quarta-feira, 9 de junho de 2010


NOTÍCIAS


MP da retaliação aos EUA é aprovada na Câmara

Senado tem de votar a medida provisória até amanhã, caso contrário ela perderá a validade e o Brasil não poderá desrespeitar direito de propriedade intelectual

Denise Madueño / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

A dois dias de perder a validade, a Medida Provisória 482, que permite a retaliação comercial do Brasil contra os Estados Unidos autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), foi aprovada ontem à noite pelo plenário da Câmara. Agora, o Senado terá de votar a MP até amanhã, caso contrário ela perderá a validade e o Brasil não poderá mais desrespeitar direito de propriedade intelectual no comércio com os EUA.

O governo, interessado em aprovar com prioridade os projetos do marco regulatório do pré-sal no Senado, vinha atrasando a votação de medidas provisórias na Câmara para evitar que trancassem a pauta do Senado. O governo fez um jogo calculado para aprovar a MP ontem na Câmara. O líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), considerou que a MP chegará ao plenário do Senado hoje e será votada após votação dos projetos do pré-sal. "O governo tem maioria no Senado e a MP será aprovada", disse Vaccarezza.

Com a preferência para os projetos do pré-sal, duas MPs deixaram de ser votadas pela Câmara e perderam validade na semana passada e outra não será votada até amanhã e também será extinta. Para aplicar as retaliações autorizadas pela OMC na quebra de propriedade intelectual, o governo precisa de uma norma jurídica. Desde a edição da MP, em 10 de fevereiro, o governo ainda não usou esse direito.

Pela MP, o governo brasileiro poderá suspender e limitar direitos de propriedade intelectual, alterar normas de proteção de direitos e bloquear temporariamente a remessa de royalties ou remuneração relativa ao exercício de direitos de propriedade intelectual. São abrangidas obras literárias, artísticas e científicas, programas de computador, marcas, desenhos industriais, patentes de invenção e de modelos de utilidade, variedade de vegetais, entre outros produtos. O governo brasileiro foi autorizado a fazer retaliação cruzada no comércio com os EUA em uma disputa na OMC envolvendo subsídios americanos ao algodão.

O governo não teve ontem o mesmo empenho para aprovar a MP de doação de alimentos para assistência humanitária internacional, que perderá validade amanhã. A MP autoriza doação de até 260 mil toneladas de feijão, milho, arroz e leite em pó para Haiti, El Salvador, territórios ocupados da Palestina, Guatemala, Bolívia, Zimbábue, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Editada em fevereiro, a MP já deve ter produzido os seus efeitos e a liderança do governo na Câmara entende que as doações já foram feitas.

PARA LEMBRAR

A disputa entre Brasil e Estados Unidos já dura quase oito anos. Em outubro de 2002, o País decidiu contestar o apoio concedido pelos americanos aos cotonicultores. Em março de 2003, iniciou um processo contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC).

A entidade máxima do comércio mundial deu razão ao Brasil. Os EUA apelaram várias vezes da decisão, arrastando o processo por anos. Mesmo perdendo em todas as instâncias, não fizeram modificações significativas em seus programas de subsídios agrícolas.

Em agosto de 2009, a OMC autorizou o Brasil a retaliar os americanos em US$ 830 milhões, elevando tarifas de importação e quebrando patentes. Depois de consultar o setor privado, o governo brasileiro divulgou uma lista de 102 produtos americanos que sofreriam a retaliação.

Os EUA pediram mais prazo para negociar e os dois países fizeram o acordo. Os americanos se comprometeram a conceder um fundo de US$ 147 milhões aos cotonicultores brasileiros e a reduzir alguns subsídios. Os dois países ainda negociam como implementar o acordo.

