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Auditores da Receita em greve ameaçam radicalizar
mobilização
ESTELITA
HASS CARAZZAI
DE
CURITIBA
Após
duas semanas de operação-padrão, os auditores fiscais da Receita Federal, que
controlam a entrada e a saída de mercadorias do país, ameaçam
"radicalizar" o movimento a partir de agosto, caso não sejam
recebidos pelo governo federal.
A
categoria, que afirma estar sem reajuste desde 2009, reivindica 30,19% de
recomposição salarial, mas não recebeu proposta do governo.
"O
governo fechou os ouvidos. É o estilo atual, durão", afirmou o auditor
Alfonso Burg, secretário de comunicação do Sindifisco (sindicato da categoria)
em Foz do Iguaçu (PR).
No
porto seco de Foz, que é o segundo maior do país, a fila de caminhões, que vêm
e seguem ao Paraguai e à Argentina, chegou a 1.800 veículos na tarde de ontem.
O pátio tem capacidade para apenas 750 caminhões.
O
despacho de mercadorias, tanto para importação quanto para exportação, está
levando cerca de oito dias --o normal é que leve um.
Nos
portos, a espera é ainda maior: em Paranaguá (PR), por exemplo, são 30 dias
para importação e dez para exportação, sendo que o processo não costuma durar
mais do que oito dias.
"Isso
que nós não estamos radicalizando. A coisa está 'meia boca', mas está
funcionando. Se em agosto continuarmos sem proposta, vamos radicalizar",
disse Burg.
Na
semana passada, uma plenária da categoria decidiu que os auditores votarão um
indicativo de greve em agosto caso o governo não apresente proposta até o dia
31 deste mês.
A
Receita Federal não comenta o assunto. Já o Ministério do Planejamento,
responsável pela negociação com os auditores e com outras categorias de
servidores federais em greve, afirma que o governo federal está estudando as
reivindicações e deve apresentar uma proposta até 31 de julho.
O
ministério destaca que as reivindicações das categorias em greve, caso atendidas,
representariam um impacto de R$ 92,2 bilhões na folha de pagamento do governo
federal, o que seria "inviável". O prazo para o governo apresentar o
orçamento do ano que vem ao Congresso é 31 de agosto.
Além
da questão salarial, também está na pauta dos auditores a revisão do corte dos
salários nas greves de 2008 e 2003, a indenização por periculosidade e
insalubridade e a distribuição "mais justa e equânime" da tabela
salarial.
Folha de São Paulo
-04.07.2012
Importação de partes e
peças de calçados da China será sobretaxada
Brasília (4 de julho) -
Foi publicada hoje, no Diário Oficial da União (DOU), a Resolução Camex n° 42/2012
que estende a aplicação do direito antidumping às importações brasileiras de
calçados originárias da China para as partes e peças de calçados – cabedais
(parte superior) e solas, classificadas nos códigos 6406.10.00 e 6406.20.00 da
Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) – da mesma origem.
Com
a decisão, será cobrada uma sobretaxa às importações chinesas dessas partes e
peças na forma de alíquota ad valorem de 182%. A medida, destinada a combater a
circunvenção de direitos antidumping vigentes, foi aprovada na reunião do
Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio exterior (Camex)
realizada ontem.
Desde
2010, o Brasil já aplica o direito antidumping definitivo para as importações
de calçados da China, com sobretaxa de US$ 13,85 por par, conforme definido na Resolução Camex n°14/2010.
A investigação para estender o antidumping às importações de partes e peças
chinesas foi iniciada, posteriormente, em outubro de 2011, a pedido da
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Após
nove meses de trabalho, o Departamento de Defesa Comercial (Decom) da
Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC) verificou alterações nos fluxos de
importações brasileiras de partes e peças de calçados originárias da China com
o objetivo de frustrar o direito antidumping aplicado anteriormente.
Foi
constatado que houve importação dessas partes e peças para confecção de
calçados no Brasil em que essas representaram mais de 60% da matéria-prima
utilizada na fabricação dos calçados. Além disso, o valor agregado no processo
de industrialização foi inferior a 25%.
Conforme
a petição da Abicalçados, o Decom também investigou a importação brasileira de
calçados originários da Indonésia e do Vietnã produzidos com partes e peças
provenientes da China. Entretanto, não foram encontrados indícios de que esse
fluxo comercial visava frustrar a aplicação do direito antidumping existente.
Na investigação, 55 empresas desses países asiáticos responderam aos
questionários do Decom e ainda houve averiguações in loco em dez empresas
(cinco de cada país).
Essa
é a segunda medida anticircunvenção aplicada pelo Brasil. A primeira entrou em
vigor em fevereiro deste ano e estendeu a aplicação de direito antidumping às
importações de cobertores de fibras sintéticas originários do Paraguai e
Uruguai, classificados no item 6301.40.00 da NCM, conforme estabelecido pela Resolução Camex n° 12/2012.
Essa mercadoria já era sobretaxada quando originária da China, de acordo com a Resolução Camex n° 23/2010.
MDIC – 04.07.2012
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