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Porto de Paranaguá acumula fila de 126 navios
AGNALDO
BRITO
DE
SÃO PAULO
A
falta de estrutura do Porto de Paranaguá (PR), agravada por chuvas e greves,
criou uma fila de 126 navios que aguardam uma vaga no cais para descarregar.
A
previsão é que nas próximas 48 horas, apenas 21 embarcações sejam autorizados a
atracar no Porto. Neste momento, 18 embarcações estão descarregando ou
carregando no porto.
"A
situação atual de Paranaguá mostra claramente o nosso apagão portuário. As
greves dos funcionários da Anvisa e dos auditores da Receita agravam a
situação, mas não é isso que está criando essa confusão. Isso é o resultado da
política do governo federal para o setor portuário", disse Luiz Antônio Fayet,
consultor e especialista em logística portuária.
Cada
navio custa, em média, US$ 40 mil por dia. Apenas hoje em Paranaguá, o país
está pagando US$ 5 milhões para manter os 126 navios fundeados ao largo do
porto aguardando a atracação.
No
Porto de Santos, o maior complexo portuário do país, havia hoje ao meio dia 80
navios na Barra, onde as embarcações ficam paradas aguardando vaga em um dos
terminais santistas.
Neste mesmo momento,
outros 34 navios estavam ancorados no porto público e outros 10 estavam
atracados em terminais privados.
Fayet lembra que
essa situação afeta o balanço de pagamento do país. Os custos com a estadia de
navios são de milhões por dia. Só entre Paranaguá e Santos, hoje, o país vai
pagar US$ 8,3 milhões com custos de estadias.
De acordo com o
consultor, esse agravamento da situação portuária ocorre pela falta de novos
terminais nos portos brasileiros, processo que foi dificultado, diz, a partir
de decisões tomadas pelo governo.
PREOCUPAÇÃO
O governo federal
está preocupado com a situação desses portos. Agora pela manhã, o ministro da
Secretaria Especial de Portos, Leônidas Cristino, monitorava a situação.
Segundo a assessoria
do ministério, pelo menos três relatórios foram produzidos nesta manhã sobre a
situação.
A avaliação é a de
que a greve da Anvisa não estava afetando mais o fluxo de carregamento e
descarregamento nos postos.
A agência liberou
navios de Paranaguá e de Santos a operarem por meio da chamada "livre
prática". Isso tem sido possível pelo sistema de porto sem papel
implantado em 15 complexos portuários pelo país. A livre prática é uma
autorização antecipada para atracação.
O governo afirma que
as filas foram geradas por causa das chuvas, no Paraná, e também pelo acúmulo
de navios que chegaram à região nos últimos dias. A alta do dólar, ainda
segundo a Secretaria, teria retardado o fechamento dos contratos para compra de
fertilizantes. O mesmo efeito também teria afetado os contratos de exportação.
A SEP informa que os
investimentos nos portos estão sendo feitos, conforme relatório divulgado no
balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de ontem. Os portos
estão recebendo R$ 6 bilhões em investimentos.
Ainda segundo a
Secretaria, esses investimentos encerraram um período de 20 anos sem a
atualização da infraestrutura portuária.
A Secretaria não
quis falar sobre as mudanças que o governo prepara no marco regulatório. O tema
que, segundo fontes, tem atravancado o desenvolvimento de novos terminais
portuários no país ainda não tem prazo para ser definido.
Em 2011, os portos
brasileiros movimentaram 886 milhões de toneladas de carga, crescimento de 6,4%
sobre o ano anterior. A previsão é que neste ano o país eleve ainda mais o
volume de carga que passa pelos portos brasileiros.
A CNA (Confederação
Nacional da Agricultura) estima que até 2017, o Brasil movimentará mais de 1,5
bilhão de toneladas.
Folha de São Paulo – 27.07.2012
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