OESP – 09.06.2010

BC terá nova plataforma para operações de câmbio

Apresentação ao mercado será no dia 30/07 no Rio, segundo a instituição

Altamiro Silva Júnior, da Agência Estado

SÃO PAULO - O Banco Central (BC) está modernizando toda a sua área de tecnologia e processos internos. O objetivo é aumentar a rapidez das operações e reduzir o uso do papel, inclusive na comunicação com as instituições financeiras. Uma das maiores mudanças, será no mercado de moeda estrangeira. No dia 30 de julho, o BC apresenta no Rio de Janeiro a nova plataforma para as operações de câmbio, informa o chefe de departamento de Tecnologia da Informação do BC, José Antônio Eirado Neto. Outra novidade é a criação de um ambiente de troca de mensagens entre a autoridade monetária e as instituições financeiras, chamado de sistema de "mensageria". Dentro do projeto de modernização, o BC deve começar a trabalhar com redes sociais, como o Twitter.

No câmbio, a iniciativa é modernizar o chamado Sisbacen Câmbio, sistema usado por bancos e corretoras para o registro das operações com moedas estrangeiras. A intenção é simplificar e racionalizar os processos atualmente usados de forma a tornar o sistema mais simples, rápido e, como consequência, mais eficiente e com menos custos para instituições financeiras e demais usuários. Não haverá mudanças regulatórias no câmbio, destaca Eirado, mas apenas na tecnologia.

"Precisamos acompanhar a evolução tecnológica do sistema financeiro", disse Eirado. O executivo participou nesta manhã do Congresso de Tecnologia Bancária (Ciab), que deve reunir 16 mil pessoas em São Paulo até sexta-feira. São 133 empresas que expõem novidades tecnológicas no evento.

Agência Estado – 09.06.2010

Mercosul quer acordo automotivo com EU

Marina Guimarães, BUENOS AIRES e Raquel Landim / SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo

O Mercosul pretende negociar um "acordo à parte" com a União Europeia para o setor automotivo, que inclua compromissos de transferência de tecnologia e incentivo à produção local de automóveis.

As negociações entre os dois blocos para um acordo de livre comércio foram retomadas oficialmente no dia 17 de maio e a primeira reunião será realizada no fim de junho em Buenos Aires, conforme informou o subsecretário de Integração Econômica da Argentina, Eduardo Sigal.

"Decidimos ter como elemento de negociação os setores automobilístico e autopeças, mas não simplesmente entregando-os aos europeus", completou o diretor-geral de Mercosul do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, Pablo Grinspun.

Uma melhor oferta no setor automotivo é uma exigência da Europa. Ainda na fase anterior à retomada oficial das negociações, o Mercosul indicou que poderia eliminar as tarifas em 15 anos. A proposta anterior previa redução de 20% a 50% da tarifa de importação, mas sem zerar a taxa. Segundo o diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, Evandro Didonet, a proposta vai ser discutida com o setor privado, mas o objetivo do Mercosul é incentivar a produção de carros e autopeças localmente.

Ele confirmou que a negociação automotiva será "um pacote separado", mas reforçou que não será finalizada antes dos demais setores. As regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) impedem acordos setoriais com países ricos.

As montadoras são favoráveis a um acordo com a UE, porque muitas estão sediadas no Velho Continente. Segundo uma fonte do setor, no entanto, os governos brasileiro e argentino ainda não mencionaram contrapartida de investimento.

Os fabricantes de autopeças instalados no Brasil estão receosos com a retomada das negociações e enviaram uma carta ao governo. No ano passado, o Brasil teve um saldo negativo de US$ 2,26 bilhões com a Europa em autopeças, equivalente a 90% do déficit total do setor.

OESP – 09.06.2010

União Europeia e Mercosul anunciam reunião neste mês

SÃO PAULO - A primeira rodada de negociações de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), após o anúncio oficial de retomada das conversas no dia 17 de maio, será realizada no fim de junho, em Buenos Aires, segundo informou ontem o subsecretário de Integração Econômica Americana e Mercosul da Argentina, embaixador Eduardo Sigal. "Vamos discutir mecanismo de trabalho para a próxima etapa de negociação, que será muito complexa", afirmou.

