhos para a deflação: há a ameaça de um longo período de estagnação e isso pode conduzir ao nacionalismo, ao descontentamento social e à xenofobia. Isso é uma ameaça à democracia", disse o investidor.

Soros é a mais recente voz vinda dos EUA a se juntar ao coro dos críticos contra a política alemã, que estaria prejudicando os esforços internacionais para recuperar a economia global da crise financeira de 2008. Em antecipação ao encontro do G-20 este fim de semana no Canadá, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, publicou carta aberta aos demais líderes, expressando preocupações de que a recuperação possa estar se enfraquecendo. A Alemanha, por sua vez, tem buscado priorizar o tema da redução dos déficits. As informações são da Dow Jones.

Agência Estado – 23.06.2010

Portões vão ser travados em julho

Samuel Rodrigues

Os portões de acesso ao Porto de Santos, conhecidos pela tradução em inglês (gates), terão o acesso travado somente daqui a um mês. Inicialmente, isso teria de ocorrer até a próxima semana, como parte das medidas definidas pelo governo brasileiro para adequar o cais santista ao ISPS Code – o código internacional de segurança portuária antiterrorista.

O adiamento foi aprovado ontem pelo Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Santos e comunicado à Codesp e ao Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) – responsável pela distribuição do trabalho avulso no complexo. A Docas pediu a dilatação do prazo para concluir o novo sistema de permissão de acesso, o que foi acatado pelos membros do conselho.

A Tribuna – 23.06.2010

Projeto visa aumentar movimentação de contêineres em portos nacionais

De A Tribuna On-line

Uma promoção do transporte marítimo entre os portos nacionais foi apresentada pela Secretaria de Portos (SEP) da Presidência da República, na última sexta-feira, no Porto de Itaqui (MA). A iniciativa, objetivo do Projeto de Incentivo à Cabotagem (PIC), já destacou o complexo maranhense entre os portos brasileiros que podem operar com um maior volume na cabotagem de contêineres.

O porto passa por readequações físicas, como dragagem, recomposição de cais e adoção de novos procedimentos de atracação visando também a criação de escalas que possam atrair o transporte de outras cargas em condições favoráveis.

De acordo com o Diretor de Planejamento da Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP), Daniel Vinent, a economia do Maranhão está em fase de crescimento, e as cargas possíveis de serem transportadas em contêineres estão começando a demandar o Porto do Itaqui.

A matriz de transporte brasileiro conta hoje com 65% de participação da modalidade rodoviário. Comparativamente ao transporte marítimo é mais caro e causa maior prejuízo ao meio ambiente, emitindo 10 vezes mais CO2 na atmosfera. Com mais de 8.500 quilômetros de costa e 32 portos públicos, o país conta apenas com 12 complexos onde ocorre a cabotagem.

Segundo o assessor da SEP, Paulo Ho, a cabotagem depende de infraestrutura portuária, tecnologia e gestão - o que levou o Governo Federal a discutir a proposta do PIC em todo o país, para transformá-lo em uma ação nacional.

O modelo que será entregue, o Sistema Colaborativo de Apoio à Cabotagem (Siscopac), é baseado na experiência de Cingapura, que todos os anos movimenta mais de 700 milhões de toneladas de carga, quase a mesma quantidade que todo o Brasil.

A Tribuna – 22.06.2010

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