Sigal destacou que, embora exista "a vontade política de iniciar o processo negociador", o acordo não será alcançado "em duas ou três reuniões ou com voluntarismo porque há sensibilidades particulares de ambos os lados". O ministro Pablo Grinspun, diretor-geral de Mercosul do Ministério de Relações Exteriores da Argentina, país que detém a presidência pro tempore do bloco regional, disse que "a única maneira de avançar em um acordo de livre-comércio é se aproximar ao que estipula a Organização Mundial de Comércio (OMC) sobre o substancial de comércio".

Mas, continuou ele, existem matizes sobre esse "substancial comércio: para a Europa corresponde 90% dos bens e, para o Mercosul, não é necessariamente 90%". Desde 2004, quando as negociações foram interrompidas, a oferta do Mercosul englobava cerca de 70% dos bens e agora já se aproxima de 90%. "Decidimos ter como elemento de negociação os setores automobilístico e de autopeças, mas não simplesmente entregando-os aos europeus."

Segundo o diplomata, o bloco sul-americano vai apresentar uma proposta de abertura do mercado que inclui esses setores, mas será "um acordo à parte", com condições que impõem aos europeus transferência de tecnologia e de plataformas de distintos modelos de veículos para o Mercosul. O negociador argentino explicou que o bloco regional vai propor a criação de um comitê para monitorar a situação. "Não seria uma negociação normal de acesso ao mercado, haveria um período de carência importante antes de começar a liberalização do comércio do setor", ressaltou.

A ideia é estabelecer uma negociação separada sobre o setor automotivo, onde o Mercosul vai pedir mecanismos de salvaguardas para que a indústria regional não seja afetada e compromissos europeus de investimentos na região, detalhou. Grinspun também destacou que a possibilidade do Mercosul incluir esses setores na negociação está sujeita à abertura da Europa à demanda do bloco regional no que diz respeito à agricultura e agroindústria.

DCI – 06.09.2010

Apreensões vão chegar a R$ 100 mi, prevê Alfândega

Diogo Caixote

A Alfândega do Porto de Santos deverá alcançar neste ano, pela primeira vez na história, a marca de R$ 100 milhões em produtos contrafeitos apreendidos. O recorde se dará principalmente com o aprimoramento dos sistemas de fiscalização em operação.

A estimativa foi feita pelo inspetor da Aduana santista, José Antônio Gaeta Mendes, ontem, ao anunciar mais uma apreensão no complexo portuário. Para ele, há grandes chances de os três dígitos serem batidos.

“Se for mantido o movimento inicial do Porto (nos primeiros meses), com as nossas ações firmes de combate e fiscalização, vamos beirar os R$ 100 milhões em mercadorias contrafeitas (pirateadas) certamente. Este ano vai ser marcado pelo rigor e pela perseguição a essas cargas”, disse o inspetor para A Tribuna.

A Tribuna – 09.06.2010

No cálculo do PIB, importações voltam a dar sinal negativo

O aumento das importações fez com que o setor externo, que tinha contribuído positivamente para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, tenha voltado a dar uma contribuição negativa no cálculo do Produto. As importações entram com sinal negativo nas contas do PIB e cresceram bem acima das exportações no início deste ano.

Segundo o IBGE, as importações de bens e serviços aumentaram 13,1% no primeiro trimestre de 2010 ante o quarto trimestre de 2009, enquanto as exportações subiram 1,7% no período.

A gerente de contas trimestrais do instituto, Rebeca Palis, explica que essa forte expansão das importações reflete o câmbio favorável, o aumento da demanda doméstica e a elevação dos investimentos, que leva à importação de máquinas e equipamentos.

Na comparação com igual trimestre do ano passado, as importações de bens e serviços aumentaram 39,5% no primeiro trimestre de 2010, enquanto as exportações registraram alta de 14,5% no período.

No fechamento do ano passado, as importações tiveram resultado acumulado de -11,4%, pior do que as exportações, que caíram 10,3%, colaborando positivamente para o desempenho da economia.

A mesma demanda doméstica aquecida que assegurou o bom desempenho das importações elevou também o PIB do comércio, que subiu 15,2% no primeiro trimestre de 2010 ante o primeiro trimestre de 2009, na maior alta para o setor da série histórica iniciada em 1995. /ALESSANDRA SARAIVA E JACQUELINE FARID

OESP – 09.06.2010

Salto de 9% do PIB no 1º trimestre se deve a decréscimo recorde em 2009

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Dilma Rousseff (PT) diz que o PIB do Brasil agora é "chinês". Segundo ela, o país "cresce a 11%. Níveis que você vê na China".

Para que isso ocorra, o Brasil teria de repetir o mesmo desempenho do primeiro trimestre (alta de 2,7% sobre o último trimestre de 2009) por mais nove meses.

Mas não faz sentido evocar a China quando a própria área econômica de seu governo retira medidas de estímulo e o BC sobe juros para impedir que a inflação volte por excesso de atividade.

Já o "salto" de 9% no PIB do primeiro trimestre de 2010 na comparação com igual período de 2009 é, de fato, o maior da série histórica do IBGE, que começou em 1996.

Mas ele só chegou a 9% porque partiu de outro recorde: queda de 2,1% do PIB no primeiro trimestre de 2009.

Pouco antes daquele tombo, o presidente Lula usou a "marolinha" para qualificar os efeitos da crise no Brasil.

Infelizmente para Lula e Dilma, o fato é que o Brasil encolheu 0,2% em 2009. Já a China de verdade cresceu 8,7%. São, portanto, mundos bastante diferentes.

Folha de São Paulo – 09.06.2010

O Brasil em ritmo chinês

A economia brasileira disparou no primeiro trimestre e cresceu 2,7%, em ritmo equivalente a 11,2% ao ano, enquanto a maior parte do mundo mal começava a sair da recessão. O governo tem excelentes motivos para celebrar esse desempenho, especialmente porque o aumento da produção e das vendas veio acompanhado de uma forte expansão do emprego. Mas a boa notícia é também um fator de preocupação. Para o Brasil, expansão chinesa resulta em aumento da inflação e em perigoso desajuste das contas externas.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, concorda com essa avaliação, mas tenta tranquilizar quem se preocupa. Segundo ele, a acomodação já começou e o crescimento acumulado no ano ficará entre 6% e 6,5%.

Os bons números divulgados ontem pelo IBGE não chegaram a surpreender. Tanto no governo quanto no setor privado já se estimava para o primeiro trimestre uma expansão na faixa de 2% a 2,5%. Mantido ao longo do ano, esse nível de atividade resultaria num crescimento pouco abaixo ou pouco acima de 10%.

Na última semana, as projeções econômicas coletadas pelo Banco Central em consultorias e instituições financeiras já eram baseadas em estimativas dessa ordem. Os cálculos indicavam para 2010 uma inflação de 5,6%, bem acima do centro da meta (4,5%), um superávit comercial de apenas US$ 15 bilhões e um déficit de US$ 48,5 bilhões na conta corrente do balanço de pagamentos. Para 2011 projeta-se um rombo de US$ 58 bilhões.

É razoável prever alguma acomodação da atividade econômica ao longo do ano e alguns sinais já são indicados pelas entidades empresariais. Mas são sinais pouco claros. Em maio, as montadoras produziram 309.629 veículos, 6,6% mais do que no mês anterior e 14,9% mais do que um ano antes. O arrefecimento observado em abril parece ter sido passageiro. Os últimos dados gerais da Confederação Nacional da Indústria (CNI) são desse mês. Em abril, segundo esse levantamento, a indústria de transformação faturou 4,9% menos que em março, descontada a inflação. As horas de trabalho na produção diminuíram 3,4%.

No entanto, o uso da capacidade instalada aumentou 0,8%, chegou a 83% e voltou ao nível anterior à crise de 2008. De janeiro a abril deste ano o faturamento real foi 12,1% maior do que o de um ano antes. Se a capacidade usada é a mesma de antes da crise, o investimento do último ano e meio foi insuficiente para um crescimento seguro.

Essa hipótese parece confirmada pelo IBGE. No primeiro trimestre, o investimento em máquinas, equipamentos e instalações aumentou 7,4% em relação aos três meses finais de 2009, um resultado notável. Mantido até o fim do ano, esse desempenho corresponderia a um crescimento de 33%. Mas a evolução acumulada em quatro trimestres, até março, ainda foi uma redução de 1,5%. A proporção entre o investimento e o Produto Interno Bruto (PIB), 18%, voltou ao nível do primeiro trimestre de 2008. Apesar da elevação, continua insuficiente para uma expansão econômica sensivelmente superior a 5% ou 6% ao ano.

O setor privado continua sendo, de longe, o responsável principal pela ampliação da capacidade produtiva. No setor público, a Petrobrás é uma exceção. O governo poderia fazer muito mais do que tem feito para ampliar e modernizar as estradas e outros componentes da infraestrutura. Mas não tem mostrado capacidade gerencial para isso nem tem oferecido ao setor privado oportunidades suficientes para participar desse esforço por meio de concessões e de parcerias.

Além do mais, a tributação continua crescendo excessivamente e dificultando a ampliação da base produtiva. Nos quatro trimestres terminados em março, o PIB a preços básicos aumentou 2,3%, enquanto a arrecadação de impostos sobre produtos aumentou 3,6%.

A arrecadação continua crescendo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já prometeu liberar os gastos federais contingenciados. Se isso ocorrer, a despesa do governo continuará alimentando a expansão da demanda interna. A acomodação da economia dependerá da alta de juros e, talvez, dos efeitos da crise europeia sobre o crédito. Não é uma perspectiva animadora.

OESP – 09.06.2010

Analistas alertam para superaquecimento

Nem a expansão do investimento (18%) seria suficiente para sustentar crescimento da economia sem uma forte pressão inflacionária

Alexandre Rodrigues / RIO - O Estado de S.Paulo

A expansão forte do investimento entre o último trimestre do ano passado e o primeiro deste ano elevou a taxa de investimento nacional a 18% do PIB, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas esse avanço não é suficiente para sustentar o crescimento da capacidade de produção das empresas e, portanto, da economia sem uma forte pressão inflacionária.

Nem as estimativas otimistas do BNDES apontavam para esse resultado, mas os técnicos do banco calculam que, para manter um ritmo de crescimento econômico anual entre 5% e 5,2%, o País precisa de uma taxa de investimento de 22% do PIB. O banco projeta para 2012 esse patamar de investimento, mas o mercado considera essa estimativa também otimista.

Entre os parceiros do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil tem a menor relação de investimento em relação ao PIB. No ano passado, marcado pela lenta recuperação da crise econômica mundial, a China registrou taxa de investimento de 43%; a Índia, 34%, e a Rússia, 20%. No Brasil, essa relação havia despencado para 16,7% do PIB.

Para Marcelo Nascimento, economista da área de pesquisa econômica do BNDES, os números do IBGE confirmam o restabelecimento das condições anteriores à crise, mas ele admite que ainda é pouco para a expansão segura da economia. O banco revisou ontem de 18,6% para 19% do PIB a sua projeção da taxa de investimento na economia em 2010, mesmo nível do pré-crise.

Taxa baixa. O economista Aurélio Bicalho, do Itaú-Unibanco, concorda que o País começa a se recuperar da grande queda na taxa de investimento ocorrida na crise mundial no final de 2008 e início de 2009. Contudo, aponta que "a taxa de investimento ainda é baixa para que a economia possa crescer a taxas superiores ao nível de 4,5% e 5%. Para ele, os sinais são de que o País está crescendo acima da capacidade de oferta.

Embora a relação investimento/PIB não seja a ideal, o economista do BNDES acredita que o crescimento econômico puxado pelo investimento e pelo setor industrial indica um cenário mais ameno do que se imagina. "A elevação do investimento está aumentando a capacidade produtiva para a frente", diz Nascimento.

Para ele, a partir dos próximos dois trimestres haverá aumento da capacidade produtiva. "Já vai aliviar a indústria e serviços para que a gente siga no passo de crescimento a taxas razoáveis. Não podemos olhar para esse trimestre e achar que é um sinônimo de tudo o que vai acontecer durante o resto do ano", alerta.

Baixa poupança. A taxa de poupança no primeiro trimestre foi de 15,8% do PIB. No primeiro trimestre de 2009 havia sido de 14,3%. Apesar da alta, ainda continua, na média de quatro trimestres, em apenas 15%. Para vários economistas, essa baixa poupança doméstica faz com que o aumento dos investimentos provoque déficit nas contas externas - ainda mais se a taxa de investimentos subir para mais de 20%, como deseja o governo. Com o crescimento econômico, as importações disparam.

Para o Nascimento, do BNDES, a taxa de investimento de 43% da economia da China é invejável e tem relação com o tipo de crescimento experimentado naquele país. Os investimentos chineses estão concentrados principalmente na construção civil e em infraestrutura, que têm reflexo de longo prazo.

Máquinas e equipamentos. Já no Brasil, a expansão do investimento é maior no componente relativo a máquinas e equipamentos, que influencia mais o curto prazo. Por isso, o BNDES acredita que metade do patamar chinês é suficiente para o Brasil.

"Nosso investimento tem uma vantagem em relação ao de outras economias. A maior participação dele, quase 56%, é de máquinas e equipamentos. É a parcela mais produtiva do investimento e que tem ligação direta com a ampliação de oferta. Esse é o componente mais eficaz na ampliação de capacidade produtiva", diz Nascimento.

Para ele, a expansão do investimento será mais lenta a partir de agora, mas deve atingir 21,5% já em 2011 e 22% em 2012.
COLABORARAM NALU FERNANDES E MARCÍLIO SOUZA

OESP – 09.06.2010

O PIB chinês e uma boa solução de Serra

Em meio à euforia sobre nosso crescimento econômico em ritmo chinês, aumentam os alertas sobre os riscos de estrangulamento - e um deles é a falta de trabalhadores qualificados. Uma pequena solução desenvolvida pelo governo de São Paulo, durante a gestão Serra, merece atenção por ser rápida e barata - aliás, deveria ser replicada em todo o país.

Uma das razões que impedem a expansão das matrículas de ensino técnico é simplesmente a falta de prédios. Solução: estão usando as salas de aulas vazias, durante a noite, das escolas estaduais e até municipais. Com isso, não apenas se economizou dinheiro e se garantiram imediatamente as matrículas, mas aproximaram os estudantes das escolas de ensino médio de uma porta de saída ao mercado de trabalho.

Uma das saídas óbvias para motivar os estudantes e incluí-los no mercado de trabalho (além de estimular o crescimento econômico) é ampliar rapidamente o ensino médio. Inclusive em cursos à distância.

A boa notícia é que os dois principais candidatos - Serra e Dilma - colocaram esse tema no topo de suas agendas eleitorais. O próprio Lula, filho do curso técnico, se orgulha de ter expandido as escolas profissionalizantes.

Folha de São Paulo – 09.06.2010

Exportações chinesas saltam 50% em maio ante 2009

DA REUTERS, EM XANGAI

As exportações da China cresceram cerca de 50% em maio sobre igual mês de 2009, disseram fontes nesta quarta-feira, um dado que superou as previsões e alimentou uma forte alta da Bolsa doméstica.

O índice acionário chinês subiu quase 3%. O aumento das exportações acalmou investidores que temiam que a fraqueza da economia global pesaria sobre a China.

A previsão era de que as exportações, cujo dado oficial será divulgado na quinta-feira, tivessem subido 32% em maio, após avanço de 30,5% em abril.

Os preços ao consumidor do país subiram 3,1% em maio sobre o ano passado, acelerando ante a alta de 2,8% em abril, disse uma autoridade sênior do governo em uma conferência interna com investidores, segundo fontes que participaram da apresentação.

A autoridade também disse que os novos empréstimos alcançaram 630 bilhões de iuans (US$ 92,2 bilhões) em maio, ante 774 bilhões de iuans em abril.

Folha de São Paulo – 09.06.2010

Merkel, Sarkozy e o euro

GILLES LAPOUGE - O Estado de S.Paulo

A chanceler alemã, Angela Merkel, não é uma pessoa divertida: fisionomia austera, uma retórica seca, ela mais intimida do que alegra. No entanto, quando está num pequeno grupo, entre amigos, dizem que é uma pândega irresistível. E que tem um número especial: gosta de imitar o francês Nicolas Sarkozy, a quem chama de "Napoleãozinho".

É que é fácil caricaturar o presidente francês. Além do que, ele exaspera a alemã. O que é um pouco injusto. Sarkozy faz tudo o que pode para cair nas graças e indulgências de Merkel. Ele lhe dá tapinha nas costas. Não adianta. Dirige a ela sorrisos, que batem contra a parede. E quanto mais ele sorri, mais a fisionomia dela se fecha como um cofre forte.

Na noite de segunda-feira, Sarkozy deveria seguir para Berlim para um jantar de trabalho com Merkel. Mas, repentinamente, ela lembrou que não poderia participar desse encontro. Foi cancelado. Merkel tinha um trabalho urgente a fazer, bem mais urgente do que encontrar o "francesinho", como costuma dizer. Ou seja, elaborar um plano econômico drástico, que permita à Alemanha economizar 86 bilhões até 2014.

O plano concebido é duro: supressão de 15.000 empregos na esfera pública. O setor militar (Bundeswehr) terá de fazer economias de pessoal e armamento (40.000 postos de trabalho). Os bancos terão de dar sua contribuição no valor de 2 bilhões a partir de 2012. Trata-se de mostrar que a rica Alemanha aperta o cinto da mesma maneira que a miserável Grécia, que a Inglaterra ou a Espanha. Rigor é hoje uma palavra europeia. Exceto na França, onde jamais é pronunciada, como se fosse um palavrão.

Percebe-se que a unidade dos países da Europa não avança a grandes passos. Não é falta de falar. Não há um político que não reclame "com unhas e dentes" uma governança europeia, ações combinadas para estabilizar a zona do euro. Até o Fundo Monetário Internacional se envolveu na história, criticando o Pacto de Estabilidade europeu que não "encorajou os Estados a fazerem reservas suficientes e reduzirem a dívida a níveis prudentes".

E a perpétua discórdia europeia, especialmente a desarmonia entre França e Alemanha, tem efeitos imediatos sobre o euro. A moeda única sofreu uma desvalorização de 16% desde janeiro.

É caso de chorar ou sorrir? Os otimistas, como os franceses, se felicitam: a baixa do euro aumenta as exportações europeias para países que não pertencem à zona do euro, Airbus, trens de grande velocidade (TGV), aviões militares, etc.

O que não é exato. Pelo contrário, as importações europeias, provenientes de países de fora da área do euro, vão encarecer.

A essas teorias tranquilizadoras, expressas um pouco desajeitadamente pelo primeiro-ministro francês François Fillon, a maior parte dos especialistas responde que, de fato, o euro estava tão sobrevalorizado a ponto de sufocar as exportações europeias.

Mas, segundo eles, o que inquieta é a queda brusca da moeda. Uma queda que estaria fugindo do controle.

TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

OESP – 09.06.2010